a minha relação com as fotos

Quando era puto não ligava muito a fotos. Ou melhor, não me incomodava muito com a ida ao estúdio nos momentos habituais para ouvir o mítico “olhó passarinho.” No Carnaval e na altura das matrículas, apenas para dar dois exemplos, lá ia eu tirar fotos. Além disso, os meus pais gostavam (e ainda gostam) de andar com uma máquina fotográfica para eternizar alguns momentos da família. E ainda bem que assim é, pois as fotografias continuam a ser a melhor forma de recordar o passado.

Por outro lado, quando era puto, adorava “roubar” a máquina ao meu pai e ser o fotógrafo da família. Sendo que, quando era mais novo, ainda reinava a era do rolo fotográfico. Ou seja, o resultado da fotografia só era conhecido no momento da revelação. Nessa altura, todos se riam pois as minhas fotos eram as que estavam sempre tortas. Em muitos casos, cortava partes do corpo dos meus pais e da minha irmã. O que fazia com que a máquina estivesse cada vez menos tempo nas minhas mãos.

Com o passar dos tempos, passei a ter uma relação diferente com as fotografias. Gosto de tirar fotografias no sentido de eternizar os momentos, gosto de fotografar outras pessoas mas detesto posar para uma fotografia. Além disso, na grande maioria dos casos detesto ver-me nas imagens captadas. Pode ser uma fotografia com dez pessoas em que eu estou em pose e os outros nove estão todos tortos, com os cabelos em pé, a olhar para o lado e por aí fora. Aos meus olhos, sou o único que estou mal. De resto, estão todos bem. Como se isto não bastasse, encontro logo 23122312 defeitos em mim.

Isto faz com que raramente goste de uma fotografia. Acho até que não existe um meio termo. De um lado, na sua maioria, as fotos que detesto. Do outro, num número reduzido, as fotos que adoro. Neste pequeno grupo estão poucas fotografias em pose. É verdade que existem algumas de que gosto mas, por norma, gosto de fotografias em que não sei que estou a ser fotografado. Como acontece com esta, uma das minhas favoritas. Para mim, esta foto é perfeita. Estou com um grande amigo. Praticamente não está mais ninguém na imagem. Estamos a conversar e não sabemos que fomos fotografados. Já tem algum tempo mas continua a ser das minhas preferidas.