30.4.14

filhos. ter ou não ter?

Em tempos falava com um amigo sobre filhos. Ele, pai, falava sobre o aumento da família. Eu, sem filhos, falava na possibilidade de ser pai. Esta conversa teve lugar num momento complicado das nossas vidas (a minha e a dele) e um dos temas abordados foi o dinheiro necessário para a criação de uma ou de mais uma criança. Ele, defendia que em casa onde come um, comem dois. E aplicava esta máxima a tudo o que envolve ter um filho. Defendia também, tendo por base o exemplo de uma família onde os avós estão geograficamente perto dos netos, que eventuais momentos complicados para os pais são suportados pelos avós ou mesmo por outros familiares. Ou seja, do seu ponto de vista, é um erro não ter um filho a pensar apenas no dinheiro porque há sempre uma solução.

Em parte, concordo com o seu ponto de vista. E digo em parte porque sei que existem casais que não têm qualquer ajuda e que não têm a quem recorrer caso o dinheiro não chegue para tudo ou caso a comida não dê para todos. Mas aceito o seu ponto de vista que fazer muitas contas ao dinheiro que se gasta para ter um filho não deve ser impeditivo para ter um filho. E digo isto porque acredito que os verdadeiros pais arranjam sempre uma solução para a maioria das coisas de que os filhos necessitam diariamente.

Eu, que não sou pai mas que pretendo ser, nem perco muito tempo com contas ao dinheiro. Talvez por partilhar do tal raciocínio do meu amigo. Aquilo em que penso é que a partir do dia em que for pai, tudo muda. A partir daquele momento, existe uma pessoa que depende de mim. Algo que não acontece actualmente. Ninguém depende de mim. Nenhuma vida depende das minhas opções. Daquilo que entendo justo, correcto e o caminho certo a seguir. Para mim, ser pai não é o mesmo que ter um objecto de que gosto muito. Que está sempre comigo quando assim o desejo e que depois coloco num canto quando me está a aborrecer. Ou que entrego a outra pessoa quando já não o suporto.

Para mim, ser pai não é delegar nos outros aquilo que me compete fazer. Não é querer viver apenas os momentos bons e sair de casa nos momentos maus. Não é fugir de um bebé que chora a noite toda, dizendo sempre à mãe para resolver aquela choradeira. Não é não abdicar de nada em prol de quem depende de mim sem que essa dependência tenha sido uma escolha sua. Isso sim, é algo que me preocupa. Saber se estou à altura de uma missão bastante complicada. De uma missão que não dura um dia, uma semana ou um mês mas uma vida inteira.

E o mais fascinante desta minha dúvida é que só se descobre a resposta quando se é pai. Posso achar que serei um grande pai e ser um desastre completo nesse domínio. Como posso achar que nem sequer sei pegar numa criança ou trocar-lhe uma fralda quando na realidade serei um pai extraordinário. Se existisse (não sei se existe) algum teste 100% eficaz sobre se seremos bons ou maus pais, tenho a certeza de que nunca o faria. Porque só quero fazer esse teste a partir do momento em que for pai.

37 comentários:

  1. Só tendo um bebé se descobre como é a parentalidade!! E realmente é preciso ter noção que a vida muda e encararmos essa mudança com um sorriso nos lábios! :)

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  2. Acredito, sim, que quando o fores, vais ser bom pai, porque és um bom filho.

    Beijinho

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  3. Sim a vida muda para sempre...torna-se um percurso ainda mais fascinante uma descoberta e desafio constante, um calorzinho no coração que aquece também a alma...a crescer a crescer...! Mas nada de receios...embora os filhotes não venham com manuais de instruções:)), os pais percebem na altura em que se tornam pais que têm tudo o que precisam para o ser:)))!
    Beijinhos
    Maria

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    1. Viver com receios é um bloqueio muito mau para nós.

      beijos

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    2. Olá Maria,
      Sem palavras, tudo, tudo mesmo em cheio. Sermos pais é isso mesmo!
      HSB, bora sem receios, a vida é curta e deve ser vivida em cheio.

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  4. A verdade é que, sempre assim foi e sempre assim será, seja muito bem planeado ou sem aviso prévio, nunca se sabe que surpresa um filho traz consigo. Nenhuma das condições anteriores é ditadora do sucesso ou insucesso da parentalidade. Assim como não o é a falta ou maior abundância de dinheiro. Em todos os casos tudo pode acontecer. Não é a única (pelo contrário, há muito que considerar), mas a principal e primeira razão para se ter um filho é querer.

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    1. Acho que isso do querer, que é muito importante, é desvalorizado por muitas pessoas.

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  5. Acho que toda a gente ambiciona ter, em algum momento da sua vida, um filho. Acho que é natural. Acho que há uma altura em que queremos dar uma parte de nós a outrem. E nada há mais correto para isso que um filho. Um dia, daqui a muitos anos, será a minha vez - assim espero.

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  6. Tenho cá p'ra mim que vais ser um excelente pai. :) :)
    beijinho

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  7. Vais ser um pai fabuloso! "Só" mesmo pelo facto de seres tão consciente sobre as coisas... Não vives num mundo ilusório onde só interessa o teu umbigo! Vais ser um pai fabuloso! :)

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    1. Tenho momentos onde penso mais nos outros do que em mim. E isso nem sempre é bom.

      Obrigado :)

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  8. É cansativo mas gratificante. Dinheiro é importante pois não queremos que lhes falte nada, obviamente, mas o essencial é ama -los a dar -lhes carinho acima de tudo.

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  9. O facto de fazeres esta reflexão já é indicativo de que serás um bom pai ;)

    The gLiTtEr Side

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  10. Estou a ver que esta semana o assunto támbem está para aqui virado.
    http://10yearsbituine.blogspot.pt/2014/04/maternidade-outra-vez.html?m=1

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  11. Ai que tanta boa gente que eu conheço devia ler este post!! Não acrescentava mais nada.
    Muita gente pensa que ter filhos é como comprar um carro novo, um telemovel novo: quero, parece mal
    ainda não ter nenhum, depois logo se vê no que vai dar, se não estiver a correr bem recorro aos avós/tios,, se mesmo assim não correr bem os colégios resolvem...

    Ana Lima

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  12. Dah!
    É quanto toda a gente o faz!
    Nem tem outra altura para se ser «testado». Só na pratica.

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  13. Tão, mas tão verdade! que só hoje que sou mãe vejo o quanto tens razão!

    E não existe teste nenhum... O teste acontece todos os dias a partir do momento em que os filhos nascem! Mesmo nas decisões mais simples sobre eles é sempre um teste.

    E quanto ao dinheiro para ter um filho, o ideal é vivermos consoante o que temos, sem exageros, as fraldas não nos levam à falência, roupas há sempre lojas mais económicas e os saldos dão muito jeito, já as vacinas, os cremes, as bronquiolites e afins isso sim!
    O dia a dia leva-se bem, o problema maior são as surpresas.

    Mas muda tudo, mesmo tudo! No dia em que fores pai nada será como antes :)

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  14. Espreito muitas vezes o seu blog e gosto muito, ainda nunca tinha comentado, mas... pois que este me apetece! Desculpe a intromissão.

    Ter filhos é de facto a maior (e melhor, quanto a mim) aventura de vida. A sua clareza e abordagem ao assunto, por si só, já demonstra que será certamente um bom PAI. Considero-me a mim e ao meu marido, pais maravilhosos, porquê? Porque acima de tudo amamos as nossas filhas mais do que tudo e somos pais muito presentes, interessados e empenhados em fazer delas o melhor que pudermos e soubermos!

    Quanto à questão financeira, pois se a primeira teve direito por exemplo a fraldas e toalhitas de marca mais cara e toda uma parafernália de coisas xpto, que não serviu para nada... já a 2ª usa de marca branca e não veio mal ao mundo por isso, (felizmente não há alergias a esse nível), 90% da roupa que usa era da irmã e outros 10% são de marcas mais económicas e???? E é igualmente tão feliz como a irmã era, a roupa faz uma estação e deixa de servir, tanto faz se custa 50€ se custa 5€ e nem todos os dias têm que andar como se fossem para uma ocasião especial.

    Quanto à questão dos avós, nós temos a sorte de ter as avós por perto e de vez em quando sabe bem que elas vão uma noite, uma tarde, um dia, para os avós, sem nós! Digo sem qualquer sentimento de culpa, faz bem a todos. Isto porque a vida de facto muda, muda muito, e não deixamos de ser nós mesmos para sermos só Pais, e sabe bem, uma saída a dois, sabe bem namorar, conversar, o que seja, sem um "Oh Mãe....Oh Pai" a cada 5 minutos, um momento connosco próprios ou simplesmente o saber que naquelas horas se quisermos podemos simplesmente não fazer rigorosamente nada...

    Eles não trazem de facto manuais de instruções, mas quando eles nascem, nasce no nosso coração algo que nos ajuda a identificar o que precisam em dado momento :)

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    1. Prefiro ser tratado por tu. Obrigado pelas tuas palavras e comenta sempre que achares pertinente.

      Muito obrigado pelo teu comentário. Soube bem ler e concordo com o teu ponto de vista :)

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  15. Acho que se deve ter um filho porque se quer, simplesmente. Não porque "estamos na idade", ou porque os amigos têm todos, ou ou porque fica bem ter dois filhos e não um, ou porque queremos alguém para "tomar conta de mim quando eu for velho" .Eu tenho um filho, Queria questionar quem diz que onde come um comem dois, comem fazem em relação às mensalidade de infantário ou ATL? A roupa comida, etc concordo que se consiga fazer ginástica. Mas eu por exemplo não posso pagar duas mensalidades de ATL. É simplesmente impossível. Como faço para ter o segundo de acordo com a teoria de que "é fácil"?

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    1. A tua primeira frase diz tudo. A teoria de quem defende que onde come um comem dois, aplica-se a tudo. Como não sou pai, não te consigo explicar essa ideia.

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  16. As a Mother... posso te dizer que não é assim tão caro. Se não, estaria bem tramada.... Um mês podes gastar imenso dinheiro em roupa, calçado, vacinas (nas que são fora do Plano Nacional de Vacinação), e nos meses em que a alimentação é exclusivamente leite, e no caso de não ser leite materno. Passei por TODAS essas situações. Amamentei até aos 4 meses, e depois passou para o leite artificial e logo para as sopas. O leite, comprava o mais barato, porque o meu filho nunca teve problemas a nível de alimentação. Uma altura até lhe dei leite, da marca do supermercado. Considero-me boa Mãe, porque amo o meu Filho acima de tudo. Mas mesmo sendo o meu primeiro e único filho, sempre fui despreocupada, e levava (e continuo a levar) tudo na boa. Com 15 dias, foi comigo comer caracóis, e ficou no "tasco" sem qualquer problema. Com um mês e meio, passou para o quarto dele. Aos seis meses, deixei de esterilizar TUDO constantemente. Sempre andou a rastejar por todo o lado. Se um mês gastava muito dinheiro, porque ele tinha crescido de repente, no mês seguinte já estava tudo mais normalizado.... Deram-nos imensas coisas, mas a nível de roupa. Carrinho, pouco andou. Mal começou a andar, o pirralho nunca mais quis saber de carrinhos. Vai é pedindo um colo ocasional, quando está mais cansado. Continuam a dar-nos roupas, o que é bom. Se fosse a pensar no dinheiro que poderia gastar, não o teria tido, porque tenho pouco dinheiro. Mas ele cria-se e bem. Ter a minha Mãe por perto, e a minha Irmã, ajuda e muito. Para babysitting, e até algumas refeições. Tive a sorte da creche onde ele está, ser uma IPSS, onde a mensalidade é de acordo com o ordenado. Tenho a sorte de ele ser uma criança saudável. Mas o principal disto tudo, é que tenho um Filho FELIZ, e isso vê-se pelo sorriso dele... Quando se acha que se quer ter um filho, é mesmo tentar tê-lo. Porque são mesmo o melhor do Mundo, excepto nos dias em que o entregava para adopção, mas isso é quando ele me tira do sério, e quero ir entregá-lo à Casa do Gaiato, mas passa-me com alguma rapidez... :)
    O mal são os poucos apoios que o Estado dá... Poucas creches e ATL comparticipados pelo Estado. Creches sem vagas. Abonos de família baixíssimos, mesmo com muitas despesas, e a contar trocos ao final do mês... O dinheiro, claro que dá jeito... E ajuda a que se dêem determinadas condições, principalmente a nível de educação.... Mas existem sempre alternativas!
    Ah, e ficava bem "Baby sem Blogue".... :P :P :P

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    1. Baby sem blogue é muito bom.

      Não sei se já te disse mas adoro os teus comentários e pontos de vista. Muito obrigado por mais um para ler e reler.

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  17. Só por essa reflexao ve - se que será um bom pai...eu que sou mae há seis e os avós trabalham portanto os encargos financeiros foram enormes...mas fui mae ais 31 e posso dizer que nada mas nada será igual...a vida passa a ter outro sentido...muito sentida mas com sentido è uma outra vida.

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