Há muito que andava para jantar com o
meu melhor amigo. Nuns dias dava para mim. Noutros para ele. Mas era
complicado combinar agendas, horas de trabalho e filha (no caso dele)
de modo a que se pudessem aproveitar algumas horas sem pensar em
muita coisa. Algo que há mais de dez anos fazíamos com alguma
frequência. No mínimo havia um jantar por semana, quase sempre
chinês e quase sempre regado com uma garrafa de Grandjó.
Nos últimos dias conseguimos recuperar
dois momentos desses. Num deles aproveitei para dizer algo que queria
dizer há muito tempo. “Sabes que te considero o meu melhor amigo.
Já conheci muitas pessoas mas és o único grande amigo que tenho. É
contigo que falo de tudo. É contigo que desabafo. E nada disto muda
mesmo estando mais afastado de ti”, comecei por dizer. Naquela que foi a
minha introdução para assumir que não tenho sido o amigo que ele
merece que seja.
Depois disto falei sobre tudo. Disse
que entendia ser natural o nosso afastamento. Até porque ambos demos
início a relações na mesma altura e que ainda se mantêm nos dias
que correm. Entendi o nosso afastamento como algo natural. Com a
presença de outras pessoas nas nossas vidas é natural que existam
menos momentos para nós dois. E que seja mais complicado conciliar a
agenda de quatro pessoas. Por mais que se tente. Por mais que se
queira. E foi isso que expliquei. Pedi desculpa por não ter sido um
amigo muito presente. Como ele merece que seja. Sobretudo desde o
nascimento da sua filha.
Aproveitei o diálogo para deixar bem
claro que nada mudava o facto de ser o meu melhor amigo. De ser a
pessoa em quem vou pensar para padrinho no dia em que me casar. E de
provavelmente ser a pessoa em quem vou pensar para padrinho no dia em
que for pai.
O meu amigo, pessoa que opta por não
mostrar as suas emoções, limitou-se a olhar para mim com uma cara
que vale mais do que mil palavras. A cara que diz “nunca te cobrei
nada.” A cara que diz “sinto o mesmo que tu.” E a cara que
mostra que não são necessárias justificações entre duas pessoas que são
próximas. Além disto limitou-se a falar em empatia. Que existe ou
não. E que não se força.
Aquele momento, que me fez sentir muito
melhor, reforçou ainda mais a ideia de que aquela pessoa será
sempre especial para mim. Será sempre o meu melhor amigo. Aconteça
o que acontecer. E, para mim, ser amigo passa também pela ausência.
Porque considero que a proximidade não é sinónimo de que se gosta
mais. Nem de maior interesse. Ser amigo é saber assumir os erros. Saber pedir desculpa. É
não julgar ou criticar o outro. É aceitar as pessoas como elas são. Tudo de forma natural. Sem maquilhagem.
Nem sempre os homens conseguem exprimir os sentimentos de uma forma tão simples.Gostei.
ResponderEliminarObrigado Carla :)
EliminarEsse afastamento acaba por ser normal, são outras circunstâncias, outros afazeres. Nos tempos de estudante, eu e as minhas amigas saiamos depois das aulas, todos os fins-de-semanas. Com a faculdade, outro grau de exigência e porque faziamos várias horas de caminho até lá, já só nos encontravamos aos fins-de-semana. Com o trabalho, casa própria e outros afazeres, combinamos que pelo menos uma vez por mês tinhamos que reunir. É dificil fazer esse encontro de agendas mas quando há boa vontade as amizades não se perdem.
ResponderEliminarBj*
Também acho que é natural. Depois, cada qual sabe lidar com esse afastamento. E a verdadeira amizade não depende da proximidade.
Eliminarbeijos
É mesmo isso!
ResponderEliminarBeijinho
É o que defendo :)
Eliminarbeijos
Também tenho uma amiga assim... Podem passar semanas sem falarmos uma com a outra, meses sem nos vermos, mas basta um telefonema, um tom de voz, uma palavra que (não) se diz e a outra percebe se alguma coisa está mal. Como diz o teu amigo, é mesmo sem cobranças. E sabe tão bem ter amigos destes!
ResponderEliminarA amizade é isso.
Eliminaré muito bom termos alguém com quem sempre contar, e saber que alguém conta sempre connosco…e quando as coisas não correm bem, bom saber que o outro fez tudo que podia e mais alguma coisa…a isso chama-se confiança…Parabéns a ti e a ele!
ResponderEliminarÉ mesmo bom ter amigos assim.
EliminarTambém tenho uma, duas até, amizades assim, por isso o compreendo tão bem. Uma amiga minha que já não via ha 5 anos, sem exagero, foi mãe no mês passado. Quando voltou coma bebé para casa fui conhecer a sua filha e o nosso reencontro foi delicioso. Falamos uma com a outra como se tivéssemos juntas no dia anterior.
ResponderEliminarAndreia,
http://pontofinalparagrafos.blogspot.pt
A amizade é isso mesmo.
EliminarComo entendo este post. Tenho um amigo que conheço para lá dos vinte e muitos anos e, mesmo quando ficamos um ano (pois já aconteceu) sem nos falarmos ou nos vermos, quando nos encontramos, parece que não nos víamos somente há dois dias. É incrível! ;)
ResponderEliminarAcho que é uma boa forma de perceber o grau de amizade que temos com alguém ;)
Eliminar:')
ResponderEliminarNão poderia ter escrito melhor. Tenho amigas que estão constantemente a cobrar a minha disponibilidade e porque não estou constantemente "em cima delas". Estas são as amigas. A minha MELHOR amiga sabe que estou sempre presente a toda a hora mesmo que não falemos todos os dias. Isso sim é amizade. Adorei o texto :)
ResponderEliminarAmizade não é cobrança :)
EliminarE quantas vezes na vida aproveitamos a oportunidade de o confessar? Infelizmente acho que muito poucas...são mais as vezes que desperdiçamos, mas tal como o teu amigo, há emoções e sentimentos que se "dizem" com o olhar, e quando nos conhecemos tão bem como almas gémeas não é preciso mais nada.
ResponderEliminarObrigada pela partilha :)
Beijos/ A Mãe