Cenário: restaurante. Protagonistas: eu e uma
senhora que nunca vi na vida. Situação: estou a comer e a senhora está à espera
de mesa. Em traços gerais está tudo explicado. Estava sentado a comer. Até que
uma senhora decidiu ficar colada a mim enquanto esperava por mesa. (n.d.r.
antes da senhora já tinha acontecido o mesmo com o marido e com um dos filhos).
Sem ser algo propositado, pelo menos é nisso que acredito, a senhora
aproximou-se cada vez mais de mim.
Quando dei por mim, levei um safanão no braço.
Dado pelo rabo da senhora. Não liguei. Momentos depois, novo safanão. Aguentei
a presença incómoda do marido. Aguentei a presença incómoda do filho. Aguentei
a presença incómoda da senhora. Aguentei o primeiro safanão incómodo da senhora.
Já não aguentei o segundo.
“Peço desculpa, podia dar-me espaço enquanto como.
É que já me tocou duas vezes”, disse. Enquanto disse isto a senhora olhou para
mim com uma cara situada algures entre o espanto e a estupidez. “Não percebo
porque está a olhar assim para mim”, acrescentei. “Estou a olhar com a única
cara que tenho”, respondeu-me com um tom de voz típico em pessoas que gostam de
espectáculos em locais públicos. “Não se trata de ser a única cara que tem. Mas
olha para mim como se lhe estivesse a pedir algo fora do comum. A senhora já me
bateu no braço duas vezes”, expliquei. “E eu não me afastei? Está a ser mal-educado”,
disse-me. “Minha senhora, estamos conversados. Obrigado”, respondi antes de voltar
ao meu bacalhau assado enquanto a senhora se afastava de mim.
Nunca percebi a necessidade que algumas pessoas
têm em esperar por uma mesa em cima da mesa de outras pessoas. Não percebo como
é que esta mulher não percebeu que me estava a bater e que estava a incomodar.
Para que se possa ter uma noção visual do lugar ocupado pela mulher, esta
estava dentro dos limites da mesa. Ou seja, o seu rabo estava colado a mim.
Mas, para ela, fui mal-educado pelo simples facto de que pedi espaço para
comer.
Pedi-lhe espaço. Fui mal-educado. Para a
próxima vez aponto-lhe a faca e espero que o seu rabo toque na mesma. Ou então
assumo o papel do mítico René Artois, de ´Allo ´Allo, e exclamo: “you stupid
woman”, e assim tiro proveito da fama de mal-educado.
PS – Ao longo dos anos sempre ouvi dizer que
Gordon Kaye, o actor que dava vida a René Artois tinha morrido num acidente
trágico. Afinal, não passava de um rumor. Gordon Kaye está vivo, tem 72 anos e acho
que ainda trabalha enquanto actor. É verdade que o senhor teve um acidente
grave em 1990 quando uma árvore caiu sobre o seu carro. Mas recuperou apesar de
não se lembrar de nada do que aconteceu.
Troca a faca pelo garfo, acho que daria melhor resultado ;)
ResponderEliminarHá pessoas que não têm mesmo noção dos limites, o outro dia numa fila do Go Natural também já estava a desesperar com uma senhora claramente espaçosa ;)
Acho incrível que a pessoa não tenha a noção de que está a invadir o espaço da outra pessoa. O garfo é bem pensado ;)
Eliminar"Para a próxima vez aponto-lhe a faca e espero que o seu rabo toque na mesma" (ahahah)
ResponderEliminarPelo menos o rabo da senhora era alguma coisa de jeito? Medo. É melhor nem saber a resposta...
Infelizmente não era. Mas se fosse, tinha piada durante breves segundos. Pois continuava a ser bastante incomodativo.
EliminarÉ por essas coisas que já tenho pouca paciência para almoçar fora... (jantar fora também só em sítios tranquilos...).No outro dia fui a uma hamburgueria da moda porque era a única opção praticamente para almoçar e puseram-me numa mesa em frente a uma estranha, também a almoçar sozinha. Não foi mal educada como a tua situação, mas foi constrangedor q.b.
ResponderEliminarEu não gosto mas já me habituei a confusão nos restaurantes. A barulho e tudo mais. Isto é algo que nunca irei compreender.
EliminarUma situação completamente desnecessária se houvesse mais respeito e consciência. Mas bastante típica. Valeu para pelo menos escrever este texto divertido.
ResponderEliminarA única coisa boa foi mesmo ter dado um texto e ter feito com que recordasse o René.
EliminarÓtima atitude que tiveste!
ResponderEliminarPara a senhora fui mal-educado.
EliminarComo o entendo?
ResponderEliminarMas não devia ser permitido esperar-se por mesa junto às mesas de refeição.Não fica bem.
Normas dos restaurantes.
Imfelizmente, por cá, parece que as pessoas, principalmente mulheres, não têm a noção de espaço e pouco se incomodam com quem está tranquilo(a), mesmo nas filas para o caixa em qualquer lugar. Odeio, sentir-me tocada.
Cumprimentos.
Prefiro que me trates por tu, pode ser?
EliminarAcho que os restaurantes não precisam de dizer isso. Deveriam ser as próprias pessoas a ter essa noção. Porque as pessoas até fazem isto em restaurantes onde existe uma lista de espera em papel.
beijos
Excepto em concertos, eu lido muito mal com a invasão do meu espaço em locais públicos. Uma das coisas que me incomoda é um homem de perna aberta sentado ao meu lado no metro. E quando vão a roçar o joelhinho??? Há dias um gajinho levou uma joelhada e depois ficou a olhar para mim... Eu, com um sorriso, disse que sofria de espasmos! Ele chamou-me maluca e foi-se embora! :-)
ResponderEliminarNos transportes é demais. Mas tenho a ideia que as mulheres são mais vítimas dos toques, muitos deles intencionais.
EliminarIsso do maluca é muito bom :)
Para além da falta de civismo, também me irritam as pessoas que gostam de dar espectáculo em público. Para cúmulo ainda te acusou de seres mal-educado -.-' eu não sei se tinha a mesma paciência que tu xD
ResponderEliminarFalou alto. Chamou-me mal educado. Mas deu-me razão no momento em que foi para a porta do restaurante esperar por mesa.
EliminarSe vou a algum restaurante onde me pedem para aguardar por mesa, e vejo que não tem nenhum bar ou lounge onde os clientes possam aguardar numa zona separada das mesas, vou-me embora na hora. Isto porque não suporto quando sou eu que já estou na mesa ter de "levar" com as pessoas em cima de mim, de pé, cada vez mais impacientes, a atirarem olhares furiosos numa espécie de pressão psicológica: "o quê, já acabaste o café, estás à espera de quê para pedir a conta???".
ResponderEliminarÉ uma situação desnecessária. Só serve para aborrecer as pessoas e muitas delas demoram mais tempo de propósito quando apanham pessoas assim.
Eliminarassim no que toca a comida, não tenho experiências corpo a corpo. mas nas filas dos bancos ou caixas ATM, isso então, já são vezes de mais. parecem querer respirar o ar delas e o nosso. às vezes dá-me vontade de lhes espetar um salto (se for caso de os ter calçados) na biqueira dos sapatos...mas não sou capaz! isto da civilidade tem que se lhe diga!
ResponderEliminarÉ uma falta de respeito gigante.
EliminarCivismo ou falta dele aqui pelo burgo???? O que haveria a dizer sobre isso...é das coisas que mais me irritam e cansam...!!!!
ResponderEliminarBjs
Maria
É falta de civismo e de educação.
Eliminarbeijos
Olha por esse mesmo motivo tento evitar ao máximo locais públicos e multidões... odeio, mas odeio mesmo a falta de consciência das pessoas e os encontrões aqui e ali. Sabes o que me dá vontade pontapear tudo e todos :)... e mais não digo ahahah. Mas confesso que já passei por situações iguais e nunca tive a coragem de dizer nada especialmente pelo alarido e a falta de consciência que a outra pessoa pode ter para connosco. Na nossa inocência e sabedoria somos educados, as outras pessoas julgam que são superiores fazendo circo e humilhando-nos. Já passei por elas para saber bem do que falo, por isso hoje limito-me a afastar de problemas, ou pelo menos tento. Beijinho x
ResponderEliminarAs pessoas são mal educadas e não têm qualquer respeito pela liberdade dos outros.
Eliminarbeijos
É isso e quando a pessoa que está atras de nós na fila está tão próximo que até chateia...
ResponderEliminar:(
E quando te tocam e respiram mesmo para cima de ti?
EliminarPelo direito ao espaço vital! :)
ResponderEliminarhttp://quando-me-encontrares.blogspot.pt/2013/07/pelo-direito-ao-espaco-vital.html
Muito bom :) Gostei.
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