já tinha saudades

Ontem, o trabalho levou-me até ao Alentejo. Mais especificamente até Estremoz, onde passei o dia inteiro e parte da noite. E a verdade é que já tinha saudades deste tipo de viagens. Até porque as minhas últimas incursões alentejanas tiveram sempre o mesmo destino: Vila Nova de Milfontes, onde acabo por me cruzar quase sempre com pessoas que já conheço há muitos anos.

Gosto destas viagens porque quando vou ao Alentejo consigo ter a sensação de que me afastei de casa cerca de dez mil quilómetros quando na realidade fiz uma viagem de mais ou menos uma hora e meia. Ali, todas as pessoas são simpáticas. Toda a gente tem tempo para dois dedos de conversa. Não há pressas. Não existem os olhares no pavimento de modo a não cruzar o olhar com os outros.

À boa comida juntam-se as boas conversas. Quem serve a refeição quer saber a opinião de quem a vai comer. Perde-se tempo a explicar o motivo de ter sido feito aquele prato e não outro. Existe preocupação com pessoas que não se conhece de lado nenhum. E tudo isto é acompanhado de um permanente sorriso no rosto.

Por aqui, tudo é diferente. Existem poucas pessoas assim. É tudo a correr. A maior parte das pessoas nem sequer sabe o nome do vizinho da frente. Nunca há tempo para nada. Existem sempre desculpas para tudo. Por isso, cada vez que vou ao Alentejo sinto-me rejuvenescido. Sinto que estive num planeta diferente onde se aprende a dar valor às coisas que realmente interessam na vida.