benfica. futebol. estupidez. e outras coisas. por outras palavras, algo que elas dispensam.

Numa característica muito nossa, conseguimos transformar um acontecimento que já faz parte do passado no maior problema do país. Neste momento, esse problema é a cobertura do Estádio da Luz, que cedeu no passado Domingo quando eram esperadas rajadas de vento superiores a 100 quilómetros por hora. O Governo continua a massacrar os portugueses pedindo para apertar ao cinto ao mesmo tempo que nos levam as calças. Isso interessa? Não. Tal como não interessa o desemprego e outros problemas graves. Aquilo que importa é apenas e só a cobertura do Estádio da Luz. Nada mais interessa. E ainda bem que assim é, deve pensar Pedro Passos Coelho, que vai descansando enquanto se discute a cobertura do estádio do meu clube e a lã de rocha. Ao longo dos últimos dias só se ouve falar disso. Nada mais.

Em alguns casos, dizem-se as maiores barbaridades. E usam-se argumentos sem lógica (na minha humilde opinião) para justificar aquilo que não tem justificação. Gosto de programas onde se debate futebol. Quer seja na rádio ou na televisão. Sendo que raramente vejo ou ouço um programa na sua totalidade porque os intervenientes entram quase sempre no domínio dos gritos para defenderem a sua opinião. Ontem, ouvia  o Grandes Adeptos, da Antena 1, programa que aprecio. Até que Jaime Mourão-Ferreira, a pessoa que representa os adeptos do Sporting, começou a falar de coisas sem lógica.

Por exemplo, queixava-se da Benfica TV. Lamentava o facto do canal do Benfica não dar muitas repetições dos lances do Sporting. Pois bem, tratou-se de um jogo sem casos. Ou seja, não há razão para o lamento. Além disso, o Sporting fez um(!!!) remate à baliza em mais de noventa minutos de futebol. O senhor queria repetições do quê? É que eu, que estive no estádio, recordo-me apenas de uma jogada do Sporting. E essa teve direito a repetições que nunca mais acabam, como facilmente se verifica em qualquer canal que passou imagens do jogo.

Depois, Jaime Mourão-Ferreira decidiu falar do Estádio da Luz. “Um estádio em péssimas condições”, disse, em alusão à cobertura. Mais uma barbaridade. Estive no estádio no Domingo. E na Terça. Sempre na mesma cadeira, situada perto da zona onde algumas placas cederam. Se senti a minha vida em perigo? Não! O vento era muito forte. Ouviram-se as chapas a oscilarem com o vento. E a lã de rocha soltou-se. E mais tarde algumas chapas. Foi isto. Se é isto é grave? É. Mas podia acontecer em qualquer estádio do mundo. Dizer que isto faz com que o estádio esteja em péssimas condições é um absurdo. Era o mesmo que dizer que o antigo estádio do Sporting era péssimo apenas porque alguns adeptos quiseram “cuspir” para o autocarro do Porto fazendo com que a vedação cedesse, magoando alguns adeptos. Seria igualmente absurdo dizer que quando tinha fosso (para onde caíram adeptos) era um estádio péssimo. Conheço pessoas que estavam no lado oposto aquele onde me encontrava que nem tiveram noção do que aconteceu no estádio, excepto quando começaram a cair pedaços de lã de rocha. E isso explica tudo.

A isto acrescentou que é lamentável que os adeptos do Sporting (mais de três mil) tenham ficado mais de meia hora no estádio. Entendia que a evacuação deveria ser imediata. Mais uma barbaridade. O problema no estádio era no lado oposto aquele onde estava a claque (e a maioria dos adeptos) do Sporting. Ou seja, não corriam risco nenhum porque acho que o estádio nunca esteve para cair! Será que seria melhor juntar mais de três mil adeptos do Sporting (na sua maioria membros de claques) na rua com os adeptos do Benfica, criando a hipótese de confrontos físicos? Ou será que foi mais sensato deixa-los dentro do estádio (onde estavam em segurança) evitando males piores para todos? Acrescento que já tive a oportunidade de ver um jogo do Benfica em Barcelona. Fui maltratado logo à chegada pois os funcionários impediram-de de ir para o meu lugar. Obrigaram-me a ir para onde queriam de modo a amontoar os portugueses. Quando já não coubesse mais nenhum, abriam a porta do lado. No final do jogo fiquei retido no estádio cerca de uma hora. Quando saí, fui obrigado a andar entre um cordão policial que seguramente tinha mais de 500 metros de comprimento. O meu autocarro estava do lado esquerdo do cordão, logo à saída do estádio. Numa zona sem adeptos. Pedi aos polícias para passar. Mandaram-me ir até ao fim do cordão para depois voltar para trás. Ou seja, em vez de andar cinquenta metros, andei mais de um quilómetro. Isto uma hora depois dos adeptos do Barcelona terem saído do estádio.

O jogo foi o que foi. O Benfica ganhou e bem. O Sporting jogou muito mal. Desviar a atenção disto com outras coisas é apenas ridículo. Comentaram tantas coisas mas esquecem-se de perguntar coisas mais interessantes como o motivo pelo qual a Liga não adiou o jogo quando as autoridades competentes alertaram para as péssimas condições atmosféricas para a hora do jogo ou porque foram necessários quarenta minutos para anunciar o adiamento do jogo. Essas sim, são questões pertinentes, pelo menos para mim. Agora, dizer que o estádio não tem condições, chorar por causa da Benfica TV e outras coisas é recusar ver aquilo que todos puderam ver.

Ainda no capítulo Benfica. Dediquei alguns minutos a ver bocados de entrevistas do programa Alta Fidelidade, exibido na Benfica TV. Lamento que o meu clube tenha acordado (não sei de quem partiu da ideia) em fazer uma cópia, mas em mau, do Alta Definição. A colagem é mais do que óbvia. Começa no nome e estende-se à forma como Carlos Dias da Silva entrevista os jogadores. Não gosto de que todas as perguntas comecem por “você”. Sendo o canal do Benfica, acho que ficava melhor tratar por tu ou quanto muito pelo nome. É o canal do clube e isso transmitia uma maior proximidade entre jogador e telespectador em vez de ouvir dezenas de “você isto e você aquilo.” A ideia é boa. Dar a conhecer o lado mais pessoas dos atletas do clube. Mas, podia ser feito em bom. Em vez de ser uma péssima cópia do Alta Definição com perguntas que nos levam as mãos à cabeça. E aposto que não faltam pessoas disponíveis para o fazer.