matateu

Por norma, desconfio de restaurantes abertos por celebridades. Tenho uma ideia preconcebida, talvez de forma errada, de que o negócio é montado somente com a ideia de atrair clientes com um nome sonante. Desconfio da qualidade e muitas vezes até acredito que o famoso nada tem a ver com o espaço. Ou seja, que apenas deu o seu nome ao mesmo, a troco de uma quantia avultada de dinheiro. Penso desta forma porque já me deparei com diversas situações do género. E não apenas na restauração.

Mesmo assim, quando ouço falar bem de um espaço, fico com curiosidade em experimentar o mesmo. E foi isso que aconteceu com Matateu, a petisqueira que João Manzarra abriu no Restelo, por baixo das bancadas do Estádio do Belenenses. Depois de ouvir falar do espaço, informei-me sobre o mesmo e aproveitei a semana de férias para me entregar aos petiscos do Matateu. E a experiência não podia ter corrido melhor.

O primeiro impacto é feito pela decoração do “pequeno” espaço. Moderna, simples e acolhedora. Aprecio principalmente os recortes antigos dos jornais desportivos (que estão nas mesas) onde se pode ler mais sobre o jogador que foi um símbolo do clube. E o facto do menu estar preso a um quadro que serve para que os treinadores mostrem aos jogadores a táctica a usar em campo. Os empregados são extremamente simpáticos e atenciosos, o que faz com que um esquecimento ou dois não irritem ninguém. Muito pelo contrário. A comida é boa e está sempre a sair. É verdade que as doses não são muito grandes (acredito que esse seja mesmo o conceito do espaço) mas a verdade é que os preços são relativamente baixos e não é necessário gastar uma fortuna para sair do Matateu com a barriga cheia e com vontade de regressar.

Daquilo que comi, aconselho... tudo! Sem excepção, apesar de destacar o pica-pau de picanha, as pataniscas de bacalhau e a sobremesa de chocolate. Percebe-se que a casa aposta na qualidade da comida que coloca na mesa. E esse é o maior elogio que se pode fazer a uma casa do género. Aproveito para contar um episódio curioso que aconteceu comigo no momento em que pedi a conta. O empregado trouxe a conta. Verifiquei a mesma, algo que faço sempre. E chamei o empregado. “Diga lá o que está aí a mais”, disse com um sorriso. “Não está a mais. Está a menos. Falta isto e aquilo”, referi, para seu espanto. “Já não se fazem pessoas assim”, acrescentou. Momentos depois trouxe-me a conta, acabando por me oferecer uma das coisas que estavam em falta, devido à minha honestidade. “As pessoas honestas ficam sempre a ganhar”, foram as suas palavras, com as quais concordo. Para os interessados em ir ao Matateu, aconselho que façam reserva. A primeira vez que lá fui estava cheio e no dia em que reservei passou-se o mesmo.