A Noruega vai aprovar uma lei que proíbe a mendicidade em todo o país. Pior do que isso, pune com penas até um ano de prisão aqueles que ajudarem os sem-abrigo. Só ficam excluídos os donativos em épocas festivas, a acção das igrejas e das organizações solidárias. Esta decisão está a gerar uma indignação na Noruega e como não podia deixar de ser, a polémica alargou-se a todo o mundo. Primeiro, deve ser salientado que a mendicidade já é proibida em alguns municípios sendo que agora será alargada a todo o país.
Antes de automaticamente me juntar aos indignados, dei-me ao trabalho de tentar perceber melhor qual o objectivo desta medida. E percebi que aquilo que se pretende é criminalizar a mendicidade organizada. E acho que isto é algo que deve ser combatido. Não só na Noruega mas em todo o mundo. Infelizmente, existem redes de esquemas ligados à mendicidade. Pessoas que fazem da mendicidade e da bondade dos outros uma profissão. Pessoas que recorrem a truques absurdos para que os bebés estejam sempre a chorar, apenas para dar um exemplo. Recordo-me de ter visto um jovem que não andava. O rapaz arrastava-se apoiado numa canadiana com o ar mais triste do mundo e aparentando uma grave deficiência física. Quem o visse acabava por ajudar com aquilo que pudesse. Minutos depois, vi esse mesmo rapaz a andar feliz da vida com a muleta atrás das costas. Não passava de um truque para ganhar dinheiro num semáforo pois não tinha qualquer problema. Dinheiro esse que custa a ganhar a outras pessoas.
Acho que este tipo de coisas devem ser combatidas. Porque, quando correm bem e ninguém nada faz, levam a que cada vez mais grupos organizados procurem os países que o permitem. E isso acaba por ser mau para todos. Neste sentido, considero justo que se combata a mendicidade organizada. Mas isto levanta uma questão que faz toda a diferença: o que é a mendicidade organizada? Quem a identifica? Quem consegue definir esse termo na perfeição sem qualquer injustiça? E estas questões fazem com que este tipo de leis se tornem em polémicas, injustas e praticamente impraticáveis. Porque, infelizmente, vão afectar pessoas que não fazem da mendicidade uma profissão mas uma forma de sobreviver num determinado e complicado momento da vida.
Só o avançar do tempo poderá dar a conhecer os resultados práticos de uma medida injusta para muitas pessoas que recorrem à mendicidade porque esgotaram as restantes hipóteses. Uma medida que coloca em causa coisas diversos valores. Infelizmente, cada vez mais a solução passa por colocar todas as pessoas no mesmo saco. Se um faz mal, proíbe-se essa acção a todos e corta-se o mal pela raiz. Esta é daquelas questões que dá pano para mangas e que pode originar um debate sem fim. Proibir a mendicidade e multar quem ajuda de modo a acabar como a mesma é a solução: sim ou não?
Contra os "falsos" mendigos, concordo plenamente. Mas é como dizes, não vai separar os outros que realmente precisam. Se aplicarem essa lei, mas se tomarem medidas que ajudem os sem abrigo, é uma boa ideia.
ResponderEliminarÉ quase impossível. Acho que a mendicidade pode ser proibida mas isso implicava muitas outras coisas em relação aos apoios a quem mais necessita.
EliminarEstá certo que enganar as pessoas a fingir que se tem uma deficiências não é muito correto, mas já pensaram no que as pessoas devem passar (e do quanto precisam do dinheiro) mas chegar a esses estratagemas. Se querem proibir a mendicidade e se querem proibir as pessoas de ajudar, então têm de ter um back-up plan para ajudar os mendigos certo? Refeições para o pequeno-almoço, almoço, lanche e jantar, sítios onde os mendigos possam dormir, cuidados médicos e educação. Senão essa medida não faz sentido e é feita por pessoas sem coração nenhum.
ResponderEliminarInfelizmente há quem faça da mendicidade uma profissão muito bem remunerada. Só que é quase impossível separar estas pessoas dos necessitados. É como dizes, pode e deve ser combatida mas isso implica ajudar pessoas de outra maneira.
EliminarSubscrevo o anónimo
EliminarE tem razão.
EliminarOlá :)
ResponderEliminarAinda estava a ler o teu 1º parágrafo e já estava em sintonia com o que expuseste de seguida.
À primeira vista e sem grande reflexão pode parecer uma medida injusta. Mas, a benesse de se conseguir erradicar a mendicidade organizada das ruas valerá a pena, creio eu. Desde que, simultaneamente, se aumentem os esforços e as condições das organizações e afins cujo objectivo é apoiar as pessoas em semelhantes condições - as que realmente precisam.
Não imaginas a raiva que me mete a "falsa mendicidade" - (chamemos-lhe assim). É que eu, em miúda, sempre fui generosa. A quem cruzava o meu caminho, especialmente em Lisboa, partilhava na medida das minhas posses. Com o passar do tempo fui-me sentido defraudada uma e outra e outra vez, e a ganhar uma raiva a essa gente que nem imaginas. Porque são estes oportunistas mentirosos que fazem de nós desconfiados, menos solidários, que estragam o conceito "caridade" que já foi, algures no tempo, nobre ao invés de palavrão. Portanto, sim, estou com a Noruega.
Que hajam organizações próprias com espaços físicos onde quem quer ajudar se vá voluntariar ou doar o que pode. Onde quem precisa de ajuda sabe onde tem que se dirigir, sem medos nem vergonhas.
Acho que deve ser combatida. Mas isso implica fazer muitas outras coisas para ajudar quem realmente necessita.
EliminarQuem ajuda acaba por ter receio de o fazer com aquilo que vê: precisa ou não?
Pessoas, essa medida aplica-se na Noruega. Lá existem apoios, auxilios. Os que se dedicam à mendicidade fazem-no porque se auto-excluem, não cumprindo regras. O forte apoio social existente na Noruega permite-lhe impôr ordem nas ruas. Acho muito bem.
ResponderEliminarLá está. Fazer algo assim tem de estar associado ao apoio de que falas.
EliminarNão! Terminantemente não!! Isto é uma medida 'preguiçosa' só porque é mais fácil controlar as coisas assim, independentemente de ser justa ou não, e já explico.
ResponderEliminarConcordo contigo, quando dizes que a mendicidade organizada deve ser combatida, sim, mas.. não concordo que o seja deste modo.
Uma das coisas que está errada aqui a meu ver, em primeiro lugar, é as pessoas darem dinheiro a quem mendiga, e aí entram as mendicidades organizadas com toda a força.
A melhor forma de ajudar alguém que realmente necessita, é oferecer-lhe bens finais, em vez de dar uma ou duas moedas, ou até uma nota. Oferecer-lhe comida, roupa ou algo que realmente essa pessoa precisa, até um emprego...
Conheço alguns casos em que esse tipo de atitude foi bastante eficaz, mas dou-te um exemplo muito simples:
Uma mendiga aproxiama-se de filho ao colo, a pedir esmola porque não tinha dinehiro para o alimentar, e precisava comprar leite em pó, visto que era um bebe pequeno, e o leite em pó ainda é caro. A pessoa abordada, tocada com a situação, ofereceu-se para ir até à farmácia mais próxima e comprar o referido leite. Reacção da mendiga/pedinte: foi-se embora e disse que queria era o dinheiro...
Não é 100% eficaz, mas já é algo que toda a gente pode fazer, ou não se dá nada de todo, ou então passa-se por ajudar de outra forma, dá mais trablhao para quem ajuda? dá, claro que dá, também é mais facil dar uma moedita ao mendigo que se aproxima. Mas quem relamente quer ajudar, ajuda.
Porque muitas vezes quem dá a moeda, fa-lo por uma questão de descargo, para não ficar com o peso na consciencia, e para que o seu ego, ao final do dia, lhe diga: és muito bonzinho! até deste uma moeda aquele mendigo hoje! (mas isso são contas de outro rosário que não é este)
Eu defendo mais uma medida que passe pela educação da população, do que propriamente a criação de leis deste tipo...
..eeee dava muito pano para mangas, camisolas, lençóis.... por aí fora.. já me estiquei muito...
Beijinhos
Z.
Então estás a concordar. A mendicidade deve ser combatida proporcionando outros meios de ajuda para quem realmente precisa.
EliminarBeijos
Sim, com essa parte concordo. Só não concordo com es tipo de leis em que cortam o 'mal pela raiz'...
EliminarBeijinhos
Z.
Mas até podem. Se houver garantias de que o outro lado funciona. E isso é o mais complicado.
EliminarBeijos
O suicídio vai aumentar para quem depende de umas moedas por dia.
ResponderEliminarSerá?
EliminarSou licenciada em Sociologia, diz-me, muita dessa gente vê vida no som da moeda a cair, tal como na Quinta -Feira negra muitos foram os que se suicidaram, não fazes ídeia do que pode fazer uma pessoa se matar mas este é um factor
EliminarObrigado pela explicação.
EliminarÉ triste mas a verdade é que por uns vão pagar os outros.
ResponderEliminarIsso é uma triste realidade.
EliminarEsta é uma questão que não é possível responder com um simples "sim" ou "não", é bem mais complexa e infelizmente as pessoas aproveitam-se efetivamente disso para lucrarem.
ResponderEliminarQuando vivi em Lisboa, havia os típicos "cegos" do metro que pediam dinheiro, vi um deles de seguida, a andar na rua, com a "bengala dos cegos" (não sei o nome) debaixo dos braços e a contar o dinheiro que tinha ganho, de cego, nada tinha.
Por estes exemplos e tantos mais, nunca dei dinheiro a pessoas que pediam na rua/transportes públicos.
São coisas dessas que acabam por fazer com que se desconfie de todas as pessoas.
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