a bola é minha. se não jogo, ninguém joga

Sou a favor da ambição profissional. Defendo que todas as pessoas devem lutar por um cargo melhor do que aquele que desempenham actualmente. Não faz mal a ninguém sonhar com o topo da hierarquia profissional nem trabalhar para alcançar esse posto. Mesmo que tal missão se afigure impossível. Até porque, acredito eu, há sempre alguém que repara nos bons trabalhadores. Seja na empresa onde estão ou numa concorrente. Ou noutra qualquer.

Sou a favor de tudo o que referi. Mas sou contra aquelas pessoas que não olham a meios para alcançar o topo. Que estão dispostas a pisar todas as pessoas e a vender a mãe em troca de uma promoção profissional. E também sou contra as pessoas que são agarradas ao poder. Quando se atinge o topo, é fundamental ter o discernimento necessário para perceber que chegou a altura de abandonar o cargo. Conseguir fazer isto não é sinal de fraqueza. Pelo contrário. É sinal de grandeza. Intelectual e mesmo humana.

E isto é algo que Pedro Passos Coelho não consegue fazer. Neste momento, olho para o nosso primeiro-ministro e vejo aqueles meninos que vão jogar à bola com os amigos da rua. Aqueles meninos que não têm talento para o futebol e que levam a bola pois sabem que isso garante um lugar numa das equipas. Se alguém diz que não tem talento para jogar e que terá de ficar sentado no banco, não há jogo. “A bola é minha. Se não jogo, ninguém joga pois não empresto a bola”, diz.

Pedro Passos Coelho já conseguiu ficar marcado como um dos piores primeiros-ministros portugueses de todos os tempos. Mesmo assim, qual menino birrento, bate o pé e diz que não se demite. “Daqui não saio, daqui ninguém me tira”, grita de braços cruzados. Nesta altura, Pedro Passos Coelho é um homem só. Que vive numa casa sem traves mestras. Abandonado, mostra ter uma sede de poder completamente ridícula. O primeiro-ministro pode continuar com as mãos no ar a tentar segurar o tecto. Mas, é certo que mais cedo ou mais tarde irá ruir. É uma questão de dias ou mesmo horas. E quem vai sofrer as consequências são os mesmos de sempre. Nós. O povo.