4.3.14

o que vem de fora é que é bom

É algo que tem vindo a diminuir com o passar dos anos. Mas, infelizmente ainda é algo muito vincado em bastantes pessoas. Falo na dificuldade em aceitar o que é nosso em oposição à facilidade com que se acredita em tudo o que é estrangeiro. E isto é algo bastante visível na música, apenas para dar um exemplo dos muitos onde este realidade está presente.

Quando uma música internacional, seja ela qual for, chega cá é logo vista como um sucesso. Ninguém coloca nada em causa. “Isso é muito bom. Grande malha”, é o que se ouve com frequência. Mesmo que seja uma música que não é nada de extraordinário. Têm carimbo internacional, é bom. Nada a acrescentar.

Agora, quando alguém quer partilhar algo nacional, o caso muda de figura. “Já ouviste isto? É muito bom e tuga”, diz alguém. “Tuga? De certeza que isso é bom? É uma cópia de que artista?”, perguntam algumas pessoas que precisam de ouvir uma boa música portuguesa diversas vezes para atestarem a sua qualidade. Sendo que tem piada partilhar algumas coisas nossas sem dizer que o são. E, só quando a pessoa salta de alegria é que se revela que é made in Portugal. E aí já não há volta a dar.

Vou dar apenas exemplos de três músicas portuguesas que nada ficam a dever ao que vem de fora. A novíssima Magnets, dos Norton, It ain´t you, dos The Black Mamba e Everybody listen, dos Nu Soul Family. Músicas de grande qualidade, bem feitas, portuguesas e que, infelizmente, ainda passam despercebida a muitas pessoas.

Não sou defensor de que música portuguesa tem de ser cantada em português. Existem músicas que ficam melhor em português como existem outras que soam muito melhor no inglês, que pode ser considerado um dos idiomas do mundo. Tal como não sou defensor que devemos amar tudo o que é português apenas e só porque é feito pelos nossos, ao mesmo tempo que devemos detestar tudo o que é estrangeiro e que só nos vem roubar destaque.

Aquilo que defendo é que devemos olhar para ambos os produtos da mesma maneira. Se somos tão exigentes com aquilo que os nossos fazem, também o devemos ser com aquilo que é feito pelos outros. E isto aplica-se a tudo e não apenas à música. Já agora, que sejam dadas as mesmas oportunidades a ambos.

12 comentários:

  1. Nós somos assim, uma tendência natural para despezar o que é nosso. Não vá o "tipo" passar a ter sucesso e eu não! É esta mentalidade pequenina que não nos deixa avançar. No fundo, no fundo somos um (bom) bocado invejosos e custa-nos aceitar que alguém ao nosso lado faço algo bom. E se faz o povo desconfia. Ou deita abaixo. Temos muita coisa boa neste país, há uns 4 anos até tinhamos mais, mas infelizmente cada vez se vão mais embora!
    Bom carnaval!

    ResponderEliminar
  2. Como tu dizes e bem...é algo que se vem vindo a modificar :) Bela escolha musical :) Já cá toca, no estaminé :)

    ResponderEliminar
  3. Também não sou defensora de que todo o português deva cantar em português, mas dizer que essas músicas que referiste são portuguesas, é um erro :S (ou pelo menos, eu interpreto assim)
    De qualquer das formas, eu prefiro sempre os que, sendo portugueses, cantam no meu português.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. São músicas de artistas portugueses. Para mim são portuguesas. Porque achas que não são?

      Eliminar
    2. Acho que é obvio que não são portuguesas... basta olhar para o nome delas, para a lingua em que são cantadas. Uma musica portuguesa é cantada em português. É a mesma coisa que agora vir o Bryan Adams cantar em portguês... ele não é o é, mas a música seria. As bandas são portuguesas? São. As músicas são? Não.

      Eliminar
    3. Eu não vejo as coisas dessa perspectiva. Para mim seria o Bryan Adams a cantar em português e nada mais do que isso. Eles são portugueses e a música é nossa mas cantada em inglês.

      Eliminar
  4. Concordo contigo em tudo, inclusive na velha questão (que já mete nojo) de cantar em português vs cantar em inglês.

    Quanto ao título... Ainda na segunda-feira escrevi um post que terminei com a mesma frase (mas o assunto era outro: futebol).

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Outro belo exemplo. Compram-se estrangeiros que se pagam a peso de ouro e há tantos portugueses melhores nas divisões inferiores. Não se pode dar melhor exemplo do que o William Carvalho.

      Eliminar
  5. Não conheço nenhum destes grupos (passam na rádio?) mas cliquei lá em cima e ouvi. Gostei de Black Mamba e Nu Soul Family (esta música, género anos 70/80 fez-me recordar os meus anos áureos das saturday night fever).
    A minha opinião é que algumas rádios não passam estes grupos , ou talvez a rádio que eu ouço não a passe?

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Alguns passam sobretudo na Antena3. Na Comercial também.

      A dos Nu Soul Family é muito boa :)

      As rádios passam pouca música portuguesa e quando digo pouca é em relação ao número de artistas. Repetem muitas vezes os poucos que passam.

      Eliminar