“Quando quiser ser mãe, espero engravidar depressa. Acho que
as pessoas colocam tudo em causa quando não conseguem logo”, disse uma amiga
minha, sendo que o “tudo em causa” diz respeito à relação a dois. Aos olhos
dela, quando o desejo de trazer uma criança ao mundo não é imediato leva um
casal a meditar no futuro da relação. Será que devem continuar juntos? Será um
sinal de que não estão destinados a ficar um com o outro?
Quando se quer muito algo, seja um filho ou outra coisa
qualquer, e não se consegue alcançar o que se deseja, é normal que surjam
dúvidas. É normal que a relação seja questionada. Acontece isso com um filho que
não se consegue ter. Tal como acontece quando não há dinheiro para pagara a
renda da casa ou a prestação do banco. Tal como acontece quando não se consegue
pagar as contas. Tal como acontece quando não se consegue meter comida na mesa. E
no momento em que existem problemas profissionais. Resumindo, acontece quando
um casal se depara com uma qualquer frustração. É nestes momentos que a relação é colocada em
causa.
Porque nenhum casal coloca a relação em causa quando decide
ter um filho e a mulher engravida na primeira tentativa. Tal como não acontece
quando existe dinheiro para pagar a renda ou a prestação ao banco. E quando
existe dinheiro para pagar as contas. E quando além disso ainda sobram muitos
euros para que cada um alimente os seus “vícios/desejos” pessoais sem que o
orçamento familiar seja posto em causa. Tal como não se questiona a relação
quando existe dinheiro para ir jantar fora, aos melhores restaurantes, sempre
que se deseja. E também não existem discussões quando ambos têm sucesso
profissional. Nestes momentos, por menor que seja o amor que exista, as relações
prolongam-se no tempo sem qualquer problema.
Como em tudo na vida, as dúvidas colocam-se quando algo
corre mal. Os problemas aparecem quando algo corre da forma oposta ao planeado
e idealizado. Neste caso, por duas pessoas que decidiram partilhar a vida e os
sonhos de ambos numa vida só. Isto é do mais normal que pode existir. Aquilo
que não considero normal é que ambos desistam da relação à primeira
oportunidade. Parecendo que o problema é desejado pois facilita algo. Se uma
relação desaba ao primeiro problema sério que aparece é porque o amor que unia
essas duas pessoas nunca foi tão forte como pensavam. E nesse caso, o problema até
lhes está a fazer um favor. Se o amor for forte, para cada problema vão surgir
dezenas de soluções, por mais impossíveis que aparentem ser. E a separação
nunca será uma delas.
Posso dizer no meu caso que quando eu e o meu marido começamos a tentar conceber um filho cedo percebemos que algo não estava bem! Depois de 2 tratamentos de fertilidade estou agora grávida e garanto, so um casal com muito amor um pelo outro,respeito e cumplicidade conseguem "sobreviver" as desilusões e a toda a "máquina" que são aqueles tratamentos! É de facto como diz,se não se resiste aos contratempos que casal é esse?!
ResponderEliminarSe o amor não sobrevive a essas situações é porque não é amor. É outra coisa qualquer.
EliminarÉ bem verdade. Estou neste momento a numa relação à distância. Muitos se calhar já tinham desistido, porque não é nada fácil. Mas agora que estive com ele, parece que isso nos uniu mais, que estamos mais fortes.
ResponderEliminarO amor faz das barreiras o combustível necessário para a relação avançar ainda mais.
EliminarConcordo em parte, contudo, também á aquela questão de que quando não á dinheiro, quando não se consegue pagar a prestação ao banco, quando não se consegue pagar as contas...á muitos casais que apesar de já não se suportarem, de já não se amarem, aguentam porque se já é difícil para dois pagar as contas, quanto mais para um. Há muitos casais que continuam a dividir o mesmo teto porque sozinhos não conseguiriam suportar uma renda de casa, e tudo o resto que dai advém...infelizmente estou a passar por uma dessas situações e não desejo a ninguém.
ResponderEliminarÉ um facto. Conheço casais assim mas acho que têm noção de que não existe amor. São colegas de casa pois têm vidas separadas de forma assumida. E mais uma vez, não havia amor.
EliminarLer este post faz-me sorrir! O meu primeiro casamento foi uma relação onde não faltava nada, e no dia em que surgiu a primeira contrariedade séria, acabou! Já o segundo, veio de uma relação que começou em tempos dificeis, que se manteve em tempos ainda mais dificeis, e que dura num dia a dia de situações dificeis e de falta de muita coisa que gostaria de ter. Se me derem a escolher, prefiro as dificuldades e as contrariedades! Será que a maioria das pessoas nem sabem sequer o é verdadeiramente o amor?
ResponderEliminarJá ganhei o dia :)
EliminarQue todas as pessoas leiam o teu comentário. Obrigado pela partilha. Beijo para ti e abraço para o David.
Concordo com o que foi dito , o meu primeiro casamento era uma vida abastada, bons carros, dinheiro, viagens... Até o menino ter um esgotamento e não querer tratar. A segunda relação, ele ganhava muito menos mas o paté que me fazia ao fim de semana e que comíamos no t1 dele, que amor!
EliminarA simplicidade consegue ser tão boa.
EliminarA minha relação deve ser mesmo ..."esquisita" - é nas adversidades que o meu marido e eu somos mais unidos. Sempre! Quando a vida profissional dele correu menos bem, quando eu tive o meu último (até ver...) desastre de mota e estive 6 meses de cadeira de rodas...é aí que somos uníssonos, que não falhamos (mesmo antes do casamento). Quando tudo corre bem...bem, por vezes surgem os problemas (como em todas as relações)...
ResponderEliminarAcho que só assim uma relação a dois faz sentido - antes de mais os dois têm de ser amigos, e os amigos apoiam-se, principalmente nas adversidades!
Não existem relações sem problemas. Se existem também não vivem de amor porque o amor leva sempre a uma ou outra situação mais tensa. E nesses momentos é que se descobre aquilo de que o casal é feito. Parabéns a vocês.
EliminarSe no primeiro contratempo, ou então, primeiro grande contratempo, o casal se separa o que os unia não era de todo amor! Podemos dar-lhe o nome que quisermos mas amor não.
ResponderEliminarQuando os nossos planos e desejos de vida são de uma maneira mais ou menos definitiva alterados, postos em causa ou mesmos tornando-se impossíveis de realizar só o Amor é que nos permite continuar a caminhar lado a lado e voltar a olhar de novo para a vida com outros olhos.
Amor é podermos ficar contra tudo e contra todos, questionar os porquês e os nãos que a vida nos dá, sabendo sempre que o outro está connosco nesta luta, nesta caminhada... Sabendo que a minha vida já não é só minha, é dos dois. E a caminhada, boa ou má, é dos dois.
Há uma música recente que pergunta qualquer coisa como "quem será que carrega a metade do meu coração"... E quando nós sabemos em que coração mora a nossa metade sabemos o que é o amor... E sabemos que não conseguimos viver só com "meio coração"
Hoje em dia é tão fácil assumir que se ama como não se ama. Está sempre tudo bem, há sempre boas desculpas para não tentar lutar contra as adversidades.
Parece que temos uma posição de avós perante a vida: "coitadinhos, deixa lá os meninos, eles pediram, eles querem assim, eles não gostam disso, deixa que eu faço por eles..." Enfim...
Dizes tudo quando dizes que só o amor nos permite continuar a caminhar em percursos sinuosos. Isso diz tudo.
EliminarFalo por mim, nenhuma dificuldade nos distanciou, apenas fortaleceu a união.cps
ResponderEliminarÉ bom sinal!
EliminarBeijos
"Aquilo que não considero normal é que ambos desistam da relação à primeira oportunidade. (...) Se uma relação desaba ao primeiro problema sério que aparece é porque o amor que unia essas duas pessoas nunca foi tão forte como pensavam. E nesse caso, o problema até lhes está a fazer um favor. Se o amor for forte, para cada problema vão surgir dezenas de soluções, por mais impossíveis que aparentem ser. E a separação nunca será uma delas." E isto é tão verdade!
ResponderEliminarQuando há amor, a separação nunca é solução.
EliminarQuando me casei, fiquei imenso tempo sem a possibilidade de engravidar. Num meio onde as mulheres casam e passado uns meses ficam logo grávidas, foi um pouco complicado (as mulheres que eu conheço têm mais de 5 filhos, até os 12 filhos).
ResponderEliminarA minha relação já teve problemas que num mundo "normal", eu chamar-lhe-ia egoista seriam causa justa para divorcio e para espanto das pessoas "normais" continuamos casados e eu estou novamente grávida.
O amor do mundo "normal" para mim é um amor egoísta. "Ah e tal amo-te muito mas se isto não resultar cada um vai para seu lado." Isto não é amor, é um contrato.
Enough said.
O amor, para muitas pessoas, é ter alguém que os sirva e que os ame loucamente. O que é errado.
EliminarO amor não é servidão. Beijinhos
EliminarNem mais!
EliminarEstou de acordo contigo. Quando se quer faz-se tudo para a relação dar certo e para não acabar a primeira discussão que exista.
ResponderEliminarIsso é amor.
EliminarNão podia estar mais em desacordo, francamente. Acho que a existência de mais ou menos dinheiro ou de mais ou menos dificuldades nada têm a ver com o fim das relações. Se assim fosse as estrelas de cinema não passavam a vida a separar-se.
ResponderEliminar"Porque nenhum casal coloca a relação em causa quando decide ter um filho e a mulher engravida na primeira tentativa. Tal como não acontece quando existe dinheiro para pagar a renda ou a prestação ao banco. E quando existe dinheiro para pagar as contas". A sério que não? Quantos e quantos casos. Não tem MESMO nada a ver uma coisa com outra. A durabilidade das relações tem a ver com projectos de vida, com maneiras de estar e com a existência de amor ou não. Nada mais.
Peço desculpa mas não consigo ter como exemplo relações vindas de indústrias de milhões e quando os namoros surgem quase sempre quando existem projectos em comum. Mas, e mesmo aceitando esses exemplos, tenho que os considerar como uma minoria mundial.
EliminarInfelizmente, a maior parte das pessoas não vive relações dessas cheias de luxos. Que, e isso também podia dar tema para um novo texto, podem "comprar" o amor.
Aquilo que dizes como sendo a maneira de estar é algo que acredito que os casais descobrem facilmente numa relação. Acho que não são necessários muitos anos em comum para saber se ambos querem casar, ter filhos e que ambições têm. Quando isto não bate certo entre ambos, acabará por dar problema, como dizes.
Tens toda a razão.
ResponderEliminarObrigado!
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