azelhice

A missão olímpica portuguesa continua a dar que falar. Com excepção de alguns casos, a maior parte dos atletas tem sido uma desilusão, acusam uns. Estão de parabéns, defendem outros. Pessoalmente, acho que certos atletas, como é o caso da Telma Monteiro, tinham obrigação de fazer muito mais. Contudo, dou razão aqueles que dizem que durante quatro anos ninguém quer saber destes atletas mas que durantes os Jogos Olímpicos, todos exigem medalhas. Isto é um facto. Grande parte dos altetas portugueses só voltam a ver os seus nomes nas notícias (e na boca dos portugueses) quando chegarem as Olímpiadas do Rio de Janeiro, daqui a quatro anos. Até lá, deixam de existir.

Na hora do fracasso, há varias formas de encarar o insucesso. Há atletas que culpam tudo e mais alguma coisas. Estiveram perfeitos mas existiu sempre um problema qualquer que pode ir do vento ao piso irregular ou mesmo o facto da prova se ter realizado numa hora pouco comum.

Por outro lado, há casos de humildade, mesmo na glória. Emanuel Silva e Fernando Pimenta apuraram-se de forma brilhante para a final de canoagem K2 1000 metros. A dupla fez uma prova exemplar mas o inexperiente Fernando Pimenta, de apenas 22 anos, que compete pela primeira vez numa competição destas, cometeu o erro de olhar para o lado, perto da meta, para controlar a embarcação dos campeões da Europa. Resultado? A dupla fez esforço em alturas diferentes, algo que podia virar a embarcação, podia causar lesões nos braços e arruinar a competição. Felizmente só perderam o primeiro lugar.

No final, o jovem atleta podia ter culpado a água, os remos, o vento, tudo e mais alguma coisa. Mas não, com humildade, disse: "Foi uma azelhice da minha parte. Sou inexperiente nestas provas e olhei para o lado." Gostei de ouvir. A sinceridade não tira mérito à conquista e não faz de Fernando Pimenta um mau atleta. Gostei da atitude e de ter acrescentado a palavra azelhice ao dicionário olímpico.