das coisas de que não tenho saudades no natal

Começo por dizer que adoro o Natal. Gosto de montar a árvore e decorar a casa a preceito para esta quadra festiva. Aprecio as decorações das diferentes ruas. Sou fã do ambiente que se destaca nesta altura do ano. Mas existem coisas das quais não tenho saudades nenhumas nesta época. Aspectos que passam despercebidos à maioria das pessoas mas que são facilmente percebidos por um grupo mais pequeno.

Durante alguns anos trabalhei em centros comerciais. Primeiro numa loja de desporto. Mais tarde em duas lojas de roupa. Folgar durante os fins-de-semana era coisa rara. Acredito que ainda hoje seja assim. Em Dezembro ainda pior. Porque era uma altura com muito movimento. Agosto e Dezembro eram uma espécie de meses loucos nos centros comerciais. Altura em que as pessoas adoram gastar dinheiro.

Mas trabalhar num centro comercial durante a altura do Natal é especial. Quase todas as pessoas adoram as decorações natalícias dos centros comerciais. É muito giro ver aquelas decorações. As luzes e as árvores. E por aí fora. É muito giro ir a um centro comercial e ouvir músicas natalícias durante os minutos em que se está a fazer compras. Não nego isto. Até porque, enquanto cliente, também gosto.

Mas quem trabalha, ou já trabalhou, num centro comercial conhece perfeitamente a sensação de ouvir músicas de Natal (são sempre as mesmas) desde que se chega ao local de trabalho até ao momento de ir embora. A pessoa chega e ouve uma música. Vai ao WC e ouve a mesma música. Vai almoçar/jantar e ouve a mesma música. Vai embora e volta a ouvir a mesma música. Num ritual que se repete todos os dias. Não é uma vez numa semana. É todos os dias. Sem excepção.

Por isso, se há coisa de que não tenho saudades nesta altura do ano é de trabalhar num centro comercial. Gostei muito do que lá aprendi e é algo que aconselho a todos os jovens que pretendem conciliar estudos e trabalho mas dispenso passar mais de um mês a ouvir meia dúzia de músicas de Natal repetidas até à exaustão. A magia do espírito de Natal que consegue contagiar quem visita um centro comercial acaba por se transformar numa espécie de pesadelo para quem lá trabalha.