disciplina exigente? ou necessária?

No último fim-de-semana tive a oportunidade de observar de perto a formação do Futebol Clube do Porto. Não estive perto dos jovens jogadores do clube mas assisti a um torneio com aqueles jovens que pagam para frequentar as academias do clube, algo comum em muitos clubes, que acabam por aproveitar os melhores. E, se tivesse de resumir aquilo que vi numa única palavra, teria de escolher disciplina. Exigente, não nego. Mas necessária.

Já tinha ouvido falar da formação do clube. Foi-me transmitido, por exemplo, que os miúdos não regulam a temperatura da água. Já está regulada e além disso têm um certo tempo para tomar banho. Decisões que considero acertadas e adequadas à idade. No último sábado assisti a um torneio e observei centenas de jovens, de diferentes idades. Não vi um único miúdo refilar. Levavam pontapés, caiam, e logo se levantavam para jogar mais futebol. Não havia birras nem pedidos de faltas. O que importava era o futebol.

Vi funcionários do clube abordarem pais mais exaltados. Com isto refiro-me aqueles pais que passam o tempo todo a gritar o nome do filho. “Vai, chuta, corre, passa, olha para aqui, olha para ali”, é aquilo que dizem. Acho que a maior parte dos pais que adopta este comportamento pensa que ajuda o filho. Na realidade, só prejudica. Chega a um ponto em que o filho não se consegue desligar da voz dos pais e esquece aquilo que tem de fazer em campo.

Vi também miúdos, como é normal, tratarem algumas pessoas por tu. Algo típico da idade. Porém, bastava uma palavra do treinador, para que pedissem desculpa à pessoa, repetindo o que tinham dito de outra forma. Vi jovens jogadores pedirem autorização aos treinadores para irem dar um beijinho aos pais. Resumindo, vi disciplina e respeito.

Aquilo que observei pode ser considerado chocante para algumas pessoas que defendem não ser necessária muita disciplina para crianças de tenra idade. Eu, defendo o contrário. Acho que esta disciplina é obrigatória nesta idade. Vai moldar as crianças para aquilo que vão enfrentar no futuro. E não estou a falar de disciplina de chicote. É uma questão de mentalidade que está a ser incutida naqueles meninos (e meninas) que sonham ser os próximos craques do clube de que gostam. Até porque não vi um único miúdo com má cara. Aliás, notava-se uma grande cumplicidade com os treinadores.

Clubismos à parte, tiro o meu chapéu à formação do Futebol Clube do Porto e desejo que nos outros clubes, como é o caso do Benfica e do Sporting, se passe o mesmo. Diz a sabedoria popular que é de pequenino que se torce o pepino e assim, este jovens vão estar bem preparados para o que aí vem. Muito mais do que se fossem excessivamente mimados naquela actividade.