31.12.15

custa a engolir?

Recordo-me da altura em que foi lançada a campanha da Nestlé para a gama de iogurtes líquidos Yoggi. Lembro-me de que algumas pessoas não acharam especial piada ao slogan da campanha, ao "custa a engolir?" que ainda se mantém com anúncios frequentes na televisão. Esta é daquelas publicidades que podem ter diversas leituras. Levar para um lado ou para outro completamente diferente acabará por depender sempre de quem analisa a publicidade em questão. E recordei-me disto porque acabo de descobrir este anúncio de um leite finlandês. Olhando para esta publicidade acho que ninguém encontrará maldade na publicidade da Yoggi.

30.12.15

aposto que te vais rever nisto


Certo?

obrigado pelo que me ensinaste

Por pior que seja o ano nunca gosto de dizer que foi mau. É mais ou menos como aquela perspectiva com que se olha para o copo, dizendo que está meio cheio ou meio vazio. E sou dos que preferem sempre a primeira opção. Este foi um ano atípico para mim e para os meus mas recuso a ideia de um mau ano. Prefiro dizer que talvez tenha sido menos bom. Mas sempre bom.

Para trás fica a lesão mais grave das muitas que já tive e uma das mais graves a nível desportivo. Operação, fisioterapia e um medo que ainda me acompanha numa altura em que já se passaram quase oito meses desde a intervenção cirúrgica à ruptura do tendão de Aquiles da perna direita. Profissionalmente faço parte de um grupo de pessoas (talvez seja assim em todas as profissões) para quem cada dia é uma luta de sobrevivência. Não é por acaso que a minha profissão foi considerada a pior do ano, isto com base em muitos factores, e as recentes notícias sobre diferentes publicações comprovam que não está fácil. Mantendo a perspectiva optimista, pego no "não está fácil" para me obrigar a ser melhor profissional diariamente.

A nível familiar os últimos tempos também não têm sido fáceis. Imprevistos atrás de imprevistos e o coração sempre nas mãos. Relendo o que escrevi até este momento talvez mudasse de opinião para dizer que o ano está a ser mau. Mas, relendo as vezes que forem necessárias, prefiro continuar a dizer que talvez tenha sido menos bom. Agradeço a 2015 o que me ensinou, sobretudo nos quatro meses que me deram muito que pensar, que me ensinaram muitas coisas e que me deram a conhecer melhor muitas pessoas. E agradeço porque acredito que este ano fez de mim melhor pessoa. Sinto que dei um salto na direcção certa e isso talvez não tivesse sido possível sem alguns momentos menos felizes. Porque é em determinados momentos que vemos as coisas com a clareza necessária e que por norma (e infelizmente) nos falta noutras alturas.

Também não ignoro que a forma como lido com os obstáculos que vão surgindo no caminho têm por base aquilo que os meus pais me transmitiram e também o núcleo familiar forte e coeso que tenho. Se fosse o Asterix esta seria a minha poção mágica. É tudo isto que faz com que recuse ceder aqueles momentos que nos prendem em locais escuros. E que ninguém duvide de que, por maior que seja o problema, é sempre mais fácil lidar com ele quando existe tudo isto. Quando se roda a chave, abre a porta e temos uma mulher extraordinária em casa. Quando, por pior que seja o cenário, existem pais que dizem que "tudo se resolve". Quando existe uma irmã fantástica que nos dá a sobrinha mais espectacular do mundo. Quando existe uma família - obrigado a todos - que está lá para o que for necessário. Por tudo isto não posso dizer que 2015 foi mau. Porque não foi.

E agora que venha 2016. Que para já leva o nome de "ano do desconhecido". Pouco sei em relação ao que aí vem. Sei algumas coisas que desejo. Sei de outros momentos felizes que vão ter lugar ao longo do próximo ano. Sei também que irá trazer uma grande novidade para mim. Algo desconhecido, inesperado mas que está a saber muito bem. Vamos a isso 2016 que as mangas já estão arregaçadas!

29.12.15

a personalidade do ano

Já li tantos nomes (nacionais e internacionais) diferentes que acho que não se chega a nenhum consenso. Posto isto, e porque as pessoas que por aqui passam são aquelas que mais percebem do assunto, quem é que escolhiam como personalidade do ano? A quem é que atribuíam esse mérito, seja por que motivo for?

o modo de pensar dos portugueses está pelas ruas da amargura

O futebol é um dos melhores exemplos para tudo em Portugal. Até para exemplificar a forma como é fácil enganar os portugueses e como o modo de pensar nacional está pelas ruas da amargura. E os recentes contratos assinados por Benfica, Porto e Sporting exemplificam na perfeição a forma como é tão fácil iludir o povo português. Vamos por partes e seguindo uma ordem cronológica.

O Benfica assina um contrato de três anos com a NOS que pode chegar aos dez. Em troca recebe, caso se cheguem aos 10 anos, 400 milhões de euros. Este montante diz respeito apenas à cedência dos direitos de transmissão dos jogos do campeonato (em casa) e de transmissão da Benfica TV.

O Porto assina um contrato com a MEO. O Porto também cede os direitos dos seus jogos pelos mesmos dez anos. A isto junta-se a transmissão do Porto Canal (canal do clube) por 12,5 anos. E a MEO passa também a ser o principal patrocinador do clube, por 7,5 anos e ainda explora espaços comerciais no estádio. Isto a troco de 457,5 milhões de euros.

O Sporting é o último a anunciar um acordo, também com a NOS. O Sporting cede os direitos de transmissão dos jogos em casa por dez anos e ainda, pelo mesmo período de tempo, a exploração publicitária virtual e estática do estádio. A isto junta-se a transmissão e distribuição do canal Sporting TV por 12 anos. A MEO passa também a ser o principal patrocinador do clube durante 12,5 anos. Tudo isto a troco de 515 milhões de euros, de acordo com o comunicado do Sporting ou 446 milhões, de acordo com o comunicado da NOS.

Qual a reacção da generalidade dos portugueses? O Sporting fez o melhor contrato de todos. Quando se pergunta porquê respondem que é porque vai receber mais dinheiro. Ou seja, as pessoas não se dão ao trabalho de ler as coisas. Olham apenas para as letras garrafais ou para os números que lhes são colocados em frente aos olhos e vendidos de forma bonita mas nem sempre explicada.

Este exemplo ilustra bem a forma como os portugueses olham para as coisas e a forma como rapidamente concluem algo apenas com o dado que lhes querem colocar à frente dos olhos, sem qualquer análise. Neste caso é sobre futebol mas isto pode ser aplicado às rotinas diárias dos portugueses e, por exemplo, a tantos contratos que assinam sem ler aquelas letras pequenas que por norma são as mais importantes.

existem clichés que o sendo não o são

Um dia antes do Natal tinha combinado passar no posto médico que frequento desde pequeno para efectuar um pagamento. E assim fiz. Ontem, ao final do dia desloquei-me ao centro de enfermagem onde já passei muitas horas ao longo da minha vida. Estacionei o carro. Achei estranho ver o andar escuro mas como já era mais tarde e estavam quase a fechar pensei que seria normal. Desloquei-me até ao prédio e sem prestar atenção a mais nada toquei à campainha. Estranhei não ouvir de imediato o sinal sonoro de abertura da porta. Foi então que reparei num papel que me tinha passado despercebido.

Nesse papel informavam-se os utentes do centro clínico que o mesmo estava fechado. E o motivo não podia ser mais triste. O dono tinha morrido no dia anterior. Um médico que conheço desde pequeno. Mais tarde fiquei a saber que se sentiu mal e que pouco tempo depois disso acabaria por morrer. Quando levei o murro no estômago por ler algo inesperado recordei imediatamente que recentemente me tinha dado injecções na barriga nos dias que se seguiram à minha operação. E enquanto, espantando e chocado, lamentava a morte deste homem que conheço desde criança relembrei que a vida é curta e incontrolável. Num instante tudo pode mudar. E por mais que se tente perceber não existem grandes explicações para aquilo que acontece.

E a verdade é que existem clichés que o sendo acabam por não o ser. Como é o caso de não deixar para amanhã aquilo que se pode fazer hoje. Não deixar de dizer algo a alguém porque poderá ser dito numa outra oportunidade. Não adiar o que quer que seja porque amanhã temos tempo. Ninguém sabe como vai ser o futuro. Por isso é melhor aproveitar o presente como se fosse o último dia ou o último momento passado com alguém.

as melhores músicas de 2015

Escolher os dez melhores álbuns do ano já seria uma tarefa bastante complicada. Escolher aquelas que são as dez melhores músicas ainda mais. Até porque existem muitas músicas de qualidade para todos os gostos. Depois existem aqueles temas mais comerciais e outros que quase passam despercebidos porque não passam frequentemente nas rádios. Nesta lista não tive por base o número de vezes que as músicas passam na rádio pois se assim fosse a lista seria completamente diferente. Aliás, existem músicas que passam de uma forma tão cansativa na rádio que fico imediatamente farto delas. Por fim, digo apenas que existe um artista que sozinho podia ser dono desta lista. Mas já lá vamos...

10 Hello, Adele



Para algumas pessoas será a música do ano. Para mim bastaram mais ou menos dois dias para ficar farto desta música que estava sempre a tocar em todo o lado. Não nego que tem muita qualidade mas não a coloco no topo da tabela das melhores deste ano.

9 Hold My Hand, Jess Glynne



Uma das surpresas que descobri este ano. Sou fã desta jovem cantora. I Cry When I Laugh é um álbum que merece ser ouvido com atenção.

8 Kiss Me, Olly Murs



Olly Murs é um daqueles exemplos de que vale a pena lutar por um sonho. E também exemplo de que não é necessário ganhar um concurso de talentos para ter uma boa carreira. Gosto praticamente de todas as suas músicas mas esta é capaz de ser aquela de que mais gosto.

7 Uptown Funk, Mark Ronson ft. Bruno Mars



Uma das músicas do ano. E um fenómeno para mim. Ao contrário do que aconteceu com Hello, de Adele, quando mais ouço esta música mais gosto dela. Haverá quem defenda que é a melhor do ano. Para mim fica bem num honroso sétimo lugar.

6 See You Again. Wiz Khalifa ft. Charlie Puth



É o tipo de música de que gosto pois tem uma história tocante. Neste caso duas. Uma mais conhecida, que as pessoas associam  a Paul Walker e ao filme Velocidade Furiosa 7, e outra menos que diz respeito à vida pessoal de Wiz Khalifa.

5 Can´t Feel My Face, The Weeknd



Abel Makkonen Tesfaye é um dos artistas do ano. Tem diversas músicas de qualidade que podiam aparecer nesta lista. Esta é, para mim, a melhor. Mas acredito que o melhor ainda estará para vir.

4 Can´t Keep Checking my Phone, Unknown Mortal Orchestra



Talvez seja uma música desconhecida para muitas pessoas pois não toca regularmente nas rádios. Mas é do melhor que foi feito este ano. E mal de quem não conhece esta brilhante banda.

3 Adventure of a Lifetime, Coldplay



Acabadinha de sair do forno e logo num dos lugares mais altos desta tabela. E quem me conhece sabe que estou longe de ser um grande fã dos Coldplay. O que dá ainda mais mérito a esta música.

2 Coffee, Miguel



Não existem palavras que façam justiça a esta música. Não fosse o senhor que se segue e estaria no topo da minha lista.

1 The Charade, D'Angelo & The Vanguards



Os temas de Black Messiah, o álbum que D'Angelo lançou este ano, podiam muito bem ocupar esta lista na sua totalidade. É impossível não ficar preso ao mais do que aguardado regresso de um génio da música. Foi necessário esperar catorze anos (não é erro) por este disco. Que alguém faça uma lei a impedir que D'Angelo volte a repetir a piada. Podia ter escolhido outro tema mas este é o meu preferido de Black Messiah (álbum obrigatório).

estou em primeiro mas preferia nem sequer lá estar

Na generalidade dos casos estar em primeiro é bom sinal. É motivo de alegria, de festa e de celebração. Mas nem sempre é assim. Existem momentos em que estar em primeiro só nos faz desejar não constar na lista. Foi mais ou menos o que senti quando descobri a lista das dez piores profissões deste ano (de acordo com o site CareerCast). É que estou em primeiro.

As 10 piores profissões de 2015.
1) Jornalista de imprensa;
2) Lenhador;
3) Militar no activo;
4) Cozinheiro;
5) Locutor de rádio ou televisão;
6) Fotojornalista;
7) Corretor financeiro;
8) Taxista;
9) Bombeiro;
10) Carteiro.

28.12.15

ó flor, dá pra pôr?

Nunca fui de usar piropos. Coisas como “ó flor, dá pra pôr?”, “ó borracho, queres por cima ou queres por baixo?”, “ó estrela, queres cometa?” são frases que não fazem parte do meu vocabulário. Tal como não constam em nenhum “manual de sedução” masculino. Só recorro a este tipo de palavreado num círculo muito restrito de amigos. E sempre em jeito de brincadeira uns com os outros e nunca como ferramenta de sedução. Até porque quero acreditar que este tipo de frases feitas não seduzem ninguém.

Poucas pessoas se aperceberam, até porque só agora foi notícia, mas este tipo de piropos, vistos como “propostas de teor sexual” têm, desde Agosto, relevância criminal podendo resultar numa pena de prisão até um ano, ou três em caso das vítimas serem menores de 14 anos. Trata-se de um aditamento ao artigo 170º do Código Penal que já criminalizada o exibicionismo e os contactos de natureza sexual, ou seja, os apalpões.

Enquanto pessoa congratulo-me com esta medida. Como em tudo na vida haverá que aprecie ser alvo de piropos (e já vi muitos casos de pessoas que se gabam de ter sido alvo de comentários semelhantes aqueles com que comecei este texto) pois vê nos mesmos algo semelhante a uma massagem ao ego, traduzindo aquelas palavras, que a generalidade das pessoas vê como sujas, por uma mensagem ao estilo de “sou irresistível”. E ainda usam isso para dizer algo como “meteram-se comigo e contigo não”. E haverá quem deteste ser alvo deste tipo de assédio. A generalidade das pessoas, creio.

Por outro lado, acho que existe uma tradição masculina no que aos piropos diz respeito. Acredito que caso se peça a alguém uma primeira memória associada aos piropos será mencionado um homem das obras que assedia qualquer mulher, sem distinção, que passe junto da obra onde trabalha. Esta será a primeira imagem. Mas considero errado pensar que se trata de um problema exclusivamente masculino. Porque existem mulheres que conseguem ser muito piores do que os famosos “homens das obras”. Mas este comportamento é analisado de forma diferente.

Usando um bom exemplo vindo do cinema, é mais ou menos como no filme Chefes Intragáveis em que três amigos combinam matar os chefes. A determinado momento debatem os motivos pelos quais não podem com os patrões. E um deles diz que a chefe está constantemente a assedia-lo sexualmente. Os outros dois amigos gabam a chefe do amigo e ainda gozam com ele por quererem estar no lugar dele e ter relações sexuais com ela. Este exemplo mostra bem como é visto o assédio feito por elas. É quase uma “piada” e “mariquinhas” o homem que tem medo de algo assim. E podia dar outros exemplos dentro deste género que levam a que os homens ainda tenham vergonha de abordar o tema.

Espero que esta medida ajude a colocar um ponto final em determinadas situações como é o caso, e isto acontecia quando andava no secundário, de pessoas que dizem coisas completamente absurdas a adolescentes perto de escolas.

os melhores filmes de 2015

O ano está perto do final. E como vem sendo hábito aproveito estes dias para fazer a minha eleição daquilo que melhor foi feito ao longo do ano. E nada melhor para começar do que a sétima arte. Aqui existe um critério que impera. Nesta lista só constam filmes que tenham sido vistos por mim, o que faz com que existam longas metragens, que estão a ser um grande sucesso, que não façam parte desta lista. Vamos a isto...

10 Só Podiam ser Irmãs
Este é daqueles filmes que estão bem fresquinhos na minha memória porque acabou de chegar às salas. No seu lugar podia estar, por exemplo, Ted 2 mas se comparar ambos tenho de considerar que o filme protagonizado por Tina Fey (adoro) e Amy Poehler é melhor do que a sequela do divertido urso. Só Podiam ser Irmãs não é filme para ganhar prémios nem terá essa pretensão. Mas as listas não são feitas apenas de filmes intelectualmente superiores e outros blás blás blás semelhantes. Este filme tem o poder de deixar uma sala de cinema a chorar de tanto rir. E por isso merece estar na lista.


9 Missão Impossível: Nação Secreta
Sou fã dos filmes Missão Impossível. Gosto da acção, das histórias e do tempo que passo no cinema a ver as aventuras de Tom Cruise e companhia. Ao estilo do anterior, não é uma longa metragem feita a pensar em prémios. O que não invalida que seja um bom filme e que mereça estar no top dos melhores que vi este ano.


8 Velocidade Furiosa 7
Não é a primeira vez que um destes filmes entra no meu top. Mas este é especial. Existia o mistério de perceber como seria colmatada a morte de Paul Walker que morreu numa fase inicial das filmagens. E existe brilhantismo nesse domínio. Acredito que poucas pessoas conseguem precisar o momento em que deixa de aparecer no filme. A isto juntava-se a possibilidade de ser o último filme da saga. Mas o sucesso foi tão grande que já está certo pelo menos mais um filme. Há muito que estes filmes deixaram de apenas sobre carros velozes. Os filmes têm uma evolução em todos os aspectos e este é sem dúvida o melhor de todos.


7 Lendas do Crime
Tom Hardy é um dos meus actores de eleição. Se souber que entra num filme vejo sem hesitar ou sem sentir a necessidade de conhecer a história do mesmo. E melhor do que ter um Tom Hardy é ter dois Tom Hardy, algo que acontece em Lendas do Crime, um filme que conta a história verídica dos irmãos Kray que aterrorizaram as ruas de Londres nas décadas de 50 e 60. Não é um filme leve nem muito fácil de ver mas comprova o talento de Tom Hardy.


6 007 Spectre
Custa-me que o mais recente filme de James Bond, vendido com o melhor de sempre, se fique por aqui. Não nego que tenha uma grande evolução em relação ao último mas considero que fica muito aquém de Casino Royale, aquele que para mim é o melhor de todos. O filme entra a “matar” tal como com o anterior mas a intensidade e qualidade vão diminuindo com o filme. Acho que o agente secreto mais famoso do mundo necessita de um novo realizador e mesmo de um novo actor pois Daniel Craig já revelou não ter nada de novo para dar ao personagem.


5 Ponte dos Espiões
Tom Hanks, que não sabe representar mal, pode ser comparado com o Vinho do Porto pois quando mais velho melhor. Ao seu brilhante desempenho junta-se uma história verídica que desconhecia. A história do advogado de seguros James Donovan que aceita defender um espião soviético durante a Guerra Fria. Algo que cresce e que faz deste advogado uma peça fundamental nas negociações entre a União Soviética e os Estados Unidos para trocar a libertação do espião soviético por um prisioneiro norte-americano.


4 The Walk – O Desafio
Mais cedo ou mais tarde Joseph Gordon-Levitt irá conquistar um Oscar. Defendo isto há muito e os recentes filmes deste actor comprovam que a sua carreira está melhor do que nunca. Em The Walk – O Desafio, Joseph Gordon-Levitt dá vida a Phillippe Petit, um acrobata francês que em Agosto de 1974 decidiu atravessar as Torres Gémeas através de um cabo que prendeu entre ambas. Se a sua façanha foi eleita como o crime artístico do século, o filme que dá a conhecer esta história merece ser um dos melhores do ano.


3 Mad Max Estrada da Fúria
Mexer em Mad Max representava um risco bastante elevado. Existia uma grande facilidade de deitar tudo a perder devido ao peso dos primeiros filmes. Mas George Miller (o realizador dos primeiros filmes) conseguiu ser brilhante. E nesta missão teve um grande aliado de seu nome Tom Hardy, que dá vida a Max. E é impossível não destacar ainda Charlize Theron no papel de Imperator Furiosa. Era um dos filmes mais aguardados do ano e valeu a espera pois é brilhante. Agora resta esperar pelo próximo que já foi anunciado mas que ainda não tem data.


2 Whiplash Nos Limites
Os dois primeiros lugares são os mais ingratos. Até porque são dois filmes de 2014. E só constam aqui pelo simples motivo de que estrearam em Portugal apenas neste ano. E isto é comum todos os anos porque, por norma, os melhores filmes do ano estreiam nesta altura. É sempre assim. Os prémios deste filme falam por si. Demorei a ver Whiplash mas é daqueles filmes que consigo ver vezes sem conta. Não só é dos melhores deste ano mas dos que vi em toda a minha vida. J.K. Simmons é um justo vencedor do Oscar para Melhor Actor Secundário.


1 Birdman (A Inesperada Virtude da Ignorância)
Recordo-me de sair do cinema com a sensação de que tinha visto o melhor filme do ano, mesmo estando em Janeiro. Não me enganei tal como não me enganei quando antevi que iria ganhar o Oscar para Melhor Filme e também para Melhor Realizador. Destaco também o renascer de Michael Keaton que está brilhante neste filme.

parece que foi ontem mas já passou

Parece que foi ontem que estava a combinar com a minha mulher montar a árvore de Natal. Parece que foi ontem que o fizemos e que escolhemos o dia para ir às compras. Parece que foi ontem que estávamos envolvidos pela tradicional confusão natalícia que impera nos diferentes centros comerciais. Até parece que foi ontem que tivemos o jantar e o almoço de Natal. Mas tudo isto passou a uma velocidade alucinante e quando der por mim já vou estar em 2016.

Quase todos os adolescentes, num determinado momento da sua vida, dizem algo como: “quero que o tempo passe depressa para ter dezoito anos”. E qualquer adulto, a partir do momento em que se apercebe de que o tempo passa mesmo muito depressa, deseja que os ponteiros do relógio se movimentem lentamente. Costumo dizer que quando existe a sensação de que o tempo passa depressa é porque a viagem está a ser boa. Seja como for, o truque é mesmo aproveitar a viagem ao máximo.

no natal existem dois grupos de pessoas

Por mais que os anos passem e por mais que as gerações mudem vão continuar a existir sempre as pessoas que contam os segundos até à meia-noite para desembrulhar os presentes e aquelas que preferem ir dormir para desembrulhar apenas na manhã de 25 de Dezembro.

24.12.15

feliz natal

Quero desejar um Santo e Feliz Natal a todas as pessoas que dedicam parte do seu tempo a ler aquilo que aqui partilho. Votos esses que se também se aplicam a todos aqueles que fazem parte da família de quem por aqui passa. Acima de tudo espero que nada nem ninguém falte à mesa nesta noite. Que o bacalhau (ou aquilo de que mais gostarem) não falte na mesa e que nenhuma cadeira fique por ocupar. Que a noite e o dia de amanhã sejam feitos de sorrisos, de conversas e de muito amor e momentos de partilha. Que no sapatinho o Pai Natal deixe muita saúde para todos pois com isso todos conseguem ter os restantes pedidos que mais desejam. São os meus votos para todos vocês e para os vossos. Não vos desejo nada para 2016 porque ainda falamos antes disso. Beijos, abraços e um gigantesco obrigado pelo valioso presente que me dão diariamente, a vossa companhia. Ho! Ho! Ho!


23.12.15

não confundir o cu com as calças (ou pessoas com sistema)

O recente caso ocorrido no Hospital de São José, que infelizmente roubou a vida a um jovem de 29 anos, gerou uma onda de indignação nacional. Por um lado enalteço a indignação das pessoas porque isso provavelmente, e assim espero, ajudará a que este triste e trágico caso não se repita. Não faz sentido que alguém perca a vida simplesmente porque não estão médicos de serviço. Não faz sentido em Portugal como não faz sentido em nenhuma parte do mundo.

Por outro lado é importante que as pessoas não confundam o cu com as calças. Neste caso específico, pessoas com o sistema. Tenho ouvido muitas pessoas falarem mal dos médicos. Sendo que esta crítica é logo aumentada a um nível geral. E isto é injusto. Porque a verdade é que muitos médicos em Portugal fazem pequenos milagres tendo em conta as condições em que trabalham e tendo em conta o sistema em que estão inseridos. E é necessário saber separar as coisas.

Dou este exemplo porque é o mais próximo que posso ter. A minha mãe lidou com um cancro da mama. Foi sempre acompanhada num hospital público. E apanhou um médico que mais do que isso é um verdadeiro anjo. Mas trata-se de um homem brasileiro (acho piada às pessoas que criticam apenas tendo por base a nacionalidade) que luta contra o sistema. Um homem para quem uma urgência é isso mesmo. Um homem que confia mais nos papéis do que nos computadores. E um homem que faz frente a quem se deixou vencer pelo sistema.

E também posso dar o exemplo do meu internamento e operação este ano. Nas duas vezes que fui às urgências deparei-me com uma médica com quem acabei por discutir e que me deixou a uma curta distância de apresentar queixa no hospital. Mas, durante o internamento e operação, só tenho elogios para distribuir por todas as pessoas que me acompanharam. E recordo-me, naquela altura, de muitos médicos que estavam prontos para operar mas que adiavam operações porque infelizmente não existiam anestesistas.

Quando me refiro a sistema não estou a falar do nosso sistema de saúde. Porque qualquer médico/pessoa que tenha estado em diferentes países acaba por dizer que o nosso não é dos piores. Aliás, está muito longe de ser dos piores. O grande problema é o sistema em si. É o funcionamento das coisas, algo que está acima das pessoas. E algo que não é fácil de combater. E isto é que é triste. Não as pessoas mas o funcionamento das coisas.

uma carta que ninguém deveria ter de escrever

“Na sexta-feira, dia 11 de dezembro, em pânico, liguei para o 112 por volta das 14h30. O David ficou paralisado do lado direito, sem conseguir formular frases. Tentava falar mas era incapaz, apenas conseguia gritar e chorar. A ambulância chegou, o David estava consciente e ciente daquilo que lhe pediam e perguntavam, porém, continuava sem conseguir expressar-se. Ajudaram-no a vestir-se e a calçar-se, colocando-o de seguida numa cadeira de rodas, visto que não tinha força na perna direita.

Fui com eles na ambulância. O David chegou ao Hospital de Santarém e foi logo colocado em observação. Fizeram-lhe exames, enquanto aguardei.

Após 30 a 45 minutos de espera, deixaram-me vê-lo. O David dormia mas por vezes abria os olhos. Estava muito agitado. O médico acordou-o e pediu-lhe para levantar os braços e ele conseguiu levantar apenas o braço esquerdo. Pediu-lhe para levantar as pernas e ele conseguiu levantar a esquerda e, muito lentamente, levantou a direita. Estava consciente.

Pouco tempo depois, fui chamada, eu e a avó materna do David, que se encontrava no hospital por outros motivos. Anunciaram-nos, numa sala à parte, que o David tinha tido uma hemorragia cerebral e um grande hematoma e teria de ser transferido de urgência para o Hospital de São José, em Lisboa. Apenas tive tempo de lhe dar um beijo. Ele abriu os olhos e eu disse-lhe: “Eles vão cuidar de ti.” Foi de imediato transferido pelo INEM, penso que seriam cerca de 18h.

Esperei umas horas pelo meu pai, que veio de Coimbra buscar-me para seguirmos para o Hospital de São José. Chegámos por volta das 22h, penso eu. Pedimos informações, procurámos o edifício que nos referiram, porém estava fechado.

Apareceu uma enfermeira, que gentilmente nos fez entrar e aguardar pela médica. Esperámos cerca de uma hora. No final, foram dois médicos que se reuniram connosco numa sala. Estávamos presente eu, o meu pai, Fernando, e a Sra. Zélia, mãe do David, que fomos buscar a Vila Chã de Ourique no caminho para o Hospital de São José.

Ali anunciaram-nos, descontraidamente, que se tratava da rutura de um aneurisma, que o sangue se espalhou pelo cérebro e que, geralmente, estes casos de urgência teriam de ser tratados de imediato, ou seja, o doente teria de ser logo operado. Mas como os médicos referiram, infelizmente calhou ser numa sexta-feira, logo não iria haver equipa de neurocirurgiões durante o fim de semana. O David teria de aguardar até segunda para ser operado. Deram-me a entender que o sangue espalhado pelo cérebro poderia, muito provavelmente, causar sequelas e posteriormente múltiplos AVC.

No sábado, dia 12, visto que a família mais próxima do David decidiu visitá-lo, estando eu em Coimbra, decidi ficar, ligando constantemente para o hospital para pedir informações (raramente era atendida ou pediam para ligar mais tarde). Pedi ao Sr. José, tio do David, para pedir informações junto às enfermeiras ou aos médicos, pois queria saber se existia a hipótese de o David ser transferido para outro hospital, de forma a ser operado o mais rapidamente possível. Pelo que entendi, a melhor opção era sem dúvida o Hospital São José e não seria apropriado transferi-lo.

Nesse mesmo dia, a mãe do David referiu que ele abria os olhos, levantava os ombros e sentia frio nas pernas, tendo tido a iniciativa de se tapar com o lençol, apesar de as enfermeiras terem informado que não estaria consciente, que não iria reconhecer-nos e que estava demasiado confuso e perturbado. Visitei o David no domingo, dia 13, e ele estava em coma induzido.

Disseram-me que o caso se tinha agravado, que ele vomitou durante a noite, que começou a fazer demasiado esforço para respirar e que o coma induzido seria uma forma de ele não permanecer agitado e de o ajudar a respirar, de modo também a prepará-lo para a cirurgia de segunda-feira de manhã.

Anunciaram-me que a sorte dele era ser novo, mas que o grande problema era o sangue espalhado pelo cérebro, que poderia provocar sequelas e outras complicações. Porém, algo bom aconteceu. Segundo o médico, criou-se um coágulo de sangue que permitiu “fechar” a veia, mantendo o sangue a circular dentro da mesma e permitindo que ele ficasse calmo e que a veia não voltasse a rebentar. A operação consistia na remoção do hematoma e desse coágulo, selando a veia através de um “clipe” e eliminado definitivamente o aneurisma.

Por outro lado, o meu pai falou com outra médica, que confirmou que a operação seria no dia seguinte de manhã e que seria melhor aguardarmos 48 horas antes de visitar o paciente, para não ficar perturbado.

No dia seguinte, segunda-feira dia 14, liguei várias vezes, querendo saber como tinha corrido a operação. No momento em que atenderam, por volta das 14h30, disseram-me simplesmente que não tinha sido realizada e que seria melhor deslocar-me ao Hospital São José, sem acrescentarem mais informações. Eu própria tive de informar a mãe do David, visto que ninguém do hospital nos telefonou.

Mais uma vez, fomos de Coimbra até Vila Chã de Ourique buscar a mãe do David. Chegámos ao Hospital de São José e aí anunciaram-mos que o David tinha tido morte cerebral e que seria irreversível. Não me deram mais detalhes. Completaram esta grave notícia, anunciando que no mesmo dia ou no dia seguinte ele seria operado para a doação de alguns dos seus órgãos.”

Esta carta foi escrita por Elodie Almeida, namorada do jovem David Duarte que morreu no Hospital de São José, em Lisboa, porque não havia equipa para o operar.

22.12.15

agora que já estava habituado à marsala

Dezembro caminha a passos largos para o final. 2016 está aí à porta e confesso que já estava habituado à cor marsala, eleita a cor do ano que está perto do seu final. E nada de dizer cor de vinho que isso pode dar direito a agressões e multas em determinados locais onde as cores são levadas muito a sério. Mas a verdade é que está na hora de dizer adeus à marsala. Mas o lugar não fica vazio pois aplica-se o ditado “rei morto, rei posto”.

A Pantone já fez saber quais as cores, porque são suas, que vão ocupar o lugar até então ocupado pela marsala. Aliás, é a primeira vez que existe duas cores como cores do ano. E o lugar tão desejado foi entregue à Rose Quartz e Serenity. Tal como aconteceu com marsala convém não dizer rosa claro nem azul claro. Para fazer um brilharete é dizer Rose Quartz e Serenity.

Esta dupla escolha está relacionada com o ano que agora termina que foi, de acordo com a Pantone, pautado por caos, conflitos, redes sociais e muita rapidez. Além disto estas cores simbólicas devem transmitir, mais uma vez de acordo com a autoridade mundial das cores, uma sensação de equilíbrio, calma, bem-estar, tranquilidade, igualdade e dualidade.

Não deixo de achar curioso (e inteligente) a escolha de duas cores com o objectivo de representar a igualdade de géneros. É uma aposta muito bem pensada. Por outro lado, custa-me acreditar que seria polémico eleger apenas uma destas cores. Mas, pensando bem, já vi grandes discussões por coisas tão “relevantes” como uma simples cor.

queres saber quantas calorias vais consumir no natal?

Natal é uma época de excessos. Acredito que a maior parte das pessoas não olha para os doces a imaginar as calorias que vai consumir. E quero também acreditar que não se deixam de viver momentos de partilha apenas porque o doce y tem x calorias. Também quero acreditar que ninguém está à mesa a alertar as outras pessoas por causa das calorias dos doces que estão a comer. Mas ficam aqui alguns dados para os mais curiosos. De acordo com a British Dietic Association cada pessoa consome, em média, 6000 calorias, ou seja, o triplo do valor diário recomendado. Esta infografia, cedida pela Zaask, é um guia de calorias. Acrescento apenas que, mais uma vez em média, as pessoas engordam dois quilos nesta época.

21.12.15

confusão com misses. humberto bernardo, és tu?

Vejo isto (Miss Universo 2015)...


Recordo isto (Miss Portugal 1997)...

evorar

Gosto de fins-de-semana assim, em que não sei para onde vou. A minha mulher já me tinha dito para não marcar nada para os dias 19 e 20 de Dezembro. Mas não me disse mais nada. Até chegar a data não sabia o destino. Até que soube que íamos passar o fim-de-semana a Évora. Fomos, como gosto de dizer, evorar que é o mesmo que passear por uma cidade alentejana que adoro. Quando soube o destino fiquei sem saber onde ficaria instalado.

Já em Évora soube que o hotel escolhido tinha sido o M´Ar de Ar Muralhas. A minha mulher já conhecia o grupo enquanto para mim tudo foi uma novidade. E não poderia ter ficado com melhor impressão. Destaco a simpatia e cortesia dos funcionários. Quanto ao hotel, que não é muito grande, está muito bem decorado. Parabéns a quem o decorou. O quarto é espaço e igualmente bem decorado. A vista é um claro sinal mais para o hotel e fiquei com a vontade de voltar no Verão pois a piscina deixou vontade para isso mesmo.

Vista do quarto

Évora é daquelas cidades óptimas para visitar a pé. Até porque o estacionamento no centro não é propriamente fácil. Aquilo que aconselho é o que nós fizemos. Depois de estacionar o carro fomos até ao posto de turismo que fica na Praça do Giraldo, onde nos deram um mapa (gratuito) com os locais a visitar na zona histórica. Em cerca de duas horas (e com calma) está tudo visto. Percorrer aquelas ruas, conhecer cada canto das mesmas e entrar nas lojinhas é algo que sabe muito bem. Ainda para mais nesta altura do ano. Para almoçar descobrimos um espaço das Bifanas de Vendas Novas, situado na rua Romão Ramalho (perto da Praça do Giraldo). É um daqueles espaço que passa despercebido por fora mas que é muito bonito por dentro. Estava cheio e as bifanas são muito boas, são daquelas que não enganam. Como ainda tínhamos tempos fomos visitar os Cromeleques dos Almendres, a cerca de quinze quilómetros de Évora.

Templo de Diana

Praça do Giraldo

Évora

Menir 

A surpresa da minha mulher incluía também um jantar. Na Tasquinha do Oliveira, um local que desconhecia. Quando me foi dito onde íamos procurei informação sobre o mesmo. Encontrei que era dos melhores sítios para comer em Portugal. Que tinha apenas quinze lugares e que era uma experiência gastronómica imperdível. Li também algumas críticas negativas. Que o dono “impingia” entradas caras e que não dizia o preço das mesmas. Entre outras coisas como mau atendimento. Esqueci as críticas e concentrei-me nos elogios, em maior número, que me fizeram colocar a fasquia bem no topo, fazendo com que fosse fácil ser desiludido.

Quando chegámos fomos recebidos pelo sr. Manuel Oliveira, o proprietário. E a entrada é algo que conquista imediatamente o cliente. Espaço pequeno. Decoração ao estilo de um bom restaurante português e música ambiente. Uma vantagem que adoro é ser pequeno. Passado pouco tempo estava cheio e todas as pessoas conseguiam conversar ao mesmo tempo que ouviam a música ambiente.

Tasquinha do Oliveira

Uma das críticas que tinha lido estava relacionada com as entradas. Quando nos sentámos já estavam três na mesma. Mas, contrariamente ao que li não nos fomos obrigados a ficar com elas. Manuel Oliveira explicou o que estava na mesa e trouxe a ementa, perguntando se queríamos ficar com aquelas ou trocar por outras. Acrescento que na ementa estava o preço de tudo. Não ficámos com nada do que estava na mesa e escolhemos duas entradas quentes (pataniscas de bacalhau e ovos de codorniz com paio) e uma fria (favas com chouriço). As pataniscas são um clássico. Não provar as mesmas é um crime. Provavelmente foram as melhores que comi até hoje. Finas e perfeitas. Para dar uma ideia foram servidas num prato com um guardanapo. Quando foram passadas para os pratos o guardanapo ficou imaculado. Os ovos não ficaram atrás das pataniscas e as favas com chouriço também estavam deliciosas.

Entradas

O atendimento de Manuel Oliveira foi irrepreensível. E posso dar mais um exemplo de que não força a venda de comida porque foi o próprio que sugeriu que depois das entradas dividíssemos um arroz de pato pelos dois em vez de virem dois para a mesa. Por falar em arroz de pato, é outro dos clássicos da casa e quem é fã desta iguaria não pode deixar de o provar neste espaço. Tudo isto foi acompanhado por pão de qualidade e regado por um Foral de Évora 2011, um vinho com o selo de qualidade Cartuxa. O espaço é pequeno mas tem um carta de vinhos de fazer inveja a muitos restaurantes maiores. Talvez por ser apreciador não concebo um bom restaurante sem uma boa carta de vinhos. Acho que uma coisa obriga à outra.

Sobremesas

Se escolher a comida não é fácil é igualmente complicado escolher as sobremesas. Pelo menos para mim pois a minha mulher apaixonou-se de imediato pela sericá (sericaia) que além da tradicional ameixa foi também servida com romã. Estava indeciso (e Manuel Oliveira apercebeu-se disso) e acabei por escolher o sorvete de limão, acompanhado por doce de romã e por romã. Um verdadeiro foodgasm e a sobremesa ideal para terminar uma refeição. A minha dúvida em relação à sobremesa fez-me hesitar em relação ao arroz doce. Manuel Oliveira ofereceu-nos um pouco de arroz doce, um gesto bastante simpático. Para terminar bebi um café que é muito melhor do que o habitual café servido nos restaurantes e que vem para mesa com um açucareiro. E tive a oportunidade de testemunhar que Carolina, mulher de Manuel Oliveira, continua a espalhar magia na cozinha. Podia dizer que esta experiência gastronómica (que recomendo a todas as pessoas que tenham essa possibilidade) é cara mas estaria a mentir. É um preço mais do que justo para a qualidade da comida e serviço. É uma experiência a repetir. No dia seguinte ainda fomos visitar Monsaraz. Um local de rara beleza e que se visita em pouco tempo. Misturando tudo isto ficou a vontade de voltar em breve. Um grande e especial obrigado à minha mulher que preparou tudo isto. Amo.te Muito!

Monsaraz

We´ll always have Évora

19.12.15

sabor que não sendo meu é uma memória de infância

Existem sabores que mesmo não sendo nossos acabam por representar uma memória de infância. E bastou um email, na caixa de correio do trabalho, para recordar algo que não está directamente relacionado comigo. Se as bebidas tivessem equipas faria parte da “meia de leite”, na variante “de máquina” e “morna”. Raramente bebo sumos ao pequeno-almoço. Nem outras bebidas. Fui e continuo a ser um fiel membro da equipa meia de leite.

O email que recebi tinha por objectivo dar a conhecer o leite achocolatado Ucal sem lactose, uma novidade ideal para os intolerantes à lactose. E este produto, na sua versão tradicional, representa um daqueles sabores que não sendo meus são uma memória de infância.

O sabor do Ucal não é estranho para mim pois sou um consumidor ocasional. Mas não é por isto que representa uma memória de infância. É uma memória porque só de ler o nome recordo-me das vezes (e foram tantas) em que a minha irmã pediu Ucal para beber. Sendo que tinha de ser sempre fresco. Se era da equipa meia de leite, a minha irmã era da equipa Ucal fresco. E bastou um email para recuperar tantas memórias associadas a um produto específico.

18.12.15

será que estes pais fazem outras queixas? e como resolvem outras coisas?

A edição da revista Harper´s Bazaar que tem Miranda Kerr nua na capa (foto aqui) foi banida de uma cadeia – Coles – de supermercados australianos. Esta decisão teve por base as queixas dos clientes que consideram que aquela sensualidade é inapropriada. Até porque alguns clientes fazem compras na companhia dos filhos. Perante as queixas a solução foi retirar a revista das lojas. Um caso isolado – pelo menos até ao momento – pois segundo a publicação o feedback tem sido bastante positivo.

Curiosamente acho que não é o primeiro texto que dedico aos consumidores australianos que fazem queixas de modo a que sejam banidas imagens sensuais. Acho que o outro caso de que falei passou-se num centro comercial, onde estava exposta uma publicidade sensual. Não vou estar a discutir mentalidades e culturas porque compreendo que isto muda de rua para rua, quanto mais de país para país e de continente para continente. Não é isso que está em causa.

A minha curiosidade, até porque a capa não é pornográfica, é perceber se os pais e clientes que se queixam da comercialização de uma revista destas também tomam outras atitudes em relação a outros temas. Por exemplo, ligam para os canais de televisão quando são passam, nos diferentes canais, desenhos animados com violência? Ligam para as editoras musicais quando um artista lança um álbum com uns quantos “fucks” e outros palavrões no meio das suas letras? Fazem queixas às marcas de roupa que comercializam imagens muito mais polémicas do que esta capa? Isto só para dar mais alguns exemplos.

E como será que estes pais lidam com a presença de mulheres seminuas nas praias? Saem das mesmas? Ou pedem às mulheres para vestirem, por exemplo, a parte de cima do biquíni pois estão com os filhos na praia? E podia discutir tantos outros temas ligados à temática do sexo/sensualidade pelos quais todas as crianças/adolescentes passam.

São coisas destas que discuto. Ou seja, a parte da educação e preparação para algo. Porque não é por tentar impedir que a revista seja comercializada no centro comercial que deixará de estar exposta em tantos outros locais onde pais e filhos continuam a passar diariamente. Ou, dependendo da idade dos filhos, por mais que os pais tentem esconder as imagens, elas estarão sempre disponíveis à distância de um click num qualquer motor de busca.

Mesmo dando o desconto de um país que é desconhecido para mim acho que queixas por causa de uma capa de uma revista destas – de moda – é um claro exemplo de tempo desnecessariamente dedicado a algo acessório. E acho que nos dias que correm os pais têm tantas preocupações com aquilo que rodeia os filhos. Problemas muito maiores do que a sensualidade de Miranda Kerr.

sozinho em casa com traumas familiares

Não sei se vai acontecer este ano mas acredito que sim. Porque todos os anos é transmitido um (ou vários) filmes Sozinho em Casa, sendo que os mais populares são aqueles protagonizados por Macaulay Culkin. Não há ano em que as aventuras do pequeno Kevin McCallister não sejam transmitidas, o que prova o sucesso do filme. Mas este ano existe uma novidade. Não irá dar na televisão mas pode ser vista aqui mesmo, neste post.

Vamos imaginar que o pequeno Kevin McCallister já não tem oito anos. Agora tem 35. Vamos supor que é casado. Que a mulher, uma condutora de uma empresa tipo Uber, que tem problemas com droga e que nem sempre trabalha. Vamos também supor que Kevin McCallister tem traumas familiares devido ao que viveu no passado. E que até tem uma certa semelhança com Dexter, o famoso serial killer. Entre muitas outras coisas.

Não é preciso imaginar este cenário. Porque é real. Trata-se do primeiro episódio de :DRYVERS, uma websérie criada por Jack Dishel, o vocalista dos Moldy Peaches. Para quem está farto de Sozinho em Casa e tenta adivinhar como seria o seu futuro... basta ver o episódio.

torresmos, estupidez e um supermercado às 8h30 da manhã

Não tenho por hábito ir a supermercados assim que abrem. Recordo-me de que o fazia quase todos os dias quando trabalhei num centro comercial pois quando entrava às 10h tinha por hábito tomar o pequeno-almoço no supermercado pois era bom e muito mais barato. Se chegasse uns minutos antes da abertura deparava-me com a quantidade de pessoas que já estavam preparadas para as compras. Parecia a grelha de partilha de uma corrida de automóveis em que os clientes, com os seus carrinhos, eram os pilotos e o segurança era aquela menina que baixa a bandeira para dar início à corrida, neste caso, autorização para entrar no supermercado.

Hoje voltei a ter essa experiência porque necessitei de ir a um supermercado perto do ginásio que frequento. E a experiência teve de tudo um pouco. Primeiro, o melhor momento. Na zona da comida/charcutaria deparei-me com uma senhora que tinha idade para ser minha avó.

“Menina, está ali uma coisa a olhar para mim e eu a olhar para ela”, diz.
“O quê?”, pergunta a funcionária.
“Os torresmos. São a minha tentação. Dê-me uns cinco assim mais para o mole”, pede.
“Está bom?”, pergunta a funcionária, depois de escolher os cinco de acordo com a preferência da cliente.
“Meta mais. Quantos mais meter mais como”, refere.

Depois de ter sido atendido fui para a caixa. Como ainda era cedo estava apenas uma a funcionar. A fila começou a ficar grande e decidiram abrir outra. Como acontece nestes casos o funcionário disse: “podem passar, por ordem, a esta caixa”. E como acontece nestes casos, não há ordem. É o salve-se quem puder com algumas pessoas a correrem como quem foge de um incêndio. Isto para passar à frente dos outros.

O homem que estava à minha frente deveria ser o primeiro cliente. Mas deixou que lhe passassem à frente e comeu e calou. Acabei por ser eu a dizer, em voz, alta: “foi dito que era por ordem”, o que levou a que o funcionário olhasse para mim, perguntando se era o primeiro. Expliquei que não, que era o senhor que estava à minha frente, que acabou por ser atendido em primeiro. Para tristeza dos dois chico-espertos que tentaram passar à frente.

As pessoas que tentaram tirar vantagem desta situação podem ser divididas em dois grupos. A primeira pessoa era um homem idoso que fez o que é habitual em muitos idosos: tentar passar à frente de um modo que a pessoa fica na dúvida se é sem querer ou se é propositado. A outra pessoa era uma mulher que defino como cliente estúpida. É aquela pessoa que passa à frente com a sua (e apenas sua) certeza estúpida de que não passou à frente de ninguém. E que decide discutir quando é chamada à atenção.

O senhor idoso não refilou. Aguardou pela sua vez. Já a mulher deu início a um monólogo que não tinha fim. “Eu não sou isto”, “eu não sou aquilo”, “tenho a certeza de que era eu”, “estou com crianças”, entre muitas outras coisas com algumas a roçar um lastimável estado de estupidez. E falava sem parar, mesmo sem que ninguém lhe dissesse nada. A vantagem de lidar com pessoas do calibre desta senhora antes das nove da manhã é saber que a partir dali o dia é sempre a subir.

natal com 101 presentes num só

Oferecer palavras e mensagens. Poderá soar a algo banal. Mas está longe disso. “Mas se não tenho jeito para palavras nem mensagens, como é que vou oferecer isso?”, pode ser uma das perguntas. A solução está num presente que contém 101 num só e que tem como missão recordar alguém do quão especial é para nós. Esta proposta é da Grand´Ideia e chama-se A Colecção Ser Feliz.

A colecção é composta por nove potes que têm como objectivo surpreender alguém de quem se gosta. E vai do marido, mulher e dos pais até ao colega do trabalho que é também um amigo, passando por todo o tipo de pessoas com que nos relacionamos. Cada um dos potes contém 101 mensagens que vão de motivos para se gostar de alguém até às 101 coisas que devemos fazer antes de morrer. Existe ainda a possibilidade de personalizar alguns dos potes.


P.V.P. 17 euros (portes de envio incluídos).

Os potes estão disponíveis na loja online (aqui).

17.12.15

querem saber qual o soutien ideal? coloquem o telemóvel nas mamas

Para começar um facto. Apenas uma em cada dez mulheres veste o tamanho certo de soutien. Esta é a realidade. E este dado faz com que o mercado em torno desta temática seja bastante apetecível. E nos dias que correm tinha de existir uma aplicação móvel que garante ajudar as mulheres a lidar com este problema. Ou seja, a ajudar as mulheres a escolherem o tamanho adequado para o seu corpo.

ChiChi é o nome de uma aplicação japonesa que irá ser lançada no início do ano e que promete que as mulheres podem ficar a saber qual o soutien que devem vestir. E a utilização é muito simples. Basta que as mulheres coloquem o smartphone entre as mamas. De acordo com os criadores, a aplicação ChiChi (um dos nomes japoneses que servem para dizer mamas) utiliza a câmara e um sensor para detectar o tamanho das mamas da mulher. Explicam também que o objectivo desta aplicação é ajudar a acabar com o desconhecimento das mulheres em relação aos soutiens pois a esmagadora maioria das mulheres usa um soutien inadequado para o seu corpo.


A aplicação já foi criticada por um grupo feminista japonês que realça que se trata de uma aplicação criada por homens, que as mulheres vão ter de pagar para utilizar a mesma e que se trata de algo de que elas não necessitam. Acrescentando que as mulheres sabem se o soutien é bom ou não assim que o colocam no corpo. Por outro lado, e pelo que vi em alguns sites, existe muita descrença em relação ao correcto funcionamento da aplicação.

Não sei se a aplicação funciona. E não nego que olho para a foto ilustrativa e dá-me vontade de rir. Mas até era bom que funcionasse. Talvez fosse uma forma discreta, porque ninguém tem de saber que a mulher o está a fazer, de ajudar a resolver um problema. Já não concordo é com os argumentos do grupo feminista. A começar pelo facto de ser algo criado por homens. Como se os homens não pudessem criar coisas úteis para as mulheres e vice-versa.

E também discordo quando dizem que todas as mulheres sabem qual o tamanho certo. Porque existem diversos estudos que comprovam o contrário. As mulheres pensam que sabem mas na maioria das vezes estão a usar um tamanho errado acreditando ser o certo. E quando recorrem a um serviço especializado ficam a saber que andaram enganadas.

acho que sou um caso isolado

Primeira notícia/rumor. “Os U2 vão actuar em Portugal”. A minha reacção foi... “ok!”.

Segunda notícia. “Os U2 não vão actuar em Portugal”. A minha reacção foi... “ok!”.

Acho que sou um caso isolado.

a arte de (não) saber estacionar o carro

Existem algumas coisas que não faço no momento de estacionar o carro. Não tapo portões nem portas de casas ou prédios. Não estaciono em passeios onde não é suposto estacionar quando tenho lugares livres vinte metros ao lado. Nunca deixo o meu carro encostado a outro, de modo a que seja impossível abrir uma porta. Não deixo o carro estacionado a dois centímetros do carro da frente, algo que dificulta a manobra. E não estaciono o meu carro numa fila que não deveria existir e que vai impedir que alguém, que estacionou bem, consiga retirar a sua viatura.

Infelizmente, nem toda a gente é assim. Estive num jantar de amigos. Era quase uma da manhã quando me preparo para ir embora. Chego ao carro e percebo que vai ser impossível retirar o meu carro, que está ladeado por outros dois igualmente bem estacionados. O problema são dois carros que estão atrás destes três e que não deixaram espaço para que nenhum de nós conseguisse sair, sendo que como fui a primeira pessoa a chegar ao carro (nem sei de quem eram as viaturas que estavam ao lado da minha) fui o primeiro a ter problemas. Ainda tentei fazer a manobra mas sem sucesso.

Aquela hora a paciência já era pouca. Mesmo assim ainda fui ao restaurante onde estava, e onde estavam muitas pessoas, tentar perceber se estavam por ali os donos daqueles dois carros. Não estava ninguém. Perante isto restava o cenário de ligar para a Polícia na esperança de que enviassem um reboque. Acabei por não o fazer, até porque me disseram que aquela hora não teria grande sucesso, sendo que a solução foi outra, graças à ideia de um amigo, que acabou por ser bastante prática e que permitiu que fosse para casa.

Não me deu para ficar muito chateado com aquilo. Mas conheço várias pessoas que eram capazes de, por exemplo, furar os quatro pneus do carro, riscar o mesmo ou fazer outras coisas semelhantes. Algo que sou incapaz de fazer. Não faz parte do meu feito partir para opções tão drásticas. Felizmente consigo manter a calma em cenários como este. E ainda bem que sou assim. Mas isto não invalida que não considere aquela situação completamente absurda.

As pessoas que estacionaram aquelas duas viaturas certamente perceberam que nenhum dos outros carros conseguiria sair. Não era necessário ser um mestre em medidas para perceber que a manobra era impossível. Quem o fez tirou proveito daquela mentalidade do “quem vier atrás que feche a porta”. Depois admiram-se quando têm os carros riscados e com os pneus furados. E aquilo a que ainda acho mais piada é que este tipo de gente costuma ficar extremamente ofendida quando lhes fazem o mesmo.