Com o passar dos anos aprendi (muitas
vezes à custa de erros) que existe algo muito mais rápido do que
uma bala. E muito mais afiado do que uma faca. Além da velocidade e
destreza de corte, é algo muito mais doloroso do que o impacto de
uma bala do calibre mais temido ou mesmo do que qualquer uma das
ferramentas da mala de um qualquer serial killer ao estilo de Dexter.
E refiro-me às palavras.
Assim que saem da boca não há volta a
dar. Assim que são proferidas em voz alta nunca mais regressam ao
silêncio. E por mais que as pessoas digam que sim, a verdade é que
nunca caem no esquecimento. E mesmo que se diga que está tudo bem,
algures no futuro irá existir uma discussão. E, nesse momento, é
um dado adquirido que virá à conversa algo do género: “não te
lembras do que disseste? É que eu não me esqueci.”
Tal como na grande maioria das coisas,
as palavras negativas são aquelas que mais marcam as pessoas. E, no
calor do momento, não existe nada mais fácil do que dizer a maior
barbaridade do mundo. Mesmo que não se sinta. É uma defesa humana.
Ao sentir perigo ataca-se em jeito de defesa. O pior é que, em
muitos casos, essa defesa acaba por ser o ataque mais mortífero que
existe.
Já vi relações acabarem com base em
palavras proferidas. Já vi amigos deixarem de falar por causa de
palavras. Já vi conhecidos distanciarem-se por causa de palavras. E
já vi pessoas ficarem amigas depois de uma luta física. Depois de
trocarem uns valentes murros e pontapés. Algo que ajuda a demonstrar
a força das palavras.
Por isso é que aprendi a esperar um ou
dois segundos antes de "cuspir" uma série de palavras que vão ter um
peso forte demais para alguém suportar. Domei a minha língua. De
modo a que só ataque quando essa é a única solução possível no
momento. Além disso, aprendi ainda a usar uma postura correcta para
as palavras. É que juntar palavras duras a uma postura de guerreiro
é uma combinação explosiva. E desde que faço isto que os meus
dias são muito melhores. Sobretudo ganha quem me é mais próximo, ou seja, as pessoas mais fáceis de magoar.
Não falo por experiência porque realmente ainda sou muito nova para aprender esse tipo de lição, creio eu. Contudo sei bem a dor das palavras... de maneiras que tento evitar muitas das vezes dizer qualquer coisa com medo de ser diferente, com o medo de magoar alguém, e como tal prefiro ignorar ainda que tenha razão e prefiro sorrir à ignorância. Penso que apesar de tudo somos mais felizes quando evitamos uma discussão e sem dúvida que um bom morro ou um bom estalo é capaz de acordar melhor do que uma boa palavra. Essas por vezes não mudam nada, ficam apenas marcadas no nosso ego.
ResponderEliminarExcelente publicação. Obrigada!
Fazes bem em ser assim :)
EliminarDaí o ditado: "há três coisas que não voltam atrás, a palavra dita, a flecha lançada, e a oportunidade perdida". É qualquer coisa assim do género.
ResponderEliminarQue belo ditado.
EliminarSempre textos com grande sabedoria! Concordo com tudo! Há palavras que magoam mais do que um murro bem dado e mesmo dizendo que está tudo bem, que se esqueceu, é mentira...inconscientemente está lá, e quando houver a tal discussão vai voltar rapidinho ao pensamento...
ResponderEliminarMais uma lição a tirar do HSB! :) Obrigada.
É algo que aprendi ao longo da vida :)
EliminarA isso chama-se maturidade, meu caro. Já agora partilho um pouco de sabedoria popular:
ResponderEliminarHá três coisas na vida, que não voltam atrás, que são:
Oportunidade Perdida
Pedra Atirada
Palavra Dita
Obrigado :)
EliminarÉ um ditado muito bom.
Uiiiii...aqui está um tema que me é muito caro e que daria "pano para mangas"...
ResponderEliminarEsse é o meu grande calcanhar de Aquiles...
Quando era novinha tinha uma frontalidade quase "obscena", não temia nada nem ninguém e sim era a minha grande defesa (amordaçavam-me tanto em casa que fora de casa não admitia que ninguém mexesse comigo!).
A vida ensinou-me que podes ser sincero tentando falar sem magoar a pessoa a quem te diriges, mas limar essas arestas é um trabalho quase diário.
Ainda hoje sou "acusada" de usar as palavras como farpas...se estiver magoada sou sibilina...se estiver furiosa sou explosiva.
A minha excessiva expressividade também não me ajuda, porque muitas vezes nem sequer estou ainda a falar e já estou a ser "julgada" pelas minhas expressões...
Quando consigo domar o meu "killer instinct" de aniquilar alguém pela palavra sinto-me vitoriosa!
Já vou nos 43 and counting...mas sei que ainda tenho muito trabalho pela frente.
Apesar de tudo continuo a preferir falar, a calar.
jinhosssssss
Acho que vais muito bem. Aposto isso :)
Eliminarbeijos
Eu vou aprendendo, mas ainda tenho um loooooooooongo caminho pela frente nessa arte que é "contar antes de falar"... Desde sempre que ouço conselhos como "conta até 100 ou até 200 se pensares em dizer algo que não devas". Confesso que nesta matéria ainda só aprendi a contar até 10 o que, como é bom de ver, ainda não é suficiente :$
ResponderEliminarPode ser que lá para os 50 aninhos eu acerte com o assunto! :$
Daqui a pouco tempo contas até 100 e verás que é muito melhor.
EliminarCom o tempo isso vai-se aprendendo aos poucos...
ResponderEliminarNem mais.
EliminarPois... ainda me falta aprender muito em relação a isto...
ResponderEliminarJá fui bem pior do que sou agora.. mas continuo a ter o coração demasiado perto da boca, e sem filtro...
Beijinhos
É o melhor filtro que podemos ter.
Eliminarbeijos
Guilty!
ResponderEliminarAbro mais depressa a boca do que penso. Não pode ficar nada entalado na garganta.
Mas acho que já fui pior...
Mas é bom pensar antes de falar. É algo mesmo muito bom.
EliminarBoa tarde HSB,
ResponderEliminarDaquilo que te foste lembrar, muito interessante e estou plenamente de acordo.
As palavras fazem milagres ou anúnciam mortes de laços ou relações.
Mas há uma certeza que eu tenho quem me conhece sabe como eu sou e aquilo que eu ouço e me magoa são de pessoas que nunca me conheceram e isso para mim é uma linha das pessoas que eu quero ou não quero na minha vida.
Apontar o dedo é fácil, compreender o outro é tarefa de alguns apenas.
Abraço e continuação de boa semana.
Muito bem dito Sérgio :)
EliminarAbraço
Creio que acontece o mesmo com todos nós... nada como o tempo... para aprendermos...
ResponderEliminarO tempo é um bom professor mas como li algures, mata todos os alunos.
Eliminareu cá sou daquelas que diz tudo o que pensa na hora, tal e qual como pensa. nunca exaltada, porque sou mais do género fria do que raivosa, mas sempre mais virada para a verdade do que sinto do que a maneira como o outro vai interpretar o que digo.
ResponderEliminarse devia ser diferente? talvez não tivesse tantas "inimizades" mas não sei se me iria sentir melhor por isso. quem gosta de mim e de quem eu gosto, sabe que o que digo não é por mal, mesmo que magoe. e a opinião dos outros pouco me interessa.
agora já não sou como as pessoas que falas no texto que gravam o que lhes dizem para o atirarem à cara na primeira ocasião. para mim tudo o que é dito é esclarecido na hora e depois das duas uma: ou se resolve e é apagado para sempre ou se é demasiado grave para esquecer, a relação com a pessoa muda (ou desaparece) para passar a estar de acordo com o que foi dito.
É bom saber que consegues separar as coisas. Isso não é muito comum.
EliminarEu ainda tou no inicio da aprendizagem para pensar antes de falar...infelizmente sou demasiado frontal e impulsivo e isso ja fez alguns danos :/
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