18.2.15

recordar é viver (isto ou pilas aos montes)

Não sei precisar a última vez que tinha ido a Torres Vedras festejar o Carnaval que muitos consideram como o mais português de todos. Mas seguramente que já lá vão mais de duas décadas desde a última vez que lá fui, ainda pequeno, para brincar no meio de toda aquela agitação. Ontem, voltei a ir lá com os meus pais e com a minha sobrinha, que no papel de princesa, teve o seu baptismo no meio de centenas de matrafonas, cabeçudos e largos milhares de foliões e ainda diversos carros alegóricos.

Foram precisos poucos minutos para perceber que a essência e o espírito do recinto são iguais ao que eram quando era mais novo. Continuam a existir famílias que se mascaram e acompanham o corso. Bebés e crianças que também andam mascarados. Mães que levam os filhos mascarados nos carrinhos de bebé. Pessoas que se mascaram apenas para assistir. E muitos foliões que animam o desfile e que não dispensam um (ou vários) copos de vinho e que até assam chouriços nos carros alegóricos. Tudo isto sem confusão. Todas as pessoas brincam umas com as outras apesar de não se conhecerem de lado nenhum.

Uma das minhas memórias mais vincadas dizia respeito ao arremesso de cocotes (pequenos objectos que eram feitos de papel – agora plástico – e restos de serradura e borracha). Quando era mais novo era aquilo de que mais gostava. Os foliões arremessavam os cocotes dos carros e eu devolvia os mesmos. Quando não o fazia, participava em animadas “guerras” com outras pessoas que assistiam ao desfile. Ontem, voltei a fazer tudo isto. Bastou ter o primeiro cocote na mão para dar início a algo viciante. E quero agradecer ao homem que estava a cerca de trinta metros de mim e com quem travei aquilo que parecia ser um jogo de ténis mas com cocotes. Obrigado pelo momento!

A sátira anda perto da perfeição nesta folia que teve o amor como tema na edição de 2015. Na edição deste ano não faltaram políticos despidos e pilas em evidência. Umas a descoberto e outras com um grande destaque, apesar de cobertas, algo que acontece com o boneco dedicado a Cristiano Ronaldo e também a António Costa. Aliás, o actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa era um dos maiores alvos da sátira carnavalesca. Porém, revelou um grande poder de encaixe pois também apareceu lá, de cocote ao peito, divertindo-se e cumprimentando os foliões. Tudo isto fez-me lamentar os longos anos de ausência. Ficou a vontade de voltar já no próximo ano e mascarado, sendo mais uma das matrafonas presentes.

8 comentários:

  1. As palavras de um 'forasteiro' que descrevem tão bem o que é viver o Carnaval aqui! :)))

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  2. Força, Bruno.
    A minha sobrinha(vive agora no Rio) vivia em Lisboa e lecionava em Torres Vedras...e adorava participar no Carnaval.
    Sempre que vejo na TV imagens deste carnaval, lembro-me das palavras dela.
    Pelo que aqui li, é de facto um carnaval entre pessoas que desfilam e as que assistem.
    Gostei.

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  3. Nunca fui ver esse tão aclamado Carnaval, mas confesso que gosto demasiado do "meu" para ir para tão longe ver outro qualquer.

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