faz-me um filho!

Tenho os meus ídolos. Já pedi alguns autógrafos. Tive alguns posters no quarto mas de nenhum dos meus ídolos - aquele que aguentou mais tempo era de uma encantadora miss reef que morava na porta do meu quarto e a quem nunca vi a cara. Mas não passo disso. Com isto quero dizer que nunca vivi o histerismo de estar perto de um ídolo. Nunca comecei a chorar nem aos gritos com a proximidade com alguém que tem uma imagem – que até pode ser fabricada – com a qual me identifico. Aliás, a minha profissão já me ensinou que existem pessoas que são idolatradas simplesmente com base numa imagem falsa. Mas isso , é outra conversa.

Por isso, faz-me alguma confusão quando vejo pessoas aos gritos. Ou a puxarem os cabelos. A chorarem loucamente. E a dizerem que nunca mais se lavam depois de terem sido tocadas por alguém que idolatram. Algo que presenciei ontem, de uma forma bastante agressiva. Algo que chegou a ser assustador. E que dá que pensar, pelo menos a mim.

Ontem, vi uma menina que pouco tinha passado dos dez anos com uma tshirt onde se lia algo como “Anselmo Ralph faz-me um filho”, ou outra, um pouco mais velha, com uma que dizia: “Amo-te Anselmo.” Além das t-shirts vi mulheres com mais de 40 anos com Anselmo escrito na testa e a competirem com meninas de tenra idade. Vi ainda lágrimas e discussões entre fãs mais acaloradas. Vi pessoas acotovelarem-se para ter o melhor lugar. Ouvi gritos. Era um histerismo sem limites onde só importava estar o mais perto possível do ídolo.

Eu compreendo que os mais novos idolatrem alguém. Percebo a “excitação” de estar perto de alguém de quem se gosta. Mas fico-me por aí nas coisas que consigo compreender. É assustador ver crianças com comportamentos daqueles, sendo que a maior parte delas nem tinham os pais por perto. Transformar a admiração por alguém numa batalha de histerismos é algo que me assusta. E que não compreendo. Talvez seja só eu, que nunca vivi com intensidade essa coisa dos ídolos.