Não se aprende a ter carácter. Por
mais que queria ou tente acreditar nisto, não me dou por convencido.
O carácter faz parte de uma pessoa. Ou se tem. Ou não se têm. E
não se aprende a tê-lo ao ler vinte livros sobre o tema. Ou
simplesmente porque se tem uma licenciatura numa qualquer
universidade onde a média de acesso ronda os vinte valores. Também
não há verniz que cubra a ausência dele. Nem penteados com mais ou
menos laca para que não se desmanchem ao longo do dia fazem com que
o carácter fique por ali. E os saltos altos? Serão suficientes para
subir a um diferente nível de carácter? Acho que não! Tal como não
acredito que roupas das marcas mais caras sejam sinal de pessoa de
carácter. Quando muito, aprende-se a disfarçar a ausência de carácter.
Por outro lado, meias cheias de buracos
não significam que estamos perante uma pessoa mal formada. Ou mesmo
sem carácter. E o mesmo se aplica a tatuagens, roupas rasgadas,
penteados malucos, piercings sensuais, sujidade na pele, pés imundos, unhas de meter
medo e ao analfabetismo. Porque é possível não ter muitas coisas
que a vida infelizmente não proporciona a todos, ou seguir um caminho diferente dos demais e manter um carácter
ao nível de um Dalai Lama, por exemplo. O bom não é sinal de
carácter. E o mau não significa ausência de valores. É
simplesmente uma questão de perspectiva. De análise. E,
infelizmente, tende-se a associar uma imagem cuidada a algo bom e a
fugir a sete pés de uma imagem que não se enquadra nos padrões que
alguém, algures, definiu como algo a seguir por todos.
Porém, é muito fácil, e está ao
alcance de todas as pessoas, perceber quando estamos perante uma
pessoa com carácter ou alguém que não o tem. Bastam meia dúzia de
palavras, escolhidas cuidadosamente a pensar num objectivo, e alguns minutos. Depois, é mais ou menos como um teste de gravidez.
Olha-se para os relógio. Contam-se alguns minutos. E o resultado
aparece. A diferença está nos efeitos desse mesmo resultado. Nos
testes de gravidez a maioria das pessoas deseja encontrar os dois
traços que confirmam a chegada de uma nova vida. Nos testes de
carácter, desejamos quase sempre os dois traços, que confirmam a
existência de carácter. Noutros casos, efectuamos o teste só para
ter a certeza que um dos traços nunca irá aparecer.
E enganem-se aqueles que pensam que um
teste de carácter está apenas ao nível de doutores com quociente
de inteligência acima dos 130. Ou seja, de um génio. Qualquer
pessoa, basta que assim o deseje, descobre me minutos se alguém tem
carácter ou não. Ao contrário de um teste de gravidez, este é
gratuito. E até se assemelha a um preservativo ou uma pílula
contraceptiva – em comparação com aquelas pessoas que não desejam ter filhos –
porque evita muitos problemas e faz com que não se perca tempo com
aquilo que é acessório e não se deseja.
Isso de ter ou não ter carácter tem muito que se lhe diga. Carácter todos temos, uns melhor, outros pior. Ser-se mesquinho, a meu ver, é ter carácter, mau carácter. Ser-se sério e íntegro é ter caraácter, bom carácter. Mas depois vem a eterna questão, quem define o que é bom e o que é mau? Podemos limitar-nos a dizer que, não prejudicando outros, determinada atitude é boa? É assim tão simples?
ResponderEliminarEu prefiro olhar para o mau como a ausência de carácter. E não olho para a mesquinhez como carácter mas como a ausência dele. Acredito sobretudo que o nosso carácter vê-se em relação a tudo o que nos rodeia. Nos bons e nos maus momentos, que nos levam a determinadas condutas.
EliminarCarácter todos temos! Uns têm um carácter integro, bom, honesto, altruísta! Outros têm um carácter de m****!
ResponderEliminarAgora concordo contigo, é fácil testar o carácter das outras pessoas. E, não é o aspecto, dinheiro, estudos que define uma pessoa. Conheço, muitos licenciados com dinheiro e bem na vida que têm um carácter muito dúvidoso!
É um teste muito fácil de fazer. Muito mesmo.
Eliminarhttp://www.lexico.pt/caracter/
ResponderEliminarExistem, basicamente, dois tipos de definição de Carácter, um mais lato e outro mais restrito. O seu significado é, portanto, subjectivo.
Para mim, aceito o primeiro: "2. Conjunto de características, boas ou más, que distinguem uma pessoa, um povo; traço distintivo;" e "5. Reunião de características psicológicas comuns que compõem um indivíduo ou um grupo de pessoas."
O carácter está lá, o conjunto das características é que, por vezes, é maioritariamente cunhado de más e duvidosas qualidades.
Percebo muito bem aquilo que dizes mas prefiro ficar-me pelo carácter, que deverá ser bom.
EliminarEntão estamos de acordo. Há carácter bom e carácter mau, mas ele existe sempre.
EliminarSim, concordo contigo.
ResponderEliminarHá quem seja íntegro e com bons princípios. Outros acham que nada disso importa e que os valores que os outros prezam são apenas utopias e coisas irreais.
Confesso que a cada vez que me cruzo com pessoas destas, tenho vontade de lhes dizer das boas!
Enfim, o melhor é não lhes dar grande importância, pois não merecem a perda de tempo!
Um abraço
Mais vale esquecer...
Eliminarabraço
E infelizmente depois temos os excelentes actores e actrizes, que nem com testes tu lhes vês o mau carácter (ou como preferires: ausência do mesmo), que só bem mais tarde é que se vem revelar... Já que falas em pílulas e preservativos: só na altura do nascimento (vulgo: desilusão) é que se dá pelo tracinho no teste de gravidez.
ResponderEliminarTrue story.
EliminarResumindo, vivemos uma crise de valores. A sociedade está completamente podre.
ResponderEliminarÉ a maior crise de todas.
EliminarComo eu costumo dizer "Ou se tem, ou se não tem!"
ResponderEliminarVem no ADN, na medúla da coluna vertebral de cada um de nós, ou está, ou não está.
A não esquecer: O essencial é invisível aos olhos, não depende portanto da aparência de ninguém.
Jinhosssssss
Muito bem dito :)
Eliminarbeijos
Subscrevo integralmente todo o texto.
ResponderEliminarNão diria melhor :)
Obrigado Roger :)
EliminarE que teste é esse? O jeitão que me dava ter as suas instruções. :/
ResponderEliminarbeijinho
Vai da tua relação com essa pessoa.
Eliminarbeijos