vou ter um processo de assédio sexual

Bom dia, boa tarde ou boa noite não é para mim. Não quero com isto dizer que sou mal educado e que não cumprimento as pessoas. Nada disso. Devo confessar que até costumo dizer as expressões que referi. Mas, em alguns ambientes e cenários próprios, com algumas condicionantes. Quando estou mais descontraído recorro ao simples e rápido “boas”, que normalmente é antecedido de um “oi.”

E uso este “oi, boas” com bastante frequência, quando passo por alguém que cumprimento em movimento. É algo que digo a homens, mulheres ou a grupos mistos. Não faço qualquer distinção de sexos. E não penso muito nisso. Quer dizer, não pensava. Porque uma coisa é dizer isto a um grupo de homens. Outra completamente diferente é dizer o mesmo a um grupo de mulheres. Ou a colegas de trabalho com quem não se fala muito mais do que os tradicionais cumprimentos.

Porém, e como me conheço bem, sei que este “oi, boas” irá continuar a sair da minha boca. Resta saber se há-de chegar o dia em que recebo um telefonema a ser chamado aos recursos humanos para tomar conhecimento de que vou ter um processo de assédio sexual colocado por uma colega que vê em mim um tarado sexual que a chama de boa sempre que nos cruzamos.

Se vier a ser processado, culpo a vírgula e o seu poder. É que, da minha boca sai um “oi - vírgula – boas.” Mas, aos ouvidos das outras pessoas pode chegar um simples e insultuoso “oi boas.” E é esta vírgula que me coloca do lado dos simpáticos apressados e me exclui do grupo dos tarados igualmente simpáticos.