28.2.15

boa sorte pussies

Aquele momento em que estás a ver o Masterchef e em que percebes que os teus amigos estão todos a dar para chef. Boa sorte pussies! E boa sorte Eva Gonçalves!

Enviado do meu iPhone

27.2.15

e a resposta é...

Faço parte dos 75% (os números podem estar desactualizados) que olham para a foto que publiquei no post anterior e que dizem que o vestido é dourado e branco. Porém, quando vou ao site da loja em questão, vejo claramente que o vestido é preto e azul (as suas verdadeiras cores). Mas sou incapaz de comparar ambas as imagens. A explicação para este fenómeno, que deixou o mundo virtual em alvoroço, está dividida por categorias.

A mais séria explica que “olhos e cérebros humanos evoluíram para ver a cor num mundo iluminado pelo sol”. Como tal, a diferença depende das três tonalidade que vemos ao longo do dia, que cria um eixo cromático e varia entre o vermelho/rosado do amanhecer, passando pelo azul/branco do meio-dia e um fim do dia avermelhado. Existe ainda a teoria de que é uma farsa. Há quem defenda que depende ainda da luminosidade do ecrã onde se está a ver o vestido. E ainda uma que remete para o início deste parágrafo: a ciência que não percebemos/conhecemos. Posto tudo isto, só tenho a dizer que sempre preferi o Power Ranger azul e preto! Este mesmo que aqui partilho.

de que cor é este vestido?


Branco e dourado ou preto e azul?

alguém sabia isto?

Todas as pessoas que trabalham na sétima arte sonham com o dia que são chamadas a um qualquer palco para receber um Oscar. É um desejo mais do que válido. Mas a triste realidade é que apenas um leque restrito de profissionais é que acaba por receber uma das famosas (e desejadas) estatuetas douradas. 

Existe um leque um pouco maior que inclui os nomeados. Aqueles que têm a honra de ver o seu talento reconhecido mas que saem da cerimónia de mãos a abanar. Quer dizer, fiquei a saber que não saem de lá com as mãos a abanar. Podem não receber um Oscar mas recebem um conjunto de presentes que valem uma pequena fortuna. Este ano foi isto que receberam.

Viagens
- Voucher para umas férias de luxo ao ar livre. Incluiu actividades como passeios a cavalo e num balão de ar quente (11.000 euros).
-Pacote férias italianas de nove noites. Inclui estadias em três hotéis de luxo, um deles no Lago Como (10.200 euros). 

Carros e bicicletas
- Serviço de renting – só em carros Audi - durante um ano (18.000 euros).
- Uma bicicleta da Martone Cycling (1000 euros).

Comida
- Doces Vixen (700 euros).
- Pacote Maple Syrup (247 euros).
- Maçãs Ambrosia (66 euros).

Outras coisas
- Serviços de Astrologia (18.000 euros).
- Um voucher alimentar para ser doado a uma instituição aninam da escolha do candidato (9000 euros).
- Lipoaspiração (3600 euros).
- Relógio Slow Mo Hot Pink (239 euros).
- Escova de dentes (88 euros).
- Uma cópia autografada de Archibald´s Next Big Thing, de Tony Hale (18 euros).
- Chinelos (35 euros).
- Desodorizante Dove antitranspirante ( 4 euros). 

Sexo
- Couple Love Shots, uma invenção do Dr. Charles Runels, que pretende aumentar o prazer e intimidade do casal (4400 euros).
- Vibrador (221 euros).
- Dois conjuntos de luxo de dois preservativos (25 euros).

quando o amor é afinal uma doença

Existem histórias de amor que duram uma vida. Existem outras que são confundidas com amizade. Outras ainda que apenas preencheram um vazio momentâneo na vida de alguém. Existem histórias de amor que acabam ainda antes de começarem. Existem histórias de amor que são confundidadas com desejo físico. Algumas duram o tempo da relação sexual. E outras ainda são dignas de um conto e que são perpetuadas no tempo com um “foram felizes para sempre”.

Mas, em nenhuma destas histórias alguém é dono de alguém. Amar não é uma pessoa mandar noutra. Amar não é alguém anular-se porque outra pessoa assim o exige. Amar não é alguém anular-se porque tem medo de outra pessoa. Quem ama não ameaça. Quem ama não persegue. Quem ama não bate. Quem ama verdadeiramente não ousa dizer que vai roubar a vida a alguém que diz amar. Isso não é amor. Isso é uma doença qualquer que impede que exista amor.

Continuo a ficar parvo sempre que ouço histórias que têm algures um “não és meu/minha, não és de mais ninguém” ou um “se me deixas faço-te a vida num inferno” ou ainda um “se me deixas mato-te”. Continuo a ficar parvo com pessoas que se dão ao trabalho de perseguir alguém com quem tiveram uma vida/história em comum. Pessoas que não só perseguem aquelas com quem namoraram/casaram/viveram mas também se dão ao trabalho de atormentar as pessoas com que essas pessoas se relacionam. O mundo está virado do avesso!

a·mor |ô| 
(latim amor, -oris)
substantivo masculino
1. Sentimento que induz a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atracção; grande afeição ou afinidade forte por outra pessoa (ex.: amor filial, amor materno). = AFECTO ≠ ÓDIO, REPULSA
2. Sentimento intenso de atracção entre duas pessoas. = PAIXÃO
3. Ligação afectiva com outrem, incluindo geralmente também uma ligação de cariz sexual (ex.: ela tem um novo amor; anda de amores com o colega). (Também usado no plural.) = CASO, NAMORO, RELACIONAMENTO, ROMANCE
4. Ser que é amado.
5. Disposição dos afectos para querer ou fazer o bem a algo ou alguém (ex.: amor à humanidade, amor aos animais). ≠ DESPREZO, INDIFERENÇA
6. Entusiasmo ou grande interesse por algo (ex.: amor à natureza). = PAIXÃO ≠ AVERSÃO, DESINTERESSE, FOBIA, HORROR, ÓDIO, REPULSA
7. Aquilo que é objecto desse entusiasmo ou interesse (ex.: os livros electrónicos são o meu amor mais recente). = PAIXÃO
8. Qualidade do que é suave ou delicado (ex.: faz isso com mais amor). = BRANDURA, DELICADEZA, SUAVIDADE
9. Pessoa considerada simpática, agradável ou a quem se quer agradar (ex.: elas são uns amores; vem cá, amor). = QUERIDO
10. Aquilo cuja aparência é considerada positiva ou agradável (ex.: a decoração do quarto dos meninos está um amor).
11. Ligação intensa de carácter filosófico, religioso ou transcendente (ex.: amor a Deus). ≠ DESRESPEITO
12. Grande dedicação ou cuidado (ex.: amor ao trabalho). = ZELO ≠ DESCUIDO, NEGLIGÊNCIA

In Priberam (27-02-2015)

26.2.15

amizade verdadeira é...

Discutir com o melhor amigo e passados cinco minutos tudo estar bem como se nada se tivesse passado. Sem cobranças nem julgamentos. É olhar para uma bebida, neste caso J&B com mel onde, na garrafa, a letra “B” é substituída por uma abelha, e fazer piadas com uma pessoa especial. Daí saltar para a música Colmeia do Amor, de Clemente. Daí passar para um “duelo” de músicas populares portuguesas. E tudo acabar com um desabafo: “Não podes deixar de ser o meu melhor amigo. Sabes muitas coisas sobre mim”, diz-me. Se há coisa de que me orgulho é de percorrer o passado e encontrar montes de histórias com amigos. Na minha modesta opinião, isto é um dos sentidos da vida. 

(des)encontros (capítulo sete)


Já a segunda garrafa de Grandjó estava na mesa e João e Jorge continuavam à conversa. “Não te quero demover desta ideia. Não é esse o meu objectivo mas tens a certeza do que estás a fazer?”, perguntou Jorge. “Estás a referir-te ao facto de me ter despedido ou a tua dúvida diz respeito à viagem à Irlanda para tentar encontrar uma mulher com quem estive numa noite?”, questionou João. “Já que colocas as coisas nessa perspectiva, refiro-me aos dois casos”, referiu Jorge. “Então, e como diria Jack, o estripador, vamos por partes”, gracejou.

“Em relação ao emprego, já me tinhas ouvido queixar vezes sem conta. Estava farto e saturado daquele local. Daquele chefe que nasceu para tudo menos para o cargo que ocupa. Não percebe o que faz e é um mau líder. Se esta situação precipitou a minha decisão? Talvez! Se me arrependo do que fiz? Nada! Já trabalhei em centros comerciais e em muitas outras coisas. Se tiver que o voltar a fazer, irei fazer sem qualquer problema. Mas estou a preservar a minha sanidade mental. Podes criticar-me pela forma como saí. Podia ter feito tudo de outra forma, assumo isso mas sabes como sou”, explicou João. “Sei como és. Adoro a pessoa que és e é por isso que te amo como um irmão. Se estás de consciência tranquila, melhor ainda. Não há nada melhor do que ir para a cama de consciência tranquila. Agora, acabas de sair de um emprego de uma forma que acaba por não te defender financeiramente e queres gastar dinheiro que te pode fazer falta numa viagem que é uma autêntica caça aos gambozinos”, refere Jorge.

“Que queres que te diga? Não acredito no amor. Ou pelo menos pensava que não acreditava. E esta miúda em pouco tempo fez-me sentir vivo nesse aspecto. Fez o meu coração bater de forma inesperada. Roubou-me o ar. Parecia que não conseguia respirar ao mesmo tempo que parecia não ter os pés no chão. Há muito que não sentia isso. Se é isto que me faz querer ir à Irlanda? É capaz de ser. Se acredito que a irei encontrar? Não, porque pouco sei em relação aos espaços onde costuma ir. Se isso me preocupa? Nada. Até porque a cerveja é boa. Gosto da cultura deles. Gosto das pessoas que se juntam nos bares ao final do dia de trabalho. E isso chega-me. Se há coisa que não me preocupa é chegar lá e pensar que deitei dinheiro à rua. Acredito que, mesmo não encontrando a Sophia, irei ficar preenchido com a viagem. Irá ajudar-me a encontrar o meu rumo”, justificou João com um tom de voz onde a seriedade e emoção se misturam.

“Queres que vá contigo?”, perguntou Jorge. Ao ouvir aquelas palavras, João chorou. “Estás a chorar porquê? Estás a dar em sentimental?”, brincou Jorge. “Estou a chorar porque sei que és a única pessoa que me diz isso com sentimento. Sei que se te disser que quero que venhas comigo, tu vens. Ao contrário das restantes pessoas que fazem essa pergunta na esperança de que responda que não e com medo que diga que sim, algo que as levava a inventar desculpas para não ir”, disse João, ainda com lágrimas nos olhos. “Deixa-te dessas merdas que isso não é conversa para mim. Queres que vá? Dizes que sim e preparo tudo em casa pois a tua amizade diz-me muito”, insistiu Jorge. “Não, não quero que venhas comigo. Não te posso pedir que gastes dinheiro quando tens uma filha e um enteado em casa para sustentar. Nem sequer quero que possas ter problemas em casa por minha causa. Será uma viagem sozinho. Mas agradeço-te”, refere João enquanto bate com a mão direita no coração.

“Fode-te com essa conversa. Queres ou não que vá contigo?”, voltou a perguntar Jorge. “Não! Não quero mesmo. Obrigado mas não quero”, respondeu João. “Bem, nesse caso vou ali tratar de uma coisa”, disse Jorge. “Também não é preciso ficares assim. Não quero pelo teu bem. Não acho necessidade que tenhas de gastar dinheiro num devaneio meu. Mas não quero que te zangues comigo por causa da minha decisão”, referiu João, preocupado com a reacção do melhor amigo. “Não sejas parvo. Achas que me vou chatear contigo por causa disto? Vou ao carro buscar o computador para se fazer a reserva da tua viagem. Não queres que vá mas faço questão de te pagar uma das viagens. É o mínimo que posso fazer por ti”, disse Jorge. João voltou a chorar enquanto o amigo se afastava.

sexualizar a mulher

Peço que vejam este vídeo com o máximo de atenção antes de lerem o texto.


Trata-se do anúncio ao telemóvel mais fino do mundo. Algo que se percebe apenas no final do anúncio quando a mulher se apercebe de que passou a camisa a ferro com o Kazam Tornado 348, que começa a tocar, no bolso da peça de roupa. Este anúncio foi banido no Reino Unido. E o motivo é apenas um: sexualiza as mulheres. Isto porque contém cenas “sexualmente sugestivas”, o que “poderia ofender alguns telespectadores”. Existiram oito queixas de telespectadores que consideram que o anúncio transforma a mulher num objecto além de não existir nenhuma relação com o produto que se tenta comercializar.

Em sua defesa, a marca explica que a ideia que tentaram passar é a de que o aparelho é tão fino que pode facilmente ficar esquecido no bolso de uma camisa. E que isto foi aliada a algo normal, ou seja, alguém que está em roupa interior e que passa roupa antes de sair de casa. Estes argumentos não foram aceites pela ASA (entidade que regula a publicidade britânica). “Muito do anúncio foca-se apenas na actriz em roupa interior, incluindo cenas que mostram diversos planos próximos dos seus seios, nádegas e lábios, o que consideramos sexualmente sugestivo”, defendem. A ASA acrescenta ainda que a música e a voz off em nada ajudam, salientando que o foco na mulher não tem qualquer relevância para o produto promovido.

Esmiuçando isto, acho que todas as pessoas (homens e mulheres) passam roupa em lingerie, nus ou com a toalha do banho à volta do corpo. Nesse sentido, acho que não existe motivo para alarme. Acho também que as pessoas responsáveis pelo anúncio podiam ter escolhido uma actriz com um peito maior e que usasse uma lingerie muito mais ousada. Algo que não fizeram. Por isso, isto também não me choca. Tal como não me chocava caso fosse um actor com o corpo definido a passar a roupa apenas com uns boxers vestidos. Também não acho que existam demasiados planos (e isto já explico melhor) do corpo da actriz nem considero que a música seja inadequada.

Por outro lado, acho totalmente desnecessário (porque não acrescenta nada ao anúncio) que exista um plano em que a mulher morde os lábios, outro em que passa com a mão entre as mamas e mais um onde percorre a perna com uma mão. Neste sentido estou de acordo que sexualiza a mulher e que nada acrescenta ao anúncio. Acho que também não pretende fazer da mulher “burra” pois a ideia é que o telemóvel é tão fino que nem se dá por ele numa tarefa tão simples como passar uma camisa a ferro. Como tal, se retirasse os três planos de que falei, acho que o anúncio seria o mais normal possível. E se não tivesse sido banido, provavelmente poucas pessoas seriam aquelas que o iam conhecer.

A polémica em torno deste anúncio transporta-me para uma outra questão. Existem pessoas que se chocam com anúncios como este. Acham indecente porque fazem da mulher um mero objecto sexual. E neste domínio nada tenho contra quem o defende. Mas, filmes como As Cinquenta Sombras de Grey não banalizam muito mais a mulher. Não fazem da mulher um mero objecto sexual? Ou será que por ser um filme não tem tanto relevo como um anúncio de telemóveis?

sim, é publicidade. sim, vale a pena ver





Só agora descobri esta campanha publicitária que já tem dois anos, se não estou enganado. O título escolhido é People in Need e dá que pensar. Não consigo colocar em palavras o impacto que senti quando me deparei com a mistura de artigos de “luxo” com pessoas necessitadas que vivem numa realidade muitas vezes ignorada. Tal como o impacto de comparar preços daquilo que é dado a conhecer nesta campanha publicitária que opõe a sociedade moderna materialista com a triste realidade de países do terceiro mundo. Deixou-me a pensar na minha vida. E acho que o objectivo era mesmo esse.

álcool e relações

Ele: "Mas tu disseste que me amavas"

Ela: "Eu estava bêbeda"

Ele: "Mas o nosso namoro durou dois anos"

Ela: "Eu bebo muito"

Há coisas que não se misturam muito bem.

Enviado do meu iPhone

25.2.15

aquele momento #26

Aquele momento em que entras na redacção e te deparas com mais de duas dezenas de crianças (alunos do quinto ano) que vieram visitar a redacção e perceber o funcionamento da publicação. Momento esse em que entras com um bolo de aniversário que foi deixado na recepção e que decides oferecer aos jovens. Momento em que estás vários minutos a cortar o bolo e a fazer conversa com as crianças. Momento em que ficas a saber que o único aluno que tem o mesmo nome do que tu, chumbou. Momento em que dizes a um menina que tem os olhos muito bonitos e elas responde: “eu sei”. Momento em que uma menina te diz que pinta as unhas porque a mãe é manicure. Momento em que as crianças brincam contigo. Momento em que te chamam senhor e tratam por você. E um momento especial em que uma menina faz questão de ficar para o fim, certificando-se que os colegas comem todos bolo primeiro do que ela e a quem ofereces dois livros pela atitude demonstrada. Ganhei o dia. Obrigado a todos pelo momento divertido.

as cinquenta sombras de grey é o melhor filme erótico de sempre

Há quem defenda que o filme As Cinquenta Sombras de Grey é o melhor filme erótico de sempre. Acho que esta opinião é apenas um reflexo da popularidade gigantesca dos recentes fenómenos literários que acabam por chegar ao cinema. É a mesma coisa que dizer que os filmes da saga Twilight são os melhores filmes de vampiros da história do cinema. E, na minha modesta opinião, defender estas ideias é apenas um apontamento de humor cinematográfico.

Nos dias que correm, quando se debate ou tenta encontrar o melhor de sempre no que quer que seja, recua-se no máximo cinco anos. Parece que antes disso, neste caso específico, não existiu cinema. Não sei se as pessoas têm memória curta ou se dá muito trabalho realizar um exercício de memória que percorra um passado mais longo do que aquilo que aconteceu ontem ou no mês passado.

Ficando-me pelo cinema erótico. Quem defende que As Cinquenta Sombras de Grey é o melhor filme erótico de sempre já terá ouvido falar de filmes como De Olhos Bem Fechados (1999), Nove Semanas e Meia (1986), Instinto Fatal (1992), Vem Comigo (2005), Crash (1996), Malèna (1996), O Último Tango em Paris (1972), Lolita (1997), Secretária (2002) e Emmanuelle (1974). Isto só para dar alguns exemplos.

Esta falta de memória chega a assustar-me em alguns casos. No que ao cinema diz respeito, não me choca nem incomoda que se defenda o presente como o melhor de sempre ao mesmo tempo que se ignora um passado importante e valioso. O pior é quando este modo de estar/pensar se aplica a coisas muito mais importantes da vida das pessoas e até da história dos países onde vivem. Isso sim, é assustador.

PS – Ainda sobre As Cinquenta Sombras de Grey. Diz que Jamie Dornan, o Christian Grey que está a fazer muito sucesso junto do público feminino, não entra em mais nenhum filme. Parece que a sua mulher não achou piada às cenas de sexo com Dakota Johnson. Parece também que Jamie não sentiu química com Dakota. 

aquilo que poucos percebem. Ou será que preferem ignorar?

“Aquela (porque normalmente são comentários dirigidos a mulheres) pode comer o que quiser. Olha para aquele corpo. A genética favoreceu-a”, é algo que muitas mulheres ouvem. E todas as pessoas conhecem alguém que já teve um desabafo destes ou semelhante em relação a alguém. É um facto que existem pessoas que têm a genética do seu lado. Pessoas que podem comer o que quiserem e abdicar do exercício físico (ou simplesmente não gostam de praticar desporto) sem que isso tenha grande impacto na balança. Só isto já dava pano para mangas pois muitas pessoas confundem ser magro com ser fit e uma coisa não implica a outra. Mas o objectivo deste texto não é esse.





Encontrei esta sequência de desenhos que exemplificam aquilo a que muitas pessoas chamam de estilo de vida. Pessoas que têm hábitos desportivos e alimentares que exigem determinação e empenho sendo que a dose necessária depende de cada pessoa. Detalhes importantes que poucos percebem. Ou será que preferem ignorar? Acredito mais na segunda hipótese que leva à genética para explicar tudo.

“Estás muito mais magro. Qual o teu plano de treinos?”, é algo que me perguntam ocasionalmente. “Não é nada de extraordinário. Costumo treinar cerca de uma hora por dia, cinco dias por semana. Às sete da manhã estou no ginásio e depois vou para o trabalho”, respondo. “Acordar cedo para treinar? Prefiro dormir. Mas já perdia uns quilos. Mas prefiro a minha cama”, dizem-me. “Estás muito mais magro. Qual o teu plano alimentar?”, é outra coisa que me perguntam. Explico o que alterei na minha alimentação e ouço, muitas vezes, lamentos do estilo “sou incapaz de cortar nisto ou naquilo”, ao mesmo tempo que desabafam que preferiam ter outra silhueta.

E é por coisas como estas que achei especial interesse a esta sequência de ilustrações. Que revelam aquilo a que chamo determinação e empenho e que algumas pessoas chamam apenas de genética e sorte que a mesma deu a alguém. É verdade que existem pessoas que têm a genética do seu lado. Mas, a maioria empenha-se num estilo de vida saudável que acaba por ser amigo da genética. Só não vê isso quem não quer. Quem não abdica de nada para lutar por algo que deseja.

24.2.15

verdade ou mito #87

Dormir nu: sim ou não? Será que existem benefícios em dormir sem roupa? Diz que dormir sem roupa ajuda a equilibrar os níveis de melatonina (hormona que tem um papel activo na regulação dos ritmos biológicos) e da hormona do crescimento. Além disso, dormir sem roupa ajuda a pele a respirar. Dormir nu ajuda ainda o corpo a manter a temperatura adequada de modo a que o corpo produza cortisol, uma hormona fundamental na resposta ao stress. Isto será verdade? Será que faz sentido? Ou será mito? Porque nada disto está relacionado com o facto de se dormir nu. Verdade ou mito?

os memes dos óscares. ou lady gaga e companhia

Acho que não existe nenhum evento com a dimensão dos Óscares que não fique marcado por determinados momentos que acabam por correr o mundo enquanto provocam diversas brincadeiras. Quanto maior e mais prestigiante/importante for o certame, maior é a probabilidade de existirem momentos que vão dar que falar. Na 87ª edição dos Óscares a fava saiu a Lady Gaga. Melhor, às suas luvas. Mas a cantora não foi a única visada dos memes que andam a circular net fora e que aqui partilho. Existem muitos outros.

Só faltava a vassoura.

Alguém que mostrou uma luvas "iguais".

O avental que faltava.

Como cantou Música no Coração, alguém adaptou as luvas ao filme.

A loiça que ficou por lavar.

Nicole Kidman foi comparada a uma embalagem de Raffaello.

O Grito de Meryl Streep.

Marion Cotillard viu o seu vestido comparado com plástico...

... e com sushi.

Leonardo DiCaprio construiu os Óscares oferecidos pela Lego.


não havia necessidade (ou quando elas dão tiros nos pés)

Ontem, quando falei dos Óscares neste post, partilhei uma imagem do vestido que Irina Shayk escolheu para levar à festa da Vanity Fair, que aconteceu depois do mais importante evento cinematográfico do mundo. Na altura, brinquei pedindo que alguém alertasse a manequim russa para o facto de só ter levado metade do vestido ao evento. Entretanto já passou mais um dia e Irina Shayk está a ser arrasada, talvez seja mais justo dizer criticada, pela imprensa internacional que analisa detalhadamente cada um dos modelos escolhidos pelas celebridades num dia tão importante.


Depois de ter brincado com o vestido, partilho aquilo que não é mais do que a minha opinião masculina sobre a roupa que Irina Escolheu. E que pode ser resumida por algo como: não havia necessidade. Mas, primeiro vamos a factos. Irina Shayk tem um corpo escultural. O próprio vestido deixa isso meio a nu. Por isso, de um ponto de vista meramente físico, não passa vergonha nenhuma ao expor grande parte do corpo que é também a sua ferramenta de trabalho. Por outro lado, trata-se de uma criação Versace. Provavelmente será um vestido bastante caro e inacessível para muitas carteiras. Se a marca do vestido e o corpo de Irina chegam para um casamento perfeito? Do meu ponto de vista, não! Resulta em algo onde não existe classe e onde a imaginação nada tem para trabalhar. Pelo menos nada que vá além da solução caso queira ir à casa-de-banho a meio da festa.

Há quem defenda que é tipo de vestido “estou aqui! estou aqui”, algo que tem alguma lógica. Até porque Irina Shayk tem muito nome em Portugal e noutros países mas não o tem nos Estados Unidos da América (onde o futebol passa despercebido a muitas pessoas). Nos EUA há quem se refira a ela como a manequim que aparece na Sports Illustrated. Por isso, não é descabido que seja um vestido pensado no destaque que acaba por ter um pouco por todo o mundo. É a velha história, que muitos defendem, de que não existe má publicidade. Existe ainda a teoria de que foi para picar Cristiano Ronaldo. Para mim esta é uma opção muito rebuscada e sem sentido.

Voltando ao motivo deste texto, que é a minha opinião masculina sobre o vestido de Irina Shayk, não gosto. Simplesmente porque não gosto de mulheres que não dão espaço de manobra à minha imaginação. Tal como prefiro simplicidade e low profile em detrimento de opções que mais parecem sinais em néon e que parecem um megafone a tentar captar a atenção de todas as pessoas. E considero que algumas mulheres falham no momento de ter em conta a simplicidade. Ou, por outras palavras, acham de forma errada que não se destacam com simplicidade.

São aquelas mulheres para quem um fio não chega. Tem de ser um colar, sete anéis, cinco pulseiras e todos os acessórios que ainda se consigam encaixar no look, mesmo que não combinem uns com os outros. São aquelas mulheres para quem não basta um creme e pouco mais do que isso no rosto. São quatro cremes diferentes e mais 75 produtos de maquilhagem e isto apenas no rosto e todos aplicados sem qualquer sentido. E são também aquelas mulheres que acham desnecessário o homem imaginar o corpo que se esconde por baixo das roupas. São aquelas mulheres que julgam, de forma errada, que a discrição e simplicidade não são apreciadas pelos homens. E achar isso é um tiro nos pés.

pelos vistou sou uma matrafona

“Tio, essa camisola que tens é de menina”, diz-me a minha sobrinha ao almoço.

“Porque é que dizes isso?”, pergunto.

“Porque a camisola tem meninas”, explica.

“E se é de menina estás vestido à matrafona”, acrescenta entre risos, em alusão ao que viu no Carnaval de Torres Vedras. Já agora, a tshirt em questão era esta. E se ela quer que seja matrafona, serei com todo o gosto!


23.2.15

stripper que há em ti. em mim. em nós.

Há quem defenda que existe pelo menos uma (ou várias) música que tem um poder especial. É aquele tema que leva a pessoa para um outro nível. É aquela canção que dá vida ao (à) stripper que existe em cada pessoa. Com essa música surge o desejo de dançar de forma diferente. Há quem não resista a músicas mais modernas. E há quem fique a conhecer o (a) stripper que vive em si com músicas mais antigas. Numa rápida pesquisa no Google é possível encontrar listas de músicas que são vistas como as ideais para soltar o (a) stripper que há em nós. Acredito que existe um fundo de verdade nisto, mesmo que não se queira assumir. Ou não?     

se te lembras disto #10


Se te lembras disto é porque os teus pais foram obrigados a comprar uma para aprenderes a tocar na escola primária. Se não só te lembras disto como tiveste de aprender a tocar, aposto que já está a tocar – na tua cabeça – a música Alecrim (alecrim, alecrim aos molhos. Por causa de ti choram os meus olhos. Ai meu amor, quem te disse a ti, que a flor do monte era o alecrim). E tenho a certeza de que estás a pensar se ainda sabes tocar a música. 

cenas várias (ou quase tudo) sobre os óscares

Ontem foi noite de Óscares. Assumo que ainda tentei ver mas fiquei-me pela brilhante entrada de Neil Patrick Haris. Ainda consegui ver um ou dois troféus e o Adam Levine a cantar a música com que os Maroon 5 concorriam a uma estatueta dourada mas fiquei-me por aí. Até porque nunca tive a febre de ter obrigatoriamente de assistir à cerimónia em directo. Não faz o meu estilo. E aplico o mesmo ao Super Bowl e a outros eventos do género. Não me importo de ver tudo no dia seguinte.

Da noite de ontem, existem coisas que quero destacar. A começar pelo apresentador. Neil Patrick Harris, para mim será o eterno Barney Stinson, é brilhante. Foi uma boa aposta e não defraudou. Mais do que um bom actor, é um extraordinário entertainer, algo que ficou evidente. Até apareceu em cuecas, numa alusão ao filme Birdman.


Por falar em Birman (A inesperada virtude da ignorância), este filme foi o grande vencedor da noite, que tem como dado curioso a entrega de prémios a todos os filmes candidatos a melhor filme (estatueta entregue a Birdman, com Iñárritu a conquistar também o Óscar de melhor realizador). Dos filmes a concurso foi o único que vi mas atrevo-me a dizer que estes galardões são mais do que justos. Espero ver os restantes para certificar a minha opinião.


E falando em estatuetas douradas, é impossível não destacar o gesto da Lego, que também foi a concurso com uma música do seu filme de animação, que ofereceu as famosas estatuetas douradas, feitas com as famosas peças, a algumas celebridades, entre elas Oprah. Pessoalmente, já ficava feliz com um destes Óscares.


Não é a minha praia porque a minha análise às roupas não vai além da opinião baseado naquilo que os meus olhos estão a observar. Mas, mesmo assim, escolho aquelas e aqueles de que mais gostei. Rosamund Pike e sobretudo Lupita Nyong'o são as minhas preferidas. Mas tenho de destacar também Jennifer Aniston (esta mulher tem sempre algo de especial) e Scarlett Johansson (que formou uma girls band).





Quanto a eles, fatos escuros são fatos escuros mas há sempre quem os consiga vestir melhor do que outros. Chris Pratt (o grande Star Lord), John Legend, Channing Tatum (perdeu aquele ar “esquisito” que tinha) e Chris Evans estavam muito bem. Gostei!





Por fim, alguém avise a solteira e cobiçada Irina Shayk que só levou metade do vestido a uma das festas que tiveram lugar depois da 87º edição dos Óscares, que decorreu no Dolby Theatre, em Los Angeles.

missão sem blogue mas com copo #1 e #2

De uma brincadeira, leia-se foto de um brinde entre amigos, nasceu a ideia para um novo espaço aqui no blogue. A que dei o nome de missão sem blogue mas com copo. E o título diz tudo, ou seja, a minha ideia é fotografar um copo na minha mão sempre que estiver num novo espaço. Não importa se é o restaurante mais luxuoso ou a tasca mais simples. Se estou lá e de copo na mão tiro uma foto. Também não importa se estou a beber água, sumo, vinho ou outra bebida qualquer. Se o copo tem líquido e está na minha mão, fotografo. Para começar, partilho as duas primeira fotos neste registo.

#1 A Nova Pombalina (Lisboa) SLB (Sumo Laranja Banana)

#2 A Restinguinha (Setúbal) Vinho tinto da casa

20.2.15

querem saber qual é a sensação?

Semana após semana, mês após mês, surgem dezenas, centenas, milhares de vídeos motivacionais que têm como objectivo criar o desejo e a vontade de praticar desporto. São aqueles vídeos que ainda vão a meio e a pessoa (em alguns casos) já está com vontade de começar a correr ou praticar outra modalidade qualquer. Confesso que tenho algum encanto por vídeos destes onde uma história fantástica se mistura na perfeição com as imagens certas e a música adequada. Não preciso deles para ter vontade de praticar desporto mas gosto de ver alguns, desde que bem feitos. Mas, até hoje, nunca tinha visto um vídeo tão bom como este que aqui partilho e que conta a história de Ronnie Goodman, um sem-abrigo que já esteve preso, que já foi viciado em diferentes drogas e que adora correr.


Todos os corredores têm um motivo é o título dado ao vídeo que se tornou viral e que só conheci hoje. O vídeo é apontado como motivacional mas não é isso que me encanta. O motivo pelo qual gosto deste vídeo, ou da história de Ronnie, é porque explica na perfeição a sensação de correr (neste caso) ou, de uma forma mais geral, praticar outro desporto qualquer. As palavras deste atleta conseguem passar a mensagem perfeita daquilo que se sente durante o exercício físico, mesmo que o destinatário das palavras seja alguém que nunca praticou qualquer desporto.

“É como se não estivesse ali”, explica. “Estou noutro sítio qualquer. Sinto que estou dentro de mim. É um momento espiritual”, prossegue. “Se correr duas horas sou livre durante esse tempo”, acrescenta. “Quando corro as pessoas não olham para mim como um sem-abrigo” e “tudo está em paz” são apenas mais dois exemplos de palavras escolhidas por Ronnie para explicar a sensação de correr. E isto explica na perfeição (e com a maior das justiças) o que é correr ou praticar desporto.

As pessoas são olhadas de lado nos mais diversos domínios das suas vidas. Existem etiquetas e rótulos para todos. Menos quando se pratica desporto. Numa corrida ou num jogo de futebol, apenas para dar dois exemplos, não existem doutores, engenheiros e ignorantes, não existem chefes e empregados, não existem diferenças. Existem apenas atletas que retiram prazer de algo tão simples como a prática desportiva. E aquele mais olhado de lado tem a capacidade de ser o melhor de todos naquele momento.

Depois, e quem pratica desporto com regularidade pode confirmar isto, existe paz. Em alguns momentos é a única paz do dia. Só quando se pratica desporto é que tudo está bem. Os problemas parecem desaparecer durante os minutos ou horas em que se dá tudo numa corrida ou noutra modalidade qualquer. Como diz Ronnie, existe paz e liberdade. E realmente parece que a pessoa não está ali. E, por mais fraca que acredite ser, quando pratica desporto sente-se capaz de tudo. Sente-se a pessoa mais forte do mundo. E é por isto que fiquei fã deste vídeo. Está tudo explicado.

gordura no monte de vénus

Existe uma parte do corpo feminino que é conhecida como Monte de Vénus. Para quem não sabe, trata-se da área triangular carnuda acima da vulva. Área essa que protege o osso púbico durante as relações sexuais. Ao que parece, o excesso de gordura nesta zona do corpo incomoda muitas mulheres. Sobretudo quando têm o desejo de usar roupas justas, efectuar desporto ou fazer sexo.

Como não existe uma dieta especial ou específica para reduzir a gordura no Monte de Vénus, a nova moda, no que a cirurgias estéticas diz respeito, passa por operações (custam cerca de dois mil euros em Espanha) que resolvem o problema. Por outras palavras, que reduzem a dimensão do monte. Este tema está a ser cada vez mais badalado porque as manequins – tal como acontece na última edição do especial de Verão da Sports Illustrated – revelam uma preocupação cada vez maior com esta parte do seu corpo. Parece também que ano após ano verifica-se um aumento de 50 por cento nas pesquisas efectuadas no Google sobre este tema.

Este é apenas o mais recente episódio/tendência/moda em torno da perfeição feminina. Perfeição essa que muitas mulheres exigem a si mesmas. Há quem defenda que esta nova obsessão feminina está relacionada com o destaque cada vez maior dado à referida zona do corpo. Pessoalmente, acho que hoje é o Monte de Vénus. Amanhã é a celulite. Depois é a barriga tonificada. Depois as mamas perfeitas. E também o rabo tonificado. Isto num ciclo vicioso sem fim onde tudo se repete vezes sem conta e onde a perfeição é aquela cenoura que está presa a um fio e por mais que se corra ela estará sempre à mesma distância.

Em 2013 elas andavam loucas com o tight gap. No ano seguinte foi a bikini bridge. Este ano começa com o Monte de Vénus e daqui a pouco tempo irá falar-se de outra coisa qualquer. Para mim, o mais preocupante é que muitas pessoas não tenham a capacidade de olhar para uma revista ou produção com manequins e perceber que aquilo é assim por uma questão acima de tudo comercial. As revistas, como acontece com a Sports Illustrated, têm a obrigação de se reinventar a cada número. Tem de ousar mais, de mostrar algo novo e diferente. Mas isso não significa que seja uma regra obrigatória para a população mundial feminina. Se um dia, uma manequim fizer capa da revista com a tatuagem Boner Garage, no Monte de Vénus, acompanhada de uma seta que aponta para baixo (como acontece com uma personagem do filme Trip de Família) será que todas as mulheres vão a correr fazer uma igual?

sem palavras. só suspiros #1






19.2.15

(des)encontros (capítulo seis)


João acabara de se despedir. Encaminhava-se para a porta enquanto pensava que finalmente tinha tido coragem para tomar uma atitude com a qual apenas sonhara e que nunca julgara ser capaz de concretizar. E quando pensava no dia em que dissesse ao chefe que não aturava mais as suas atitudes acreditava que seria consumido imediatamente pelo arrependimento. Porém, caminhava em direcção à porta do escritório com uma sensação de liberdade que não sentia há muito. Mais do que orgulho pessoal pelo que tinha feito, acreditava ter tomado a decisão certa.

Já na rua, lembrou-se de enviar uma mensagem para Jorge, o seu melhor amigo. “Queres ir jantar ou beber um copo logo?”, perguntou. Minutos depois a resposta. “Sabes que dia é hoje? Nunca queres combinar nada durante a semana. O que se passa contigo?”, foi a resposta. “Sei que dia é hoje. E sei que não te costumo convidar para nada durante a semana. Aliás, recuso os convites que me fazes. Mas preciso de falar contigo. Se quiseres jantar, agradeço a companhia”, escreveu. “Chinês do costume, às 20 horas, para recordar os bons velhos tempos enquanto bebemos uma garrafa de Grandjó?”, perguntou Jorge. “Está feito. Até logo. Beijos”, gracejou como era seu hábito.

Durante o resto do dia evitou o contacto com a família. A decisão que tinha tomado a quente, mas da qual estava seguro, fazia com que temesse uma reacção negativa da parte da família. Como tal, decidiu ir para casa. Quando chegou entregou-se à Playstation e ao jogo GTA V. Aliás, jogar mata mata online era a melhor forma para lidar com os momentos em que estava preocupado, chateado ou em que tinha algo a matutar na cabeça. Minutos depois fartou-se e decidiu ir correr na marginal. Vestiu-se, colocou o relógio no pulso e prendeu o iPod shuffle aos calções. Há meses que não mudava as músicas que considerava ideais para correr. Optou pelo modo aleatório e saiu de casa.

Ainda no elevador fazia alguns alongamentos e cantava como se estivesse num local ao qual ninguém tinha acesso. Contudo, a meio da viagem, e sem que se apercebesse, o elevador parou. No momento em que cantava uma das suas músicas preferidas para correr – Fight to Survive, de Stan Bush – deu de caras com o casal do terceiro andar que não evitou rir no momento em que a porta do elevador se abriu. Sem perder a postura, e como se nada fosse, disse boa tarde e informou que o elevador ia descer. E continuou a cantar. De forma mais discreta, mas sem parar. Assim que o elevador parou, despediu-se dos vizinhos e colocou o volume no máximo. Assim que saiu do prédio, colocou a música do início e começou a correr em direcção à marginal.

“I've worked hard every night and day. So I'm prepared to make my way. Mind and body are the perfect team. Now's my chance to live my dream. I'm taking hold of every moment. Given strength by the breath of life. I'm gonna stake my claim. I fight to survive”, era o que cantava a cada passada. Nunca aquelas palavras lhe tinham feito tanto sentido. Há muito que não corria na marginal aquela hora. Já nem se lembrava da sensação de paz que sentia no momento em que a sola dos ténis pisava o chão de forma suave enquanto observava o rio do seu lado direito. As corridas permitiam-lhe abstrair-se do mundo, focando-se apenas nos detalhes que iam do casal que se beijava apaixonadamente no pontão até ao cão que avistava ao longe sem saber como ia reagir à sua passagem. Os mais de sete quilómetros que correu foram passados a pensar na decisão que tinha tomado e no que ia fazer agora.

Ao contrário do que costumava fazer quando acabava de correr, ficou junto ao rio ao olhar para a paisagem. Como se tivesse a certeza de que seria a sua última oportunidade para observar aquela paisagem. Olhava para cada detalhe como se o quisesse gravar para sempre na sua memória. Não encontrava explicação para o que estava a fazer mas sentia-se incapaz de sair dali. Mais de trinta minutos depois, e quando o Sol começava a desaparecer, encaminhou-se para casa ao som de You´re the Best, de Joe Esposito, outra das suas músicas de eleição para correr. “History repeats itself. Try and you’ll succeed. Never doubt that you’re the one. And you can have your dreams You’re the best! Around! Nothing’s gonna ever keep you down. You’re the Best! Around”, era o que ouvia. Curiosamente, também aquela letra nunca lhe tinha feito tanto sentido.

Como tinha tempo aproveitou para fazer algo que não fazia há muito. João encheu a banheira de água quente e por lá ficou até que a mesma começasse a arrefecer. Seguiu-se um duche e estava na hora de ir ter com Jorge ao restaurante onde tinham hábito de jantar pelo menos uma vez por semana há alguns anos. Jeans, a primeira t-shirt que apanhou, Stan Smith e um casaco. Pegou na carteira, nas chaves de casa, do carro e nos óculos escuros. Quando chegou ao carro soltou uma gargalhada por ter os óculos escuros na mão. Já não precisava deles porque a noite já tinha caído mas tinha o hábito de pegar sempre nos seus Komono pretos.

Quando chegou ao restaurante recordou os antigos e regulares jantares com o seu melhor amigo, numa altura em que ambos eram solteiros. Agora, Jorge estava numa relação longa e até já tinha uma filha. Lamentava a ausência daqueles jantares mas nunca se tinha sentido triste com o final dos mesmos pois entendia que faziam parte de um determinado momento da vida de ambos e era normal que não fossem eternos. Mas estar ali fez com que recordasse memórias que lhe eram especiais. “Boa noite! É uma mesa para dois se faz favor”, disse ao mesmo empregado de antigamente que, tal como no passado, o recebeu com um sorriso. “Esqueça. Está ali o meu amigo. Vou sentar-me com ele”, explicou.

Depois de um apertado abraço a Jorge, sentou-se. Instantes depois aproximou-se o empregado da mesa. “Pode trazer dois crepes e  uma garrafa de Grandjó enquanto escolhemos a comida. E coloque outra no congelador que esta não deve ser a única se faz favor”, disse João. “Então? Que se passa contigo? Estás bem?”, perguntou Jorge ao estranhar o comportamento do amigo. “Está tudo bem. Tinha saudades de jantar contigo nestes moldes”, respondeu João. “Vai-te lixar! Conheço-te melhor do que isso. O que se passa?”, insistiu Jorge. “Está tudo ok. Despedi-me”, disse João com a maior naturalidade do mundo.

“Des quê?”, reagiu Jorge com espanto. “Estás a brincar comigo não estás?”, perguntou. “Há muito que te digo que estava farto das merdas do meu chefe. Hoje mandei-o à merda, virei-lhe costas e saí”, explicou João esperando ouvir uma repreensão do amigo. Algo que não aconteceu. “Se achas que foi a melhor decisão, apoio-te ao máximo. E estou aqui para o que precisares”, disse. “Obrigado. Era mesmo só isso que precisava de ouvir”, agradeceu João. “Conheço-te ao ponto de saber que não tomavas essa decisão sem ter algo em mente. O que vais fazer?”, inquiriu. “Por acaso tomei esta decisão a quente mas estou a precisar de umas férias. E este é o momento ideal para as gozar”, explicou.

“Férias?!? Tu?!? Nunca queres ir para lado nenhum”, soltou Jorge. “Mas agora quero”, afirmou João com um sorriso nos lábios. “Uiiiii. Palpita-me que este é o momento em que aquela rapariga que conheceste no outro dia vai fazer parte da conversa. Como é que ela se chama? Carla?”, perguntou Jorge. “Sophia. O nome dela é Sophia e pode ser que venha a fazer parte destas férias. Vou até à Irlanda à procura dela”, explicou João. “Tenho algumas poupanças e vou juntar as férias à tentativa estúpida, e assumo isso, de encontrar a mulher que mexeu comigo como há muito ninguém mexia”, contou. “Esta é aquela parte em que deveria revelar a minha surpresa mas conhecendo-te como conheço, não fico surpreendido e sei que nada nem ninguém te irá convencer do contrário. E tinhas razão”, referiu Jorge. “Como assim? Tinha razão no quê?”, perguntou João. “Uma garrafa de Grandjó não vai chegar”, referiu Jorge.

o que farias?

Vamos supor que existe um comando que permite pausar o mundo. Por outras palavras, o dono do comando tem a possibilidade de parar a rotação da Terra ao mesmo tempo que pode aproveitar esse momento para fazer o que quiser e com quem quiser. Sendo que cada pessoa só pode usar o comando uma vez. Se este comando estivesse nas tuas mãos... o que farias?

agora escrevo eu #32

Depois de alguns meses de ausência, volto a dar vida a este espaço onde publico os textos que me enviam. Para já tenho de pedir desculpa a quem me enviou textos que ainda não publiquei. Peço desculpa pelo meu desleixo mas todos os textos vão ter o seu espaço aqui. Recordo também que quem quiser participar – pois esta rubrica não tem data de validade – só tem de enviar um email para homemsemblogue@gmail.com com o seu texto e com “agora escrevo eu” no assunto do mesmo. Identificar o autor do mesmo é algo que deixo ao critério de quem envia o texto.

Para recuperar este espaço publico um texto de Ana Tavares, autora do blogue A mamã é só Minha, e que tem como tema a polémica em torno dos sacos de plástico que passam a ser vendidos a dez cêntimos. Será que pagar por um saco faz de nós amigos do ambiente? Será que é assim que se resolvem os problemas? Ou será que nos querem enganar fazendo de nós amigos do ambiente a troco de dez cêntimos o saco? No seu texto, que começou por ser um desabafo na sua página pessoal de facebook, Ana defende o seu ponto de vista, recorrendo também a duas imagens para passar a sua mensagem.

“0,10€ por um saco de compras?

A sério? UAU! Parece que, finalmente descobriram a fórmula mágica para acabar, com essa praga de sacos inúteis. Vou começar a dar esse dinheiro todo por um saco, como penalização pelas poucas vezes que me esqueço de levar o meu saco amigo do ambiente às compras, e pelas vezes que preciso de sacos de plástico para colocar nos baldes de lixo e da reciclagem cá em casa. Senhores governantes, já pensaram que, se calhar, graças às vossas políticas de austeridade, há por aí muitos portugueses que nem dinheiro têm para comprar sacos reutilizáveis? Se calhar não! Pessoas, que “enchem o papo”, à custa do povo, dificilmente têm a capacidade de se colocar no lugar do outro.

É isso mesmo, levem tudo o que puderem, extorquem-nos até ao tutano! Alguém tem de pagar os vossos carros de alta cilindrada, não é? Já agora, até posso dar uma sugestão, e que tal começarem por dar o exemplo e trocarem os vossos luxuosos automóveis por carros eléctricos? Se calhar fazia alguma diferença no ambiente, não?

Esta medida não vai melhorar em nada o ambiente, apenas vai penalizar os portugueses. Porquê? Porque a culpa não é dos sacos. Se os sacos vão parar ao mar, conforme alegam, a questão é outra: falta de civismo.  Considero uma tremenda injustiça castigar uma nação inteira, porque há pessoas que não são responsáveis pelos sacos que usam. Provavelmente são as mesmas que atiram beatas para o chão, lenços de papel, e outro lixo…  E que tal apostarem mais na educação? Seria bem mais benéfico e traria resultados em mais áreas.

Não tenho formação na área do ambiente, mas tenho outra coisa, que vocês governantes, que apenas sabem subir e aplicar impostos, não têm! Tenho um enorme respeito pela Natureza. Reciclo tudo, mesmo tudo! Sou dos melhores exemplos que conheço a poupar água. Sempre que possível compro o que é nosso, para evitar que os produtos viagem kms. Olho para as embalagens e escolho com consciência.


E é aí que deviam intervir, só para começar. Que tal aplicar multas às empresas que enganam o consumidor com grandes embalagens mal cheias e que não respeitam o meio ambiente? Proibir a entrada de produtos em Portugal com embalagens mal cheias, e criar uma lei que obrigue as nossas empresas a ajustar as embalagens/invólucros à quantidade de produto. Pegávamos em menos peso a transportar as compras pelas escadas acima e poupávamos também dores de costas e idas ao centro de saúde, comprávamos menos medicamentos e fazíamos menos lixo… Com um simples gesto como este, ficávamos todos a ganhar, inclusive mais espaço na despensa e nos Eco Pontos.

Por outro lado, os transportes de mercadorias ganham mais espaço e podem transportar mais produtos por viagem, reduzindo dessa forma milhares de viagens e também emissões de gases poluentes emitidos pela queima dos combustíveis, que por sua vez, reduz também o aquecimento global.

O que é que vai acontecer agora? Os portugueses vão resistir durante alguns meses e não vão comprar os referidos sacos, optando pelos sacos ditos “amigos do ambiente” (alguém vai ganhar muito dinheiro com isto). Entretanto vão-se esquecendo e habituando-se ao novo preço dos sacos e voltam aos velhos hábitos (alguém vai ganhar muito dinheiro com isto).  Quanto ao ambiente esse vai continuar no esquecimento porque tudo isto não passa de uma manobra para encher os cofres de alguém. Se a preocupação com o ambiente fosse verdadeiramente genuína, havia tanto a fazer…”

Ana Tavares
Autora do blog “A mamã é só minha”