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8.5.19

crianças, telemóveis, tablets e a miopia que os pais ignoram

Volta e meia converso com alguns amigos (com e sem filhos) sobre o comportamento das crianças nos dias que correm. E todos concordamos que passam a vida agarrados aos telemóveis e tablets. Conheço pessoas que dizem proibir esse comportamento em casa, assumindo também ser algo complicado de contrariar fora de portas. Até porque “todos o fazem”, dizem.

E esta frase é muito verdadeira. Hoje em dia, quer seja num café, restaurante ou noutro espaço qualquer, é praticamente impossível não encontrar uma criança agarrada a um gadget. Algo de que muitos pais gostam, até porque assim os filhos estão quietos e não aborrecem ninguém. E como é fácil calar uma criança deste modo, dá- se o aparelho para a mão.

Por outro lado, não concordo com isto. Talvez porque faça parte de uma geração que se habituou a estar à mesa a ouvir conversas dos pais ou a fazer desenhos nas toalhas de papel. Os tempos eram outros mas uso sempre como comparação o momento em que passei a ter computador e consola, algo que nunca foi mais importante do que brincar na rua com os meus amigos.

Nos dias que correm é o oposto. Parece existir um incentivo ao vício dos aparelhos. Já estive em restaurantes em que estão três filhos à mesa, cada um com o seu tablet, os pais com os telemóveis na mão e ninguém fala com ninguém. Algo que se prolonga durante praticamente toda a refeição. É certo que cada família sabe de si, mas existem dados que devem ser tidos em conta.

As crianças não só passam a vida agarrados aos aparelhos, como mergulham com a cabeça dentro dos pequenos ecrãs. E este é um dos perigos. Diversos especialistas estão a alertar para o perigo deste comportamento. Que pode acelerar a miopia nas crianças. Algo que resulta do uso exagerado destes aparelhos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2020 35% da população mundial terá miopia. Percentagem que pode subir para os 52% em 2050. Números verdadeiramente preocupantes. Se os pais não conseguem acabar com este vício dos filhos, certifiquem-se de que os aparelhos estão a uma distância de 30/40 centímetros dos olhos e, pelo menos, tentem que o uso não seja prolongado. Idealmente, e por mais que custe, acabem ao máximo com este vício que transforma uma criança em algo que não deveria ser.

3.5.17

só os pais não são suspeitos

Nunca compreendo o caso Maddie. Sempre achei estranho os detalhes que marcaram aquela noite, a começar pelo facto de que os pais abandonaram os filhos para “ir para os copos”. Sempre achei estranha a postura dos pais, sobretudo da mãe da criança. Nunca percebi o motivo pelo qual sentiram necessidade de ter um advogado com ligações ao governo britânico e o dinheiro gasto pela Scotland Yard na investigação.

Tudo ficou mais confuso na minha cabeça quando soube que cães detectaram sangue no apartamento e num carro utilizado pelo casal já depois do desaparecimento da filha. Perante tudo isto existiu apenas um mau da fita. Um homem cuja vida nunca mais foi igual: Gonçalo Amaral, o inspector que sempre defendeu o envolvimento dos pais no desaparecimento da filha, mais especificamente na ocultação do cadáver. Gonçalo Amaral defende que a morte foi acidental e que a partir daí os pais tudo fizeram para esconder o corpo da filha.

Seja qual for a teoria que cada pessoa escolha acreditar, acho que ninguém pode acreditar, sem qualquer hesitação, que os pais não possam estar envolvidos nos acontecimentos daquela trágica noite. Dez anos depois do desaparecimento de Maddie é com espanto que ouço uma pessoa da Polícia Judiciária afirmar que todas as hipóteses estão em aberto excepto a possibilidade do envolvimento dos pais que não são suspeitos. Isto é no mínimo incrível e caricato.

2.5.17

a baleia que os pais não conseguem ver

Ao longo das últimas semanas tenho ouvido falar muito do jogo Baleia Azul que já levou ao suicídio de um grande número de adolescentes, sendo que neste momento já existem dois casos de adolescentes portugueses envolvidos neste jogo que é partilhado nas redes sociais. Mas só hoje é que prestei mais atenção ao jogo em si.

Fiquei a saber que consiste em 50 etapas e que a última é a morte do jogador. A maioria das etapas passam por auto-mutilação e por cenários que colocam a vida em risco. Além disso, os jogadores têm de comprovar a superação das provas junto de quem está a controlar o jogo. Basicamente, são comportamentos pouco comuns para um jovem considerado normal.

Um caminho fácil será culpar as redes sociais. A culpa está na facilidade com que se tem acesso a tudo e mais alguma coisa. Mas acho que não pode ser ignorado o elegante, neste caso baleia, que está no meio da sala. Porque algo de mal se passa com qualquer criança ou adolescente que tenha curiosidade em relação a um jogo destes. E que se vá auto-mutilando ao longo do jogo sem que ninguém ao seu redor se aperceba do que está a fazer.

Não vou dizer que os pais são todos culpados. Mas não minto quando digo que muitos pais passam ao lado das vidas dos filhos, pouco ou nada participando nas suas actividades. Poucos pais perdem, aliás... ganham algum tempo diariamente a falar com os filhos em relação ao dia que passou. O resultado disto pode ser um distanciamento que faz com que seja complicado observar a gigantesca baleia que levou um adolescente a pensar em coisas como suicídio. Porque quando um adolescente chega a este ponto é porque está muita coisa errada. E o que está mal foi ignorado por muitas outras pessoas.

19.4.17

ainda é necessário falar de vacinação?

O surto de sarampo, que já levou à morte de uma adolescente de 17 anos, está a fazer com que se discuta novamente a vacinação das crianças. Até porque esta adolescente não tinha sido vacinada e foi contaminada por uma criança de treze meses que também não tinha sido vacinada. Esta informação, e este triste acontecimento, é mais do que suficiente para que os pais percebam os riscos que correm quando optam por não vacinar os filhos.

E mais do que discutir a vacinação dos filhos, é igualmente importante discutir a eventual responsabilização dos pais que decidem seguir este caminho. Por mais teorias que possam existir, escolher este caminho coloca a vida dos filhos em risco, criando um efeito bola de neve que se alastra a outras pessoas. Mas faz sentido discutir isto se estiver em cima da mesa a possibilidade de tornar a vacinação obrigatória, algo que não acontece.

Não sei como é que as coisas funcionam nos dias que correm mas recordo-me de que, na minha escola secundária, era necessário ter o boletim de vacinas em dias para fazer a matrícula. Quem não o fizesse, não podia matricular-se. É certo que existiam truques como apagar, estava escrito a lápis, a vacina que faltava de modo a efectuar a matrícula sendo que posteriormente era escrita novamente no boletim.

Por fim, e porque acho que resume tudo muito bem, deixo aqui a opinião do pediatra Mário Cordeiro. “Dizer mal das vacinas é um luxo de um país que já não tem, como há bem pouco tempo tinha, casos diários de meningite ou mortes por sarampo, como em 1994 [declarações anteriores à morte da adolescente]. A memória é demasiado curta e a arrogância demasiado grande”.

17.4.17

mães que castigam filhos. certo ou errado?

A atitude de uma mãe está a dar que falar. Pelo simples facto de que esta mãe fingiu ser o Coelho da Páscoa. E deixou uma carta para os seus três filhos. Na missiva pode ler-se que não vão receber nenhum ovo (ou presente) na Páscoa porque andaram a portar-se mal. A mãe escreve ainda que o Coelho da Páscoa está sempre atento e que irá falar com o Pai Natal para que fique igualmente atento ao comportamento das crianças de modo a que decida se podem passar para a lista daqueles meninos que são bem comportados. A criança mais velha chorou e a mais nova terá ficado bastante admirada com a carta.


Esta mãe partilhou uma foto da carta em questão e as opiniões dividiram-se imediatamente. Há quem esteja do lado da mãe e existem especialistas que entendem que esta medida não resolve nada. Existem aqueles que dizem que a mãe foi bastante cruel com os filhos. E os que aplaudem a atitude de uma mãe que leva um castigo até ao fim. E acho que é nesta última opinião que reside a verdadeira questão.

A maioria dos pais não leva um castigo até ao fim. Existe uma ameaça. Duas ameaças. Três ameaças ou mesmo mais. Mas o castigo poucas vezes chega a ser colocado em prática. E quando o pai decide aplicar o castigo, vem a mãe e diz que não é preciso, que fica para a próxima. Ou quando é a mãe que decide castigas, vem o pai e intercede a favor dos filhos. E as crianças acabam por tirar o melhor partido desta situação. Sabem que podem jogar com um dos pais quando o outro está chateado.

Esta mãe levou o castigo até ao fim. Acredito que lhe tenha custado. Tal como acredito que custa a qualquer pai castigar um filho. Mas aposto que aquelas crianças não vão esquecer a Páscoa em que o mau comportamento – aparentemente frequente – levou a que não recebessem nada enquanto a maioria das crianças recebeu algo. E isto não é nenhum bicho de sete cabeças. É um castigo simples e um alerta para três crianças que teimam em não se portar bem.

E esta decisão não transforma aquela mãe numa má mãe. Por mais que muitas pessoas achem o oposto. Os castigos, quando merecidos, fazem parte do crescimento de uma criança. São uma das formas, quando outras falharam, de mostrar à criança que fez algo errado. E que não poderá continuar a comportar-se como bem entende, ignorando os alertas dos pais. Por tudo isto, estou do lado daqueles que aplaudem a decisão desta mãe.

13.4.17

uma decisão que ninguém deveria ter de tomar

Não imagino um cenário muito pior do que este. Dois jovens realizam o sonho de ter um filho. O bebé, de nome Charlie, nasce com problemas, com um síndrome raro. Aos oito meses é surdo, só pode ser alimentado com recurso a um tubo e só respira com ajuda de um ventilador. Perante este triste cenário os pais deparam-se com a decisão de “matar” o filho, autorizando que seja retirado o suporte de vida que mantém o bebé vivo.

Chris e Connie recusam tomar esta decisão. Querem levar o filho até aos Estados Unidos da América para que o bebé seja submetido a um tratamento experimental. Os médicos não concordam. Defendem que apenas servirá para prolongar o sofrimento de Charlie. Perante este cenário, o tribunal autorizou os médicos a retirar o suporte de vida sem autorização dos pais.

Não consigo imaginar muitos cenários em que o poder de uma decisão seja tão angustiante como este. Principalmente para os pais, que provavelmente agarram-se a todos os milagres possiveis e imaginários para manter o filho vivo. Acredito que não queiram viver com o peso de um “e se” em relação a algo que entendam que deveriam ter feito para salvar o filho. Por mais que os médicos digam que não é possível fazer nada.

Do outro lado estão os médicos. Cuja profissão obriga a que sejam frios em casos como estes. Os sentimentos (que muitas vezes alteram a razão) são obrigados a ficar no cacifo onde deixam os pertences pessoais antes de entrar ao serviço. E estão obrigados a separar uma vida que tem apenas oito meses do caso clínico. Não será um bebé mas um paciente cujos problemas infelizmente não têm cura.

Por mais que me custe compreender o papel do médico que decide ser hora de desligar a máquina, não consigo sequer tentar imaginar o que passa pela cabeça de pais que têm a missão de autorizar que se desliguem os aparelhos que mantêm o filho vivo. Ou chegar ao ponto em que não querem desistir mas em que existe alguém que decide que está na hora de deixar de lutar, mesmo contra a vontade dos pais...

10.4.17

quem é mais importante? mãe ou filho?

Não sou pai. Mas acredito que ser pai é um dos maiores (talvez mesmo o maior) ponto de viragem de uma vida. Até esse momento os problemas dizem respeito a uma pessoa. Não existem pessoas que sejam directamente influenciadas por uma decisão nossa. É certo que existem relações familiares, sentimentais e de amizade. Mas um filho está dependente dos pais.

E esta relação de dependência muda a vida. As preocupações são outras e mais intensas. Os problemas estão mais focados. Bem como tudo na vida. Esta é a ideia que tenho. Daí que, mesmo não sendo pai, perceba na perfeição todos os clichés que se dizem quando nasce um filho. Até porque amigos acabam por confirmar que batem todos certos. A vida muda. Para melhor. E passa a existir alguém que é o centro do mundo para duas pessoas (isto de forma geral).

Posto isto, é normal ouvir que os filhos são as pessoas mais importantes do mundo. Em tudo. E ninguém se espanta quando um pai diz isto. Mas tudo muda quando uma mãe diz que é mais importante do que o filho. Por melhor que seja a explicação – tal como defender que a melhor versão da mulher será a melhor versão enquanto mãe – as pessoas tendem a não compreender estas palavras. A achar que são injustas.

Ou quando um homem diz que ama mais a mulher do que o filho, apenas para dar outro exemplo. São modos de pensar pouco comuns. Que vão no sentido oposto da maioria das pessoas. Não está em causa se estão errados, até porque a temática diz sentido a sentimentos, prioridades e formas de amar. São apenas modos de pensar que não são partilhados pela maioria das pessoas.

Volto a dizer que não sou pai. Mas não me imagino a dizer que serei mais importante do que um filho. Aquilo que defenderei (e sempre defendi) é que o nascimento de um filho não deve implicar que a pessoa se anule na totalidade. Mas nunca um pai poderá ser mais importante do que um filho. Isto, mais uma vez, de modo geral pois nem todas as relações são iguais. Nem todos os pais são bons pais tal como nem todos os filhos são bons filhos.

Também não me imagino a dizer que amo mais a minha mulher do que o meu filho. Até porque são amores que se complementam sem concorrer entre si. São amores perfeitos que não devem conviver em guerra por um lugar de maior destaque. Quando for pai irei ter uma análise diferente sobre este tema. Porque os sentimentos vão ser reais. Até lá irei continuar a achar estranho – o que é diferente de achar que é errado – que um pai seja mais importante do que um filho e que o amor de um filho possa competir com o de um companheiro.

21.3.17

os homens são uns ignorantes (e o tema é sério)

Existem experiências pelas quais ninguém quer passar. No imediato recordo-me de nenhum pai querer enterrar um filho. Ou de nenhum irmão querer enterrar outro, tal como nenhuma mulher quer enterrar um marido, ou vice-versa. Ainda mais quando as pessoas são bastante novas. E se ninguém quer passar por isto, poucas pessoas sabem reagir a isto. Tal como será bastante reduzido o número de pessoas que sabe o que dizer a quem passou por algo assim.

Rio Ferdinand é uma destas pessoas. O ex-jogador inglês, que foi colega de Cristiano Ronaldo no Manchester United, viu a mulher morrer, vítima de cancro, quando tinha apenas 34 anos e apenas dez semanas depois de lhe ter sido diagnosticada a doença. Para “trás” ficou o marido e três filhos. Agora o ex-jogador decidiu relatar a sua experiência num documentário. E aquilo que conta é bastante duro.

Rio Ferdinand assume que passou a ter ataques de pânico e que se refugiou no álcool. “Antes de morrer, ela disse-me que seria um pai e mãe magnífico. Rebecca partiu 10 semanas depois de lhe terem diagnosticado o cancro. Ao princípio bebia muito depois de deitar os miúdos, até que um dia ao acordar vi que não os conseguia levar ao colégio. Até tive um acidente. Percebi que não podia continuar assim”, revela, assumindo que aí percebeu que necessitava de ajuda.

“Como é que marco consulta no médico? Sempre fui ao médico do clube. Não fazia ideia”, prossegue. “Quando os meus filhos me diziam que não era assim que a mãe fazia a cama, pensava: 'o que quer que eu faça nunca bastará'", diz. “Nós, homens, somos uns ignorantes. As mulheres cuidam da família e da casa e julgamos que isso não é um trabalho. É um trabalho muito duro e importante”, defende.

Um dos momentos mais marcantes do documentário diz respeito aos filhos. Especialmente quando um deles quis saber o significado dos cartões afixados numa das paredes do hospital. Ao que o pai respondeu que eram um agradecimento aos que cuidavam da mãe e de outras pessoas com o mesmo problema. “Mas não ajudaram a minha mãe”, respondeu o menino, deixando o pai sem resposta.

Este é apenas um excerto do muito que pode ser visto no documentário. E estes pequenos exemplos dão muito que pensar. Desde o refúgio na bebida porque parece ser a única solução quando o mundo se vai deitar. Aos comentários dos filhos que recordam o que a mãe faz, e que estão habituados a que seja feito pela mãe, e que deixam a pensar que o pai nunca será suficiente. Até à forma como uma pequena criança lida com a morte e com uma aparente dor relacionada com aqueles para quem olha como salvadores e que não ajudaram a mãe.

Este é um tema que me arrepia. A impotência que tudo isto deve causar. A dor sem fim. A ferida que se abre e nunca fecha. Este relato é impressionante. E provavelmente será bastante útil para quem passa pelo mesmo. Pessoas que cometem os mesmos erros de Rio Ferdinand e que não sabem a quem pedir ajuda. Pessoas que ouvem frases cliché dos amigos porque estes também não sabem o que dizer além dessas frases.

20.3.17

uma realidade que as crianças (infelizmente) desconhecem

Esta fotografia foi roubada da página de facebook de uma antiga vizinha e amiga de infância que morou muitos anos na praceta onde ainda moram os meus pais. Na legenda lamentou a falta de tudo aquilo com que nós crescemos. Opinião que foi partilhada por diversas pessoas que cresceram connosco. E o que falta aqui?


Pouco mais do que uma árvore sobrevive no meio da praceta que agora deu vida a um parque de estacionamento que garante mais meia dúzia de lugares aos moradores. Cresci com aquele centro a ser o centro, e peço desculpa pela redundância, das minhas brincadeiras. Onde estão aqueles carros estacionados existiam bancos de jardim, primeiro de madeira, mais tarde num material de qualidade duvidosa. Esses bancos serviam para que por lá estivéssemos sentados a conversar. Ou então eram balizas para jogos de futebol. Dois contra dois, um contra um, ou quatro equipas a jogar ao mesmo tempo, sendo que quem sofresse golo ia saindo até restar apenas o vencedor.

Além disso, das seis árvores que ali estavam, quatro serviam para criar um campo de basebol. Bastava um pau e uma bola de ténis. Onde está aquela espécie de X branco era onde ficava o batedor. Ou, em casos raros, no lado oposto do centro e voltado para os prédios. Depois era bater a bola o mais longe possível e jogar. Nesta praceta existiam também guerras de balões de água e com cartuchos de papel (das listas telefónicas) disparados com recurso a um canudo comprado numa loja ali mesmo ao lado. Aquele centro era também o palco das festas dos santos populares, com os vizinhos a descer e a oferecer algo para a festa.

No alcatrão (era uma alegria quando era novo) também existiam muitas brincadeiras pintadas a giz. Não sei se alguém se recorda disto mas era ali que jogava ao “35”, ao “mata”, à “sirumba” e mesmo às “cinco pedras”, jogos que nenhuma criança saberá reconhecer hoje. Esta praceta era também óptima para jogar às escondidas. Já para não dizer que foi aqui que o meu pai me ensinou a andar de bicicleta. E podia ficar aqui largas horas a falar do limão, da bota botilde, do saltitão e de tantas outras coisas que estavam sempre na rua. E o que resta de tudo isto? Apenas as minhas memórias. E as de todos aqueles que cresceram comigo e que ali brincaram.

Este relato parece já ter largas décadas. Mas não! Porque tenho apenas 35 anos. Ou seja, faço parte de uma geração que já cresceu com consolas, computadores e telemóveis. Não da mesma forma que existem hoje mas eram uma realidade disponível para todos. A diferença está no incentivo que tínhamos para estar na rua a brincar em vez de nos isolarmos em casa. Aceito que se fale em tempos diferentes, em realidades diferentes mas isso não justifica tudo. É apenas uma parte do problema e não a sua essência.

Naquela altura também existia bullying (só ninguém sabia o termo), também existiam pessoas duvidosas, drogas, prostituição e todos aqueles problemas que existem hoje e que são bastante mediatizados. Estavam todos perto de nós, até espectáculos em varandas que nunca sabíamos se iam terminar com a morte de alguém. A forma de lidar com as adversidades é que era diferente.

Tal como hoje, os pais também trabalhavam e as crianças tinham actividades extra-curriculares. Uma grande diferença talvez passe pela menor frequência com que as pessoas mudavam de casa, o que fazia com que os vizinhos fossem os mesmos ao longo de muitos anos. E outra diferença era o incentivo para brincadeiras ao ar livre, na rua com os amigos. Algo que se tem vindo a perder com o passar dos anos.

os anos mudam. os pais não

Ontem celebrou-se o Dia do Pai. E a ideia que tenho é a de que os anos vão passando mas os pais permanecem iguais. Pelo menos no que diz respeito à imagem que é criada sobre os mesmos. No modo como são vistos pelas pessoas, pela sociedade. E neste sentido os pais ainda são vistos como os brincalhões.

Muitas pessoas, quando desafiadas a comentar as memórias que têm dos pais na infância, referem as brincadeiras dos pais. O universo do pai acaba quase sempre nas brincadeiras. Diversos momentos divertidos acabam por ser quase sempre imediatamente associados aos pais. Mais do que às mães. O que não implica que as mães não sejam tão ou mais brincalhonas do que os pais. Apenas existe uma rápida associação a eles.

E o mesmo se aplica à educação mais rígida. Quando este é o tema também se associa a rigidez aos pais. Existe a ideia de que as mães são mais protectoras e mais compreensivas e que os pais são mais duros e menos liberais. Mais uma vez, não é uma equação matemática. Nem todos os pais se enquadram no que mencionei, tal como nem todas as mães serão iguais.

Mas os anos vão passando e as ideias associadas aos pais e às mães acabam por manter-se iguais. As pessoas, pelo menos na sua maioria, continuam a olhar para o pai como o brincalhão que é bastante duro em determinados momentos. E a mãe continua a ser a protectora e o refúgio dos filhos em determinados momentos mais complicados.

16.3.17

fortuna. da ilusão à triste realidade (uma lição para os pais)

Atletas como Cristiano Ronaldo (apenas para dar um exemplo próximo) ajudam a criar a ilusão de que o mundo do desporto está cheio de dinheiro. Ou seja, as pessoas olham para todos os jogadores como alguém que tem um ordenado mensal milionário. Mas isto não passa de uma ilusão. De uma ideia errada. Porque se existem poucos jogadores com o talento do português, também existem poucos que conseguem os rendimentos de Cristiano Ronaldo.

Apesar de as coisas começarem a mudar, a maioria dos jogadores ainda vem de meios com algumas limitações. É raro o jogador de futebol (de classe mundial e não só) que não tem uma história triste ou trágica associada a si. São, por norma, pessoas com poucos estudos e que sempre viveram com pouco. Até ao momento em que passam a ganhar muito dinheiro, não sabendo gerir o mesmo.

E nem todos estão rodeados das pessoas correctas. Muitos jogadores estão rodeados de pessoas que só querem dinheiro. E que só têm interesse no atleta enquanto é rentável para si. De resto, são inundados com propostas de negócios da China nos quais acreditam mas que servem apenas para perder dinheiro. E existem diversos casos de jogadores – Jorge Cadete será o melhor exemplo – que ganharam pequenas fortunas com a carreira mas que acabaram por perder tudo.

Má gestão? Falta de “cabeça”? Provavelmente! Mas nem só. Existem lesões que colocam um ponto final na carreira de forma precoce. Doenças, fraudes e muitas outras coisas. Mas existe a ideia errada de que todos ganham fortunas. Tal como existe a ideia errada de que o dinheiro dura para sempre. E foi nesse sentido que Tarantini (o capitão da equipa do Rio Ave) criou o projecto A Minha Causa que tem por objectivo ensinar os jogadores a gerir a carreira, especialmente a vertente financeira da mesma. E os números dados a conhecer por Tarantini são assustadores. Por outro lado, são uma lição para quem ainda olha para o desporto (não apenas para o futebol) de forma errada.

- 80% dos jogadores que se retiram da NFL (melhor campeonato do mundo de futebol americano) ficam falidos nos primeiros três anos.

- 60% dos jogadores que se retiram da NBA (melhor campeonato do mundo de basquetebol) ficam falidos em cinco anos.

- 2 em cada 5 jogadores (Premier League – campeonato inglês, um dos melhores do mundo) apresentam sérias dificuldades financeiras num máximo de cinco anos após o final da carreira.

- 1 em cada 3 jogadores (Premier League – campeonato inglês, um dos melhores do mundo) divorciam-se nos primeiros 12 meses após o final da carreira.

Estes dados são bastante curiosos. Nem que seja pelos simples facto de que dizem respeito a atletas que ganham muito (mas mesmo muito) mais dinheiro do que os portugueses. Para se ter uma ideia, um clube da segunda divisão inglesa paga um ordenado melhor do que clubes como Braga ou Guimarães, que estão logo abaixo dos chamados três grandes portugueses (Benfica, Porto e Sporting).

Nos dias que correm muitos miúdos ainda correm atrás do sonho de ser jogador de futebol. E ainda bem que o fazem. E muitos pais incentivam este sonho dos filhos. E ainda bem que o fazem. Mas cometem o erro de tentar fazer de crianças de dez anos atletas profissionais. E muitos pais não se importam que os filhos não estudem. Não querem pensar num plano b para a eventualidade de algo correr mal. E muita coisa pode correr mal. E dou apenas um exemplo. Uma das maiores promessas do Borrusia Dortmund era um jovem de 18 anos que se lesionou com gravidade recentemente e foi obrigado a abandonar a carreira. O sonho de ser um grande jogador “morreu” numa jogada que o levou para uma mesa de operações.

Este projecto de Tarantini é muito interessante. Não apenas para os jogadores que estão rodeados das pessoas erradas. Não apenas para aqueles jogadores que se aproximam do final de carreira. Mas também para muitos pais que vivem cegos com a ideia forçada de que o filho terá de ser o próximo Cristiano Ronaldo.

2.3.17

filhos vs sobrinhos. qual será o melhor dos dois mundos?

Ontem uma pessoa perguntou-me se pensava ter filhos. Respondi que sim. Que até ao momento tinha uma sobrinha mas que pensava ter filhos. A pessoa respondeu-me que também tinha uma sobrinha. E que também tinha pensado em ter filhos. Mas que agora estava feliz com a sobrinha e que já não pensava ter filhos. "Ter sobrinhos é o melhor dos dois mundos", brincou.

Depois fez aquela piada típica de quem defende esta ideia. Ou seja, tem o amor que poderá dar e receber de um filho mas sem as partes menos positivas. Quando a criança chora, vai para os pais. Quando faz birras, vai para os pais. Resumindo, aproveita tudo aquilo que é positivo numa relação com uma criança e elimina da equação aqueles momentos que também fazem parte de uma relação do género mas que, deste modo, são vividos apenas pelos pais.

A pessoa estava a brincar com o que dizia mas mantendo uma certa verdade na sua opinião. "As pessoas dizem que vale a pena ter filhos. Mas será que vale mesmo?", perguntava. Não é a primeira pessoa que ouço com esta opinião. Conheço diversas pessoas que ficam felizes e realizadas com um sobrinho. Porque não perdem a sua independência, não têm ninguém a depender de si, mantêm o estilo de vida que desejam e ao mesmo tempo têm alguém para amar como se fosse um filho.

Não censuro nem critico quem pensa deste modo. Creio que são pessoas que têm receio de ter um filho mesmo que o desejem. E enquanto hesitam ficam felizes com este cenário. Ou então são pessoas que não querem mesmo ter filhos, independentemente de gostarem de crianças. Por outro lado, fico feliz com pessoas que pensam neste cenário. Ou seja, que não olham para o nascimento de uma criança como a aquisição de uma t-shirt em saldos que depois se arruma para o lado quando se percebe que afinal não fazia falta nenhuma ou que não era bem aquele modelo que se pretendia. E infelizmente é algo que se vê muito nos dias que correm. Pessoas que parecem ser pais por capricho e que depois não têm paciência para os filhos.

7.2.17

o sofrimento de um pai que perde um filho

Quando o sofrimento de pais que perdem um filho é transformado num negócio de "milhões"... está tudo dito em relação a esse mesmo sofrimento. Ou se não estiver tudo dito, muitas questões ficam no ar.

31.1.17

mãe pontapeia filha

A ideia de um pontapé de uma mãe a um filho é algo que não soa bem. Por mais cenários que sejam imaginados. Parece que existe uma excepção que passa pelo pontapé que supostamente salva a vida a uma criança. E supostamente foi isso que aconteceu em Uban, na Malásia. Foi por lá que uma mãe pontapeou a filha e onde este acto está a ser visto como algo heroico. O momento pode ser visto aqui.

Já vi o vídeo diversas vezes. Já li a explicação de que o elevador não tem sensores e que apenas dentro do mesmo é que é possível carregar num botão que mantém as portas abertas. Li ainda os elogios feitos à “sabedoria” e “calma” da mãe num momento destes. Confesso também que não sou adepto de grandes teorias da conspiração mas existe algo neste vídeo que não bate certo para mim.

Fica a ideia de que a criança seria entalada pelas portas do elevador. E que isso só não acontece pelo movimento brusco da mãe que faz com que saia da zona da porta. Mas o resto não me parece bem. E digo isto porque a mãe pontapeia a filha com alguma violência e afasta-se da criança. Do género: “salvei-te da porta, agora não me aborreças”. Se o pontapé me faz confusão, acho mais estranho que não se preocupe em ir ter com a filha depois daquilo que fez, mesmo que tenha sido para a salvar.

Não sou de extremos. Não vou dizer que esta mulher é uma má mãe pelo que fez. Até porque a ideia que se passa é a de que salvou a vida à filha. Tal como não acho que nenhum pai é mau pai porque dá palmadas aos filhos. Até defendo o oposto, ou seja, existem crianças que têm falta de umas palmadas no rabo em determinados momentos. Mas o pontapé parece-me muito estranho. Talvez seja pela reacção da mulher.

25.1.17

o pobre coitado do gustavo santos (haters gonna hate)

O Gustavo Santos faz parte daquelas pessoas que conseguem dar vida ao ódio de muitas pessoas. Existem algumas figuras públicas de quem poucas pessoas (aparentemente) gostam. São fenómenos que acontecem sem grandes explicações. Assim de repente recordo-me dos UHF e dos Delfins, com os seus vocalistas à cabeça, como dois exemplos de projectos que (aparentemente) são odiados por muitas pessoas.

E mais uma vez Gustavo Santos volta a ser alvo do ódio de muitas pessoas. Só que não se trata de nenhuma frase ou pensamento que partilhou nas redes sociais ou algo retirado de um dos seus livros ou vídeos onde aparece a falar sobre o modo como encara a vida. Desta vez a culpa é do filho. E celebridades e filhos são meio caminho andado para que exista confusão.

Aliás, no que diz respeito a crianças, todos sabem tudo. Até aqueles que não são pais sabem tudo aquilo que os pais dos outros devem fazer. E aqueles que já são pais nunca cometeram nenhum erro e sabem tudo aquilo que os outros pais fazem de forma errada. Como dizia uma pessoa que conheço: “também dizia que o meu filho nunca haveria de fazer uma birra num centro comercial... até ao dia em que se sentou no chão a fazer birra”.

Voltando ao Gustavo, parece que as pessoas não gostaram que partilhasse uma foto nas redes sociais em que o filho tem parte do rosto tapado com um edredão. Se Gustavo já não é muito amado, isto bastou para que os insultos se multiplicassem a uma velocidade veloz. E o apresentador, acusado tantas vezes de dizer coisas sem sentido, respondeu de forma bastante certeira.

“As pessoas que não sabem de si mesmas são as primeiras a opinar sobre tudo e todos, a invadir a nossa casa e a julgar ao desbarato para ver se ganham a atenção que não se dão”, refere. E isto é muito certeiro. Sobretudo quando diz respeito a pessoas que não se contentam com uma crítica construtiva ou minimamente educada. E aplica-se às redes sociais e à quantidade de pessoas que se escondem atrás de um perfil, muitas vezes falso, para ofender tudo e todos de forma gratuita.

O fenómeno da ofensa gratuita é muito comum nas redes sociais. Mas sobe de tom quando se misturam figuras públicas (ou não) e os respectivos filhos. E isso é algo que ainda não percebi. Como é que uma foto de uma criança consegue gerar tanto ódio nos outros. Mesmo que considerem que algo está mal feito. Só me ocorre que as pessoas andem tão saturadas com as suas vidas e com os seus problemas que acabam por descarregar em pessoas que não conhecem de lado nenhum e que não se apresentam como um “adversário” que tenham de enfrentar na vida real.

9.1.17

vamos jogar à roleta sexual?

A adolescência é a idade da estupidez. Não é necessário estar com rodeios. É a idade em que a maioria dos adolescentes são influenciados pelos supostos “amigos” que os desafiam para tudo e mais alguma coisa. Em diversos casos existem comportamentos que passam ao lado dos pais, por mais atentos que estejam. Existem outros que são totalmente ignorados pelos pais. E ainda aqueles, por mais graves que sejam, que os pais tendem a desculpar.

É a idade da estupidez. É na adolescência que muitos adolescentes experimentam um cigarro. Ou um charro. Ou que vão mais longe e “cheiram” branca. Ou que participam em arraiais de porrada sem nexo. Ou que se embebedam em grupo. Ou que transformam a sexualidade num jogo. Existe isto, existe muito mais, e nem todos os adolescentes sabem distinguir o bem do mal. Alguns ainda percebem que muitas destas coisas são apenas estúpidas. Para outros é sinal de maturidade. Estes comportamentos conseguem ser vistos como algo de adulto. E servem também para picar e desencaminhar os menos corajosos.

Dentro dos comportamentos da estupidez existe um bastante perigoso que está a ganhar popularidade em Espanha. Trata-se da roleta sexual. Basicamente são rapazes sentados, sem roupa, numa cadeira. Enquanto as raparigas se sentam em cima dos mesmos para sessões de sexo de trinta segundos. Os jovens ficam na mesma cadeira enquanto elas vão “rodando” de rapaz em rapaz. Ganha aquele que ejacular em último lugar. E nenhum dos jovens usa preservativo.

Este jogo tem como protagonistas menores. E ao longo do último ano existiram quatro adolescentes que admitiram ter engravidado devido ao jogo. Acredita-se que o número seja maior mas que exista vergonha em revelar que se engravidou num destes jogos. O número de adolescentes com doenças sexualmente transmissíveis também aumentou. E muito. Algo que está a criar muita preocupação em Espanha.

A adolescência é a idade da estupidez. Existem coisas que são aceitáveis. Pequenos erros que mostram o rumo certo e que ajudam a separar o bom do mau e os bons daqueles que não interessam. Este é apenas mais um caso de estupidez pura e dura. E que, em alguns casos, pode mudar uma vida para sempre.

2.1.17

estás a tentar engravidar? já vais tarde mas ainda tens tempo...

Há notícias que me fazem rir. Independentemente da veracidade das mesmas. Esta é uma delas. E diz respeito a um grupo específico de pessoas. Mais concretamente aos casais que estão a tentar engravidar. Pois, ao que parece, hoje (2 de Janeiro) é aquele dia que pode ser apelidado de dia nacional para fazer um bebé.

Um inquérito levado a cabo pelo Channel Mum revelou que é neste dia que muitos casais tentam a sorte. E explicam que esta data é a ideal pois podem desfrutar da companhia um do outro após os excessos natalícios e antes do regresso ao trabalho. Mas o estudo não fica por aqui...

Além do dia existe uma hora específica. 71% dos inquiridos partilharam que é às 10h36 que dão início ao acto sexual. Só não explicam o motivo da hora e dos minutos. O que é explicado é que os casais entendem ter mais tempo para estarem juntos (73%), que estão mais felizes por ser Natal (48%) e que o espírito vivido nesta quadra faz com que se sintam mais perto uns dos outros (28%).

O estudo revela ainda que esta altura do ano é propícia para o sexo pois mais de 40% dos inquiridos assumem que ocupam o tempo livre a fazer sexo. E 16% assumem que o fazem mais de uma vez por dia. É certo que já passaram as 10h36 mas ainda faltam quase duas horas para acabar o dia 2 de Janeiro.

20.12.16

porque é que as mães dão mais presentes às filhas no natal?

O jornal The Sun decidiu partir em busca dos motivos pelos quais as mães oferecem mais presentes às filhas, quando em comparação com os filhos, no Natal. De acordo com esta publicação as meninas chegam a receber cinco vezes mais presentes do que os meninos. E existem mães que poupam nos presentes deles para ter mais dinheiro para gastar nos presentes delas. E o mesmo se aplica aos pais.

Mas qual o motivo desta discrepância de valores? Uma das mães que dá a cara nesta reportagem assume gastar o dobro com as filhas. E o motivo desta mãe é simples: as filhas querem muito mais coisas do que os filhos. Outra progenitora avança com um motivo diferente. Para esta mãe o mercado apresenta uma menor oferta para os rapazes. Defende que os rapazes ficam eternamente satisfeitos com uma bicicleta, um iPad e uma consola. Ao contrário do que acontece com as meninas.

Outra mãe refere que tenta ser equilibrada. Mas que no momento de embrulhar os presentes percebe facilmente que a filha irá receber muitos mais presentes do que o filho. Explica ainda que a filha é muito mais exigente do que o filho. Uma outra mãe revela que perguntou ao filho aquilo que queria receber. Este olhou para a consola, para os jogos e disse não se lembrar de nada. Já a filha fez uma lista interminável de presentes que desejava. Esta mãe diz sentir culpa mas que é muito mais fácil comprar coisas para as filhas e que estas pedem mais coisas.

Nunca tinha pensado nas coisas nesta perspectiva. E o que é certo é que nenhuma destas mães negou que as filhas recebam mais presentes do que os filhos. Por outro lado, quero acreditar que isto não é uma regra geral. Mas talvez para isto conte a minha educação que nunca teve por base pedir e receber automaticamente. Pois não é assim que as coisas funcionam. Gosto de acreditar que os pais são equilibrados no momento de oferecer presentes aos filhos. O número até poderá ser diferente mas o valor será o mesmo.

Não considero justo que se dê tudo a um porque pede e se ignore o outro porque é mais comedido nas exigências, pois os pais falam das filhas como fazendo exigências para o Natal. Até porque a ausência de pedidos não significa que as crianças não fiquem marcadas pelo tratamento que os pais dão a uma filha e que não aplicam a si. Cria a ideia de preferência, de filho predilecto. E isto marca todas as crianças.

14.12.16

mimar os filhos no natal. certo ou errado?

Emma Tapping é mãe de três filhos. E decidiu que vai dar, neste Natal, 96 presentes a cada um dos três filhos. Exagero? “Se me perguntarem se mimo os meus filhos, não digo que não o faça durante o Natal, mas não o costumo fazer durante o ano”, diz. Explica ainda que a reacção dos filhos ao abrir os presentes “compensa” o esforço e o dinheiro gasto nos mesmos.

Esta situação reacende uma discussão tão tradicional como esta quadra. Dar muitos presentes aos filhos é bom ou não? É algo que depende apenas das possibilidades monetárias dos pais ou vai muito além disso? E pais que dão menos presentes gostam menos dos filhos? Tudo isto é discutido nesta época. E como em todos os temas que envolvem pais e filhos, existem muitas respostas possíveis.

Não acho necessário que uma criança receba apenas um presente. Não me choca que os pais decidam isto. Tal como não me choca que recebam mais alguns. Mas sempre de forma moderada e doseada. Isto porque uma criança que recebe dez presentes acaba por não ligar à maioria deles. Provavelmente acaba fixada em apenas um e ignora os outros. Uma criança que receba 96, ainda por cima com mais dois irmãos a receber igualmente 96, nem se irá recordar dos últimos dez, quanto mais dos 96 presentes.

E não fico convencido com a explicação da reacção. Porque a reacção das crianças será sempre (pelo menos na maioria dos casos) apaixonante para os pais. Por outro lado não defendo que pais que dão menos presentes gosta menos dos filhos. Compreendo também que para pais com muito dinheiro se torne complicado saber impor um limite a um desejo dos filhos (ou dos próprios pais).

Neste domínio gosto de pais que são selectivos no momento de oferecer presentes aos filhos. E que escolhem os momentos em que dão os presentes, de modo a que cada um deles seja valorizado de forma especial. Se isto é fácil? Talvez não seja para alguns pais. Se estes pais são melhores do que os outros? Também não creio que seja por aí. São opções. E humildemente acredito que dar 96 presentes não é a melhor opção para a criança.