Existem pessoas que passam o tempo a lamuriar-se das coisas da vida. Pessoas que entendem ter os
maiores problemas do mundo. Para essas pessoas tudo é um caso de vida
ou de morte, quando na realidade a maior parte dos seus problemas não
passam de coisas simples. São aquilo a que se costuma chamar uma
tempestade num copo de água. Este texto, cuja autora me pediu o
anonimato, é, num primeiro impacto, um forte murro no estômago.
Depois, cabe a cada pessoa que tiver oportunidade de o ler, transforma-lo numa sábia lição
de vida. Pode parecer um simples texto mas é muito mais do que isso.
Uma palavra especial de apreço para a
autora. Obrigado por teres desistido da ideia de não partilhar
aquilo que escreveste e que, a meu ver, muitas pessoas precisam de
ouvir ou necessitam de alguém que tenha coragem de lhes dizer aquilo
que aqui transmites. Muito obrigado.
“Ninguém sabe prever quando termina,
nem como a viagem, apesar de pensarmos que sim, que sabemos, por
vezes até temos a arrogância de ter certezas, no fundo só
queríamos era ter o dom de fazermos com que na nossa vida só
acontecessem coisas boas, a nós e a todos aqueles que amamos.
Mas o livre arbítrio da vida aparece e
acaba, no meu caso, com uma história de amor de 30 anos, entre
colegas de escola, amigos e mais tarde namorados apaixonados e unidos
pelo amor e vivência de casados e pais. Em poucos segundos, o que
até aí era uma tarde perfeita de férias de Verão, a que era o
tempo de desfrute da praia, de dias a dois, muito namoro, muitas
fotografias, muitos passeios pela Meia-Praia, por Lagos, por Marvão,
noites frescas e estreladas, sol a escaldar e banhos de mar, tempo de
amanhãs, o coração traiu um dos passageiros e assim termina a
viagem e a minha história de amor. Ficámos a 20 dias de comemorar e
festejar 24 anos de casados, até àquela tarde tínhamos tempo,
falávamos no futuro, íamos fazer e acontecer. Mas não tivemos
sequer uma segunda oportunidade, a vida foi inesperada e brutalmente
interrompida. O meu marido morreu de paragem cardio-respiratória um
mês depois de fazer 48 anos.
Por isso tenho a ousadia e infelizmente
legitimidade para vos dizer que se deixem de "mariquices" e
vivam as vossas vidas numa de paz e amor.”
Desde cedo na minha vida que lidei com a morte, com esse sentimento que fere e dói no mais profundo do ser e que se chama PERDA. Por isso é que estimo muito bem o pouco que tenho!
ResponderEliminarEsses momentos ajudam-nos a ver tudo com outros olhos. Hoje ouvia na rádio um português que está no Quénia. E um rapaz de lá perguntou-lhe como era o nosso país. O português disse que tudo estava a melhor apesar da crise. O queniano perguntou o que era a crise pois quando existia crise no Quénia, a família dele comia uma vez por semana. E ele dizia que era um rapaz feliz, que vivia numa casa com 10m2 sem wc. Que era uma pessoa muito positiva.
EliminarPortanto, citando os Monty Python: "always look on the bright side of life"! :-)
EliminarMais nada! :)
EliminarUma lição de vida. Sem dúvida qualquer que seja o nosso "problema" nada se compara á perda dos nossos.Um beijinho grande á autora.
ResponderEliminarMerece todo o carinho.
EliminarEu percebo tão bem, mas tão bem , essa situação, só que felizmente o"meu" escapou... é como viver uma segunda vida, mas passamos a dar mais valor ás pequenas grandes coisas e a minimizar os problemas.
ResponderEliminarBom testemunho de vida este que hoje trazes aqui HSB .
Senti o mesmo com o meu pai.
EliminarÉ um testemunho impressionante e tenho orgulho por ter tido a oportunidade de partilhar este texto.
Já perdi muita coisa nesta vida...mas nunca perdi um bocado de mim. No dia em e se isso acontecer não sei se terei a coragem necessária para continuar.
ResponderEliminarTens de ter. É a lei da vida. É duro mas é a lei da vida.
Eliminar"Assim termina a viagem e a minha história de amor."
ResponderEliminarNão! Apenas virou-se uma página do livro da vida. Tu ficas-te, para dar continuidade a tudo aquilo que com ele construíste. É duro, é difícil mas canaliza as tuas forças para a vida que nasceu desse grande amor.
Gosto dessa forma de pensar.
EliminarConcordo com a Sandra Machado. Isto não é o fim mas o virar de uma pagina para uma nova etapa da vida.
ResponderEliminarEu perdi o meu marido quando eu tinha 32 e ele 45 e mais de dez anos passados eu sobrevivi, levantei-me e decidi viver as próximas etapas que a vida tinha reservado para mim. Para quem escreveu esse texto ainda haverá muitas mais etapas e uma delas foi partilhar este texto.
Muitas felicidades para elae muito obrigada a ti homem sem blog por partilhares experiências que tanto nos enriquecem
Muito obrigado pelo teu testemunho. É um orgulho gigante poder contar com pessoas como tu por aqui. Obrigado.
EliminarEntendo a vida na Terra como uma passagem...uma peregrinação...portanto preocupa-me muito viver bem a vida na Terra para poder ter uma boa vida no céu...Gostei muito do texto e da forma de abordar a morte do marido...Muitas felicidades à autora....
ResponderEliminarhttp://dcabanas.blogspot.pt/
Gosto dessa perspectiva sobre este assunto.
Eliminarsou respeitadora da dor alheia, por isso não considero "mariquice" quando alguém tem a dor mais pequena que a minha...
ResponderEliminarNão se trata de mariquices. A verdade é que muitas pessoas exageram e fazem de coisas insignificantes um problema gigante.
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