A chuva continuava a cair. E eles ali
continuavam. Imóveis. E encharcados. Olhavam-se olhos nos olhos como
se fossem as duas únicas pessoas do mundo. Apesar do mau tempo,
ambos tinham um tímido sorriso estampado nos lábios. Ele continuava
a agarrar as mãos dela. Enquanto aguardava pela resposta à sua
pergunta. Ele sabia os erros que tinha cometido ao longo dos tempos.
As más decisões em relação a ela. O medo de lutar pela única
mulher que amou. E isso fazia com que não percebesse o motivo que a
levava a estar ali. Perto dele. Tendo desistido da viagem.
“porque te amo. Foi o meu amor por ti
que me levou a desistir da viagem”, disse-lhe ela. “Até ao
momento de embarcar acreditei que irias aparecer. Mas tu não
apareceste. Não te vi. E, mesmo assim decidi desistir daquilo que
pensava ser o que mais queria”, acrescentou numa explicação que motivou
uma nova pergunta da parte dele. “Porquê?”, perguntou mais uma
vez. “Percebi que se entrasse naquele avião estaria a mudar aquilo
que quero. Acredito que poderia ser feliz longe de ti. Teria de
aprender a viver desse modo mas também sei que se estivesse naquele
avião neste momento, ia sentir-me vazia. Ia deixar uma boa parte de
mim aqui a deambular à tua procura. Ia ficar cheia de porquês a
matutar na minha cabeça. E isso ia limitar o que queria fazer lá”,
disse, perante o olhar atento dele.
“Mas eu não mereço nada disto.
Sou...”, referiu ele, sendo rapidamente interrompido por ela, que
lhe colocou um dedo nos lábios. “Poupa-me o discurso de que és
uma merda. Ao longo dos últimos anos senti que te tinha perdido de
vez. Parecia que não era ninguém para ti. Era isso que me fazias
sentir. E, com dor, via-te ir ao fundo. Observava uma pessoa
extraordinária fazer questão de se afundar cada vez mais na lama. E
mais. Sem que nada pudesse fazer. Não preciso que digas que vales
isto ou aquilo. Conheço-te há tempo suficiente para saber que tipo
de homem és. E és o homem que amo. Que sempre amei, mesmo quando
pensava que me detestavas por razões que me escapavam”, disse-lhe.
“Isto pode soar estranho mas acho que
acabei de ouvir as palavras mais bonitas que alguma vez me dedicaram.
E isto também te pode soar estranho mas amo-te. Muito mais do que
julguei ser possível amar alguém. E não posso ser mais sincero
contigo do que isto apesar de ter a noção que podes pensar que não te amo”, argumentou ele. “Mas não preciso que me
digas que me amas. Aquilo que preciso é que me demonstres que me
amas. Que me proves, sem sentir essa necessidade ou exigência, que
sou a mulher que queres. Aquilo de que preciso são abraços como
aquele que me deste no carro na outra noite. Mas, sem que me digas
segundos depois que me vais deixar partir por isto ou por aquilo. De
que tens medo afinal?”, perguntou-lhe.
“De não ser o homem que mereces. Não
ser o homem que esperas. Não estar à altura do teu amor. Perceberes
que sou uma desilusão para ti. E acabar abandonado por culpa
própria, deixando-te triste. É isto que me assusta. E é isso que
me tem levado a errar. E a voltar a errar. E a errar ainda mais vezes
quando prometo a mim mesmo que não voltarei a errar. Foi isso que me
fez não responder às tuas chamadas e mensagem. Foi isso que me fez
chegar aqui quando a porta já estava fechada. E foi isso que me fez
ficar aqui a chorar sentado no chão. Acho que mereces mais do que
eu”, insistiu ele.
“Há um detalhe que me fez perceber
de vez o que sou para ti. A decisão de não embarcar foi minha. A
decisão de ficar por cá foi minha. Provavelmente iria tentar falar
contigo. Mas isso não era uma certeza. E quando saí do aeroporto e
te vi aqui à chuva, percebi que significava algo para ti. Quando te
vi chorar como estavas a chorar, percebi que me amavas. Como sempre
sonhei ser amada... por ti. E isso é mais do que suficiente”,
disse, ficando durante alguns segundos a olhar fixamente para ele. “E o que me dizes a sair desta chuva?”, acrescentou.
“Acho bem. Mas primeiro tenho de
fazer uma coisa”, respondeu ele. “O quê?”, inquiriu ela. Quase
sem tempo para completar a questão, aproximou-se ainda mais
dela, dando-lhe o beijo mais sentido que alguma vez trocaram. Quando
se afastaram, ele preparava-se para entrar no carro. Até que foi
puxado por ela. “Agora sou eu que tenho uma coisa para fazer”,
disse-lhe, devolvendo-lhe o beijo dado por iniciativa dele. Momentos
depois entraram ambos no carro e seguiram viagem em direcção à
casa dela.
gosto. e é só isso para já!
ResponderEliminardrsmoura.blogspot.com
DMoura
É bom saber :)
EliminarLike,like,like :)
ResponderEliminarFico feliz por saber isso :)
EliminarAinda bem que estava sozinha... estas hormonas descontroladas de grávida, juntamente com capitulos destes... dá lágrima na certa...
ResponderEliminarSim, estou mesmo muito lamechas...
E sei que me estou a tornar mesmo muito repetitiva... mas falta muito para o próximo capitulo?
gostei muito!
Fico feliz por gostares. Espero ter mais um esta semana.
EliminarObrigado.