31.10.13

is this love? (capítulo oito)


A chuva continuava a cair. E eles ali continuavam. Imóveis. E encharcados. Olhavam-se olhos nos olhos como se fossem as duas únicas pessoas do mundo. Apesar do mau tempo, ambos tinham um tímido sorriso estampado nos lábios. Ele continuava a agarrar as mãos dela. Enquanto aguardava pela resposta à sua pergunta. Ele sabia os erros que tinha cometido ao longo dos tempos. As más decisões em relação a ela. O medo de lutar pela única mulher que amou. E isso fazia com que não percebesse o motivo que a levava a estar ali. Perto dele. Tendo desistido da viagem.

“porque te amo. Foi o meu amor por ti que me levou a desistir da viagem”, disse-lhe ela. “Até ao momento de embarcar acreditei que irias aparecer. Mas tu não apareceste. Não te vi. E, mesmo assim decidi desistir daquilo que pensava ser o que mais queria”, acrescentou numa explicação que motivou uma nova pergunta da parte dele. “Porquê?”, perguntou mais uma vez. “Percebi que se entrasse naquele avião estaria a mudar aquilo que quero. Acredito que poderia ser feliz longe de ti. Teria de aprender a viver desse modo mas também sei que se estivesse naquele avião neste momento, ia sentir-me vazia. Ia deixar uma boa parte de mim aqui a deambular à tua procura. Ia ficar cheia de porquês a matutar na minha cabeça. E isso ia limitar o que queria fazer lá”, disse, perante o olhar atento dele.

“Mas eu não mereço nada disto. Sou...”, referiu ele, sendo rapidamente interrompido por ela, que lhe colocou um dedo nos lábios. “Poupa-me o discurso de que és uma merda. Ao longo dos últimos anos senti que te tinha perdido de vez. Parecia que não era ninguém para ti. Era isso que me fazias sentir. E, com dor, via-te ir ao fundo. Observava uma pessoa extraordinária fazer questão de se afundar cada vez mais na lama. E mais. Sem que nada pudesse fazer. Não preciso que digas que vales isto ou aquilo. Conheço-te há tempo suficiente para saber que tipo de homem és. E és o homem que amo. Que sempre amei, mesmo quando pensava que me detestavas por razões que me escapavam”, disse-lhe.

“Isto pode soar estranho mas acho que acabei de ouvir as palavras mais bonitas que alguma vez me dedicaram. E isto também te pode soar estranho mas amo-te. Muito mais do que julguei ser possível amar alguém. E não posso ser mais sincero contigo do que isto apesar de ter a noção que podes pensar que não te amo”, argumentou ele. “Mas não preciso que me digas que me amas. Aquilo que preciso é que me demonstres que me amas. Que me proves, sem sentir essa necessidade ou exigência, que sou a mulher que queres. Aquilo de que preciso são abraços como aquele que me deste no carro na outra noite. Mas, sem que me digas segundos depois que me vais deixar partir por isto ou por aquilo. De que tens medo afinal?”, perguntou-lhe.

“De não ser o homem que mereces. Não ser o homem que esperas. Não estar à altura do teu amor. Perceberes que sou uma desilusão para ti. E acabar abandonado por culpa própria, deixando-te triste. É isto que me assusta. E é isso que me tem levado a errar. E a voltar a errar. E a errar ainda mais vezes quando prometo a mim mesmo que não voltarei a errar. Foi isso que me fez não responder às tuas chamadas e mensagem. Foi isso que me fez chegar aqui quando a porta já estava fechada. E foi isso que me fez ficar aqui a chorar sentado no chão. Acho que mereces mais do que eu”, insistiu ele.

“Há um detalhe que me fez perceber de vez o que sou para ti. A decisão de não embarcar foi minha. A decisão de ficar por cá foi minha. Provavelmente iria tentar falar contigo. Mas isso não era uma certeza. E quando saí do aeroporto e te vi aqui à chuva, percebi que significava algo para ti. Quando te vi chorar como estavas a chorar, percebi que me amavas. Como sempre sonhei ser amada... por ti. E isso é mais do que suficiente”, disse, ficando durante alguns segundos a olhar fixamente para ele. “E o que me dizes a sair desta chuva?”, acrescentou.

“Acho bem. Mas primeiro tenho de fazer uma coisa”, respondeu ele. “O quê?”, inquiriu ela. Quase sem tempo para completar a questão, aproximou-se ainda mais dela, dando-lhe o beijo mais sentido que alguma vez trocaram. Quando se afastaram, ele preparava-se para entrar no carro. Até que foi puxado por ela. “Agora sou eu que tenho uma coisa para fazer”, disse-lhe, devolvendo-lhe o beijo dado por iniciativa dele. Momentos depois entraram ambos no carro e seguiram viagem em direcção à casa dela.

6 comentários:

  1. gosto. e é só isso para já!

    drsmoura.blogspot.com
    DMoura

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  2. Ainda bem que estava sozinha... estas hormonas descontroladas de grávida, juntamente com capitulos destes... dá lágrima na certa...
    Sim, estou mesmo muito lamechas...
    E sei que me estou a tornar mesmo muito repetitiva... mas falta muito para o próximo capitulo?
    gostei muito!

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    1. Fico feliz por gostares. Espero ter mais um esta semana.

      Obrigado.

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