somos muito pequenos

Em Portugal, qualquer pessoa que alcance os seus cinco minutos de fama julga-se uma celebridade. Mais. Entende ser uma estrela mundial. Em poucos minutos ganham-se tiques de vedeta. Exigem-se contrapartidas para uma entrevista. Estabelecem-se regras para fotografias. E escolhe-se o timing para isto e para aquilo. Trinta segundos depois de tudo isto, ganha-se aversão aos paparazzi. A não ser que estejam combinados com os mesmos (este detalhe é desconhecido para grande parte das pessoas). Fala-se mal de alguma Imprensa. Isto e aquilo. E tudo isto porquê? Porque são estrelas, defendem.

Até que chegam a Badajoz. E ninguém lhes pede um autógrafo. Ninguém quer tirar uma fotografia. Ninguém os cumprimenta. Se ousarem perguntar quem são, ouvem simplesmente: “um turista?” Porque, a partir de Badajoz são conhecidos os verdadeiros famoso portugueses. E refiro-me a uma Mariza. A um José Mourinho. A um Cristiano Ronaldo. E ainda a nomes “portugueses”, como é o caso de Eusébio e da saudosa Amália Rodrigues. A este grupo juntam-se muitos poucos nomes. Enquanto não chegam a Badajoz, acham-se os maiores. Vivem mesmo na ilusão de que são estrelas da rádio, tv e cassete pirata, como cantaria o Serafim Saudade.

Na sexta-feira vi o concerto de Alicia Keys. Uma mulher que é conhecida onde nasceu, aqui, em Badajoz e em todo o mundo. Simpática, a artista agradeceu o carinho que recebe dos portugueses. Além disto, levou o filho ao palco três vezes. Egy dançou e brincou em palco. Estou a referir-me a uma cantora que é uma verdadeira celebridade mundial e que está habituada a perseguições dos verdadeiros paparazzi. Daqueles que incomodam à séria. Daqueles que não existem em Portugal. Alicia Keys revelou tudo aquilo que as tais “estrelas” portuguesas escondem. E sem qualquer tique de diva internacional.

Não sou daqueles que defendem que o que vem de fora é melhor. Mas, neste capítulo, Portugal é bastante atrasado e de espírito pequeno. Em primeiro lugar, estrelas temos muito poucas. Temos pessoas que são reconhecidas momentaneamente. Nada mais do que isso. Mas todos se acham os maiores talentos que o mundo já viu nascer.