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10.10.22

25 dias em modo pai

Passei os últimos 25 dias em modo pai. A minha filha foi a única preocupação que tive durante este período de tempo. Começo por dizer que me sinto agradecido pelo que tive a possibilidade fazer. Tenho a noção de que é quase impossível para muitos pais passarem este tempo com os filhos. Quer seja porque isso implicava gastar as férias todas de uma vez. Ou porque as empresas não permitem gozar tantos dias de forma contínua. No meu caso, tenho a “sorte” de ter uma profissão que me leva a acumular muitas folgas e de ter a possibilidade de as gozar com relativa facilidade.

Aquilo que deveria ser algo normal acaba por ser uma raridade. Queremos que as pessoas tenham filhos, mas depois é quase impossível que pai e mãe estejam juntos com as crianças, principalmente na fase inicial das suas vidas. Temos filhos e em pouco tempo o pai tem de ir logo trabalhar. Ou tem de “roubar” dias à mãe para que possa estar mais tempo em casa. Depois, são profissões/empresas que olham de soslaio para pessoas quem quer construir família (principalmente mulheres). Mas os homens também lidam com isto. Posso dar o exemplo de um amigo que ouviu isto de uma chefe quando pediu para ir a uma consulta do filho: “Então e a mãe? Não vai?”.

Ou seja, vivemos tempos em que a maioria dos pais acordam cedo e deixam os filhos nos colégios (ou familiares, quando existe essa possibilidade). Vão buscá-los ao final do dia e sobram poucas horas para rotinas como banho e refeições. E um tempo ainda mais curto para brincadeiras antes do momento de ir dormir e repetir isto, cinco dias por semana. Resta o sábado e o domingo para que pais e filhos estejam juntos mais tempo.

Este texto não é uma crítica a ninguém. Não é um ataque a quem quer que seja. É apenas um lamento. É apenas olhar para uma realidade que acaba por desencorajar muitas pessoas que estão a pensar ter filhos. E que vão adiando esse desejo enquanto aguardam por aquele que acreditam ser o momento certo. E que muitas vezes nunca chega.

1.9.22

desabafos de pais reais que dizem asneiras e gritam com os filhos

As pessoas costumam aproveitar as redes sociais para partilharem o lado bom da vida. Independentemente de ser uma partilha profissional ou pessoal, existe uma tendência para que seja dado a conhecer aquilo que nos faz bem e deixa bem. E isto aplica-se também ao lado parental da vida de cada um. É frequente ver os pais a partilharem bons momentos passados ao lado da criançada. Sendo que também existem alguns desabafos daqueles que são vistos como “pais reais” que dão conta de diversos episódios menos felizes ao lado dos filhos. E que podem ser pautados por gritos e asneiras. E é disto que quero falar. Porque compreendo na perfeição estes desabafos mas não me revejo nos mesmos.

Vamos começar pela compreensão. A maior parte das pessoas passa a vida a correr de um lado para o outro. Estar com o filho é algo que, às vezes, se tem de fazer a par de mil tarefas. Existe depois a privação de sono. Existem as birras. Existem mil e uma coisas com que os pais têm de lidar. Uns com mais, outros com menos. Por isso, compreendo que algumas pessoas acabem por se “passar” com os filhos. Sendo que tenho a certeza de que todos se arrependem dos momentos em que se apercebem de que estão a gritar por nada de extraordinário. E que o grito não foi tão eficaz com pensavam.

Agora, a parte de não me rever. Não vou mentir. A minha filha também tem os seus momentos de birra. Que felizmente, não são muitos. Também acorda a meio da noite e pede colo. Ou seja, também tem os seus momentos em que me poderia tirar do sério. Quer seja pelo cansaço acumulado ou por outro motivo qualquer. Só que gritar com a Matilde, dizer asneiras, berrar com ela, ser bruto ou o que quer que seja não é uma opção para mim. Numa fase inicial da vida de pai irritei-me com a Matilde porque não queria adormecer. Poucos minutos depois tive a noção de que tinha errado. De que tinha sido injusto. E que o meu comportamento não serviu para mais nada do que irritar a minha filha ainda mais. Senti-me mau pai. Fiquei a sentir-me mal com o erro e desde então percebi que não era o rumo que queria seguir. E que não voltaria a fazer o mesmo.

É por isto que digo que não me revejo nos tais desabafos de quem se passa com alguma frequência. Desde aquele episódio que passei a fazer tudo de forma diferente. Há uma birra? Tento conversar com a Matilde. Está bastante irritada? Dou-lhe tempo para que acalme. Não quer fazer algo? Explico as consequências que isso poderá ter, a nível de tempo, para o que ainda quer fazer no resto do dia. E este tem sido o modo como tenho lidado com os menos em que a Matilde faz birra ou está mais agitada. Se isto faz de mim melhor pai do que aqueles que gritam, dizem asneiras e fazem isto ou aquilo? Não! Não faz de mim melhor nem pior. Esta é simplesmente a forma como decidi lidar com a minha filha.

Aproveito ainda os tais desabafos (e a minha experiência enquanto pai) para defender a opinião de que ser pai é um dos maiores desafios da vida. A começar logo pela momento em que temos uma vida que depende de nós. E isto será um desafio que se prolonga ao longo da vida. Mas é também um desafio para a própria pessoa. Para o casal. Para a vida a dois. Tudo isto acaba por ser testado com a chegada de uma criança. E creio que todos aprendemos muito com aquilo que fazemos. Que seja com o filho, com a pessoa com quem estamos ou mesmo em relação a quem somos.

15.8.22

Um silêncio que entristece

Sempre gostei de chegar a casa e do silêncio daquele que é o meu refúgio. Que acaba por ser uma das formas de criar uma barreira entre aquilo que acontece fora de casa e que não permito que entre no meu lar. E sempre foi assim. Até ao dia em que a Matilde nasceu. A partir desse momento, esta paz foi sendo pintada com barulhos que são tudo menos incomodativos. São as gargalhadas, os passos pela casa, os sons dos brinquedos, as conversas e por aí fora. E se é verdade que sempre gostei de estar sozinho em casa, agora custa muito. Estou há alguns dias sem a companhia da Matilde e o silêncio entristece. Vejo os brinquedos. Vejo as coisas dela. Mas há um silêncio que me congela. Não há um sorriso, uma brincadeira, uma palavra… não há nada. E tudo isto faz com que sinta um grande vazio com algo que sempre apreciei.

9.8.22

sobre esta coisa do “foste pai tarde”

Fui pai em 2020 quando tinha 39 anos. E desde então que tenho ouvido algumas vezes algo como “foste pai tarde”. Sendo que incluo estas palavras naquele segmento de chavões a que as pessoas recorrem quando acham que têm que dizer alguma coisa. Digo isto porque sei que muitas pessoas não o dizem por mal – nem é algo que me incomode – mas também acredito que dizem apenas porque sim.

Nos dias que correm é cada vez mais comum ver pessoas que são pais (pela primeira vez) perto dos 40. Aliás, numa das consultas que tivemos, uma médica disse à minha mulher (ligeiramente mais nova do que eu) que ia ser mãe nova tendo em conta os tempos que vivemos. E este pode ser o ponto de partida para a minha opinião. Longe vão os tempos em que a generalidade dos casais tinha filhos aos vinte anos e em que as mulheres ficavam em casa e tinham como “profissão” estar com os filhos.

Hoje, tudo é diferente. A estabilidade financeira não chega muito depressa. As relações estáveis nem sempre acontecem em tenra idade. E tanto homens como mulheres dão prioridade, até certa idade, às carreiras. Adiando assim o desejo de ter um filho. E o caso das mulheres até dava para um texto à parte. Porque muitas, apenas para dar um exemplo, adiam o desejo com medo de perder o cargo que têm. Este é um ponto.

Depois, há outros casos. Tal como existem pessoas que acham que fui pai tarde, vejo pessoas que entendo (na minha modesta opinião) terem sido pais demasiado jovens. Vejo pais sem qualquer preparação (entre aquelas que podemos antecipar) para o nobre cargo que desempenham. E até prefiro não aprofundar muito este ponto com receio de ser mal interpretado. Vejo também casais que têm filhos sem qualquer base sólida entre ambos. E podia dar mais exemplos.

Quando era mais novo costumava dizer que queria ser pai aos 25 anos. Mas cedo percebi que seria complicado. Algo que a vida me ensinou. E tenho a certeza de que fui melhor pai com 39 anos do que seria com 25 anos. E não acho que tenha sido pai tarde porque isso seria olhar para mim como “velho”. É certo que podemos recorrer à matemática para fazer contas e sustentar esse pensamento do “tarde”. Mas, mais uma vez, não é assim que vejo as coisas. Porque conheço pessoas de 20 anos que são velhas e conheço pessoas com mais de 50 que são muito jovens. Concluindo, os chavões também se desactualizam. E ser pai não é algo que possa ser sustentado com uma equação matemática.

19.3.22

alerta para os papás que dão vigantol aos filhos

O Infarmed ordenou a retirada do mercado de oito lotes do medicamento Vigantol. Que é frequentemente utilizado em bebés para a prevenção da deficiência em Vitamina D. E também em raquitismo. A decisão está relacionada com o facto de terem sido detectados resultados irregulares da substância ativa Colecalciferol.

Explica a Autoridade Nacional do Medicamento e Produto de Saúde, através de uma circular, que foram “detetados resultados fora das especificações (OOS) para a substância ativa Colecalciferol- Vitamina D3 (durante os testes de estabilidade)”. Determinando assim “a suspensão imediata da comercialização destes lotes”.

Os lotes em questão são: 19LQ080, LQ081, LQ098, LQ099, LQ100, com o prazo de validade 11/2024. E os lotes 20BQ128, 20BQ129 e 20BQ130, com a validade de 01/2025. O Vigantol é também indicado para a prevenção do raquitismo em recém-nascidos prematuros. Bem como tratamento de suporte da osteoporose em adultos. E ainda tratamento do hipoparatiroidismo e pseudohipoparatiroidismo em adultos.

Doentes não devem interromper o tratamento

Realça ainda o Infarmed que “as entidades que possuam estes lotes de medicamento em stock não os podem vender, dispensar ou administrar, devendo proceder à sua devolução”. Por fim, uma recomendação para os doentes “que estejam a utilizar medicamentos pertencentes a estes lotes”. Estes “não devem interromper o tratamento. Logo que possível, devem solicitar a substituição por outro lote ou pedir ao médico ou farmacêutico a indicação de um medicamento alternativo.”

4.3.22

descobre os nomes de bebés proibidos em todo o mundo

Um dos momentos mais importantes da vida dos futuros pais é a escolha do nome do filho. Até porque é algo que irá acompanhar a criança ao longo da vida e poderá mesmo ter impacto na sua personalidade. Existem progenitores que acabam por optar por um dos nomes mais populares do momento em que o bebé vem ao mundo. Outros prestam homenagens familiares. Havendo quem escolha nomes pouco comuns. O que talvez muitos desconheçam é que existem nomes que são proibidos em diversos países.

Antes de avançar com nomes proibidos em vários países, dou a conhecer um que é, de forma surpreendente, legal. Falo de X Æ A-Xii, o nome do filho do milionário Elon Musk e Grimes. Avançando para os banidos, existem limitações em diversos países. Por exemplo, na Noruega não se podem usar apelidos como nomes próprios. Em França as crianças não podem ter nomes de marcas. E por cá, não se podem escolher nomes estrangeiros. Vê agora a lista de nomes proibidos em diversos países e que foi partilhada pelo Daily Mail.

Lista de nomes proibidos em diversos países

Reino Unido
Martian 
Monkey 
Chow Tow (significa cabeça malcheirosa) 
Akuma (signifca diabo)

Austrália 
Ikea 
LOL 
Batman 
Hitler 
Spinach 
Brother 
Prime Minister 
God

Ikea está proibido em diversos países

Estados Unidos da América 
King 
Queen 
Majesty 
Master 
Judge

Suécia
Ikea
Superman 
Brfxxccxxmnpcccclllmmnprxvclmnckssqlbb11116 (pronuncia-se Albin)

Arábia Saudita 
Malak 
Malika 
Maya 
Linda 
Alice

México faz censura a muitos nomes de Hollywood

Dinamarca 
Anus 
Monkey 
Pluto

Portugal 
Catherine 
George 
Charlotte 
Tom 
Michael 
Emily 
Nirvana 
Rihanna 
Jimmy 
Viking

França
Nutella 
Manhattan 
Deamon 
Prince 
William 
Mini Cooper

México 
Facebook 
Batman 
Hermione 
Rambo 
Terminator 
James Bond 
Rocky 
Rolling Stone 
Burger King 
Christmas Day

Islândia 
Duncan 
Zoe 
Enrique

26.1.22

esses pais irritantes que passam a vida a partilhar fotos e vídeos dos filhos

Volta e meia deparo-me com comentários, que considero menos felizes, de pessoas em relação a casais que têm filhos. Existem pessoas que parecem ficar extremamente aborrecidas com o facto de os pais estarem constantemente a partilhar fotografias e vídeos dos filhos. Quando ouço isto fico com a ideia de que essas pessoas (por norma sem filhos) desconhecem o que é ser pai ou simplesmente não gostam de crianças.

Antes de prosseguir na minha opinião devo dividir esta questão em dois. Não me estou a referir a pais que, por exemplo, passam o tempo todo a enviar mensagens com fotografias e vídeos dos filhos para amigos. Algo que fazem quase diariamente. Ou que estão sempre a querer mostrar fotos e vídeos dos filhos. Se for isto, compreendo o desabafo. Mas, por norma, as queixas são feitas em relação a partilhas nas redes sociais.

Quem é pai sabe que não existe maior orgulho do que um filho. E é perfeitamente, numa geração em que os smartphones estão ao alcance de todos, que os pais estejam constantemente a fotografas e gravar os filhos. Especialmente quando são mais pequenos. É uma forma de registar momentos que rapidamente passam. É também normal que muitos pais gostem de partilhar tudo e mais alguma coisa nas redes sociais. Depende dos pais, mas é normal. E posso dar o meu exemplo. Adoro tirar fotografias e gravar a Matilde durante as nossas brincadeiras ou em momentos em que acho que está adorável. Só não partilho tudo nas redes sociais. Porque preferi resguardar um pouco mais a filha nesse aspecto. E também não estou sempre a “aborrecer” amigos com fotos e vídeos da minha filha. Mostro a quem me pede e tenho um grupo restrito de pessoas a quem, ocasionalmente, envio momentos da Matilde.

Mas a minha maneira de ser não me dá o direito de atacar pais que têm outros comportamentos. E não penso isto por ser pai. Porque é daqueles comentários que nunca disse quando não tinha uma filha. Quando disse que acho que a crítica é menos feliz é porque estamos a falar de redes sociais. E ninguém obriga ninguém a ver as redes sociais dos outros. Quem gosta vê, comenta ou algo do género. Quem não gosta faz scroll no smartphone e a vida prossegue como se aquela publicação não existisse. Ou silencia essa pessoa ou algo do género. Disto a fazer desabafos em redes sociais ou criticar pais vai uma grande distância.

8.5.19

crianças, telemóveis, tablets e a miopia que os pais ignoram

Volta e meia converso com alguns amigos (com e sem filhos) sobre o comportamento das crianças nos dias que correm. E todos concordamos que passam a vida agarrados aos telemóveis e tablets. Conheço pessoas que dizem proibir esse comportamento em casa, assumindo também ser algo complicado de contrariar fora de portas. Até porque “todos o fazem”, dizem.

E esta frase é muito verdadeira. Hoje em dia, quer seja num café, restaurante ou noutro espaço qualquer, é praticamente impossível não encontrar uma criança agarrada a um gadget. Algo de que muitos pais gostam, até porque assim os filhos estão quietos e não aborrecem ninguém. E como é fácil calar uma criança deste modo, dá- se o aparelho para a mão.

Por outro lado, não concordo com isto. Talvez porque faça parte de uma geração que se habituou a estar à mesa a ouvir conversas dos pais ou a fazer desenhos nas toalhas de papel. Os tempos eram outros mas uso sempre como comparação o momento em que passei a ter computador e consola, algo que nunca foi mais importante do que brincar na rua com os meus amigos.

Nos dias que correm é o oposto. Parece existir um incentivo ao vício dos aparelhos. Já estive em restaurantes em que estão três filhos à mesa, cada um com o seu tablet, os pais com os telemóveis na mão e ninguém fala com ninguém. Algo que se prolonga durante praticamente toda a refeição. É certo que cada família sabe de si, mas existem dados que devem ser tidos em conta.

As crianças não só passam a vida agarrados aos aparelhos, como mergulham com a cabeça dentro dos pequenos ecrãs. E este é um dos perigos. Diversos especialistas estão a alertar para o perigo deste comportamento. Que pode acelerar a miopia nas crianças. Algo que resulta do uso exagerado destes aparelhos.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, em 2020 35% da população mundial terá miopia. Percentagem que pode subir para os 52% em 2050. Números verdadeiramente preocupantes. Se os pais não conseguem acabar com este vício dos filhos, certifiquem-se de que os aparelhos estão a uma distância de 30/40 centímetros dos olhos e, pelo menos, tentem que o uso não seja prolongado. Idealmente, e por mais que custe, acabem ao máximo com este vício que transforma uma criança em algo que não deveria ser.

29.4.19

o meu filho vai ter de ser tudo aquilo que não fui. a bem ou a mal

Num destes dias estive a ver a reportagem que a SIC fez sobre a violência nos jogos de futebol das camadas jovens. Com cada vez mais jogos em que pais agridem árbitros, insultam miúdos e lutam contra outros pais. Como comecei a jogar futebol (federado) com 12 anos e joguei durante mais de 20 anos, a minha primeira reacção foi: “os pais querem que os filhos sejam o próximo Cristiano Ronaldo”. E foi uma das coisas que acabei por ouvir na peça. E que faz cada vez mais sentido.

Quando era miúdo, Portugal não tinha nenhum jogador mediático à escala de Cristiano Ronaldo. Não existiam redes sociais. E não se falava tanto em dinheiro. Agora tudo é diferente. Os pais cada vez mais acreditam que o futebol é um desporto de milhões, que estão ali à mão de semear para qualquer puto que dá dois toques numa bola. E não basta que o miúdo jogue. Vai ter de ser, à força, um jogador profissional. Vai ter de sustentar a família. Mesmo que não tenha talento.

E os pais ficam tão cegos com esta obsessão que não percebem que acabam por ser o maior obstáculo à evolução do filho. Os meus pais iam ver os meus todos. Mas nunca, em momento algum, o meu pai passou o jogo a dar-me instruções. Não ficava descansado enquanto não os visse antes do jogo começar, mas estavam ali para me apoiar em “silêncio”. Mas mesmo no meu tempo já existiam alguns fenómenos estranhos.

Pais que não perdiam um treino. Que se juntavam a falar de tudo e mais alguma coisa sobre a equipa. Que queriam ser os treinadores e que defendiam que os seus filhos eram os melhores do mundo e arredores. Existia um caso de um rapaz que o pai passava o jogo todo atrás dele (na linha lateral) a dar-lhe instruções e a dizer o que fazer. Perdi conta ao número de vezes que o rapaz dizia que o pai só o atrapalhava. Até que explodiu num jogo e gritou para o pai se calar.

Este é apenas um exemplo que prova que os pais só atrapalham. Os pais podem (e devem) motivar os filhos para que sejam melhores. Mas isto passa pela aplicação nos treinos, pela alimentação (muito importante) e até por aspectos técnicos do jogo. Que podem ser estudados. De resto, podem (e devem) estar presentes nos jogos. Mas se forma silenciosa. Não é a chamar nomes aos miúdos, a ofender outros pais e por aí fora.

Se pensam que isto faz com que os miúdos sejam melhores, podem ter a certeza de que só fará com que sejam piores. Vão ficar tensos e com receio de muitas coisas. Sem esquecer que vão lidar com muitos outros jovens que transformam os pais em piadas de balneário pelo ridículo que são. E nem todos sabem lidar bem com isto. O que faz com que em pouco tempo possam estar a perder o encanto pelo futebol.

Não é por quererem que o miúdo seja o próximo Cristiano Ronaldo que isso irá acontecer. Até porque se fosse fácil, não existia um Cristiano Ronaldo, existiam milhões. E se pensam que o futebol dá milhões a todos, informem-se sobre jogadores de bons clubes que têm largos meses de ordenados em atraso. Transfiram metade da energia dos milhões que desejam para incentivo para que se apliquem nos estudos da mesma forma que se aplicam no desporto. Porque a carreira de futebolista profissional de sucesso será sempre algo apenas ao alcance de poucos. Atentem no número de crianças que jogam no Benfica, Porto e Sporting e vejam quantos chegam a profissionais.

19.3.19

maddie. pais. comportamentos e polémica

O documentário da Netflix sobre o “desaparecimento” da pequena Maddie trouxe o assunto de volta à agenda mediática. Em relação ao documentário não posso dar uma opinião porque ainda não o vi na totalidade. Mas posso (e vou) opinar sobre os comentários que tenho lido nas redes sociais, onde o assunto voltou a estar em destaque.

Muitos pais estão estupefactos com a quantidade de pessoas que coloca a hipótese de que a criança tenha morrido na sequência de um acidente e que os pais tenham feitos os possíveis para encobrir o sucedido. Para estes pais é impossível que um pai possa estar implicado, mesmo que por negligência, no desaparecimento de um filho.

Estes pais também consideram normal e aceitável que se deixem filhos sozinhos num apartamento enquanto se vai jantar e beber uns copos de vinho na companhia de amigos. Para estes pais tudo está bem porque até existia um plano para verificar as crianças enquanto estas dormiam sozinhas num apartamento.

Não sou pai. Mas choca-me que existam pais que achem que isto é normal e aceitável. “É algo cultural e normal para eles”, dizem. Se este é o modo de raciocínio, vamos aceitar aqueles países que tratam as mulheres como seres inferiores e que as maltratam. É que nestes países é algo normal e culturalmente aceitável.

Tenho a minha opinião sobre o que terá acontecido naquela noite. Mas não é isso que está em causa. Só não me peçam para ofender as forças policiais portuguesas e defender pais que deixam filhos sozinhos para ir jantar e beber uns copos com amigos. Para isso, não contem comigo. Por mais que seja normal para eles. Por mais perfeito que seja o cenário, existe sempre um risco grande de acontecer uma tragédia. Seja ela qual for.

Basta recordar o caso daqueles pais que também tinham o hábito de deixar o(s) filho(s) sozinhos enquanto iam para o casino. E como exercício de memória, é ver o tratamento mediático, político e mesmo judicial com que foram tratadas duas situações em tudo semelhantes, com a diferença que num dos casos existe um corpo.

19.9.18

o drama de ir buscar uma criança à escola

Hoje, fui buscar a minha sobrinha à escola. Algo que gosto de fazer quando estou de férias. Como se trata da única sobrinha que tenho e como não sou pai, não tenho outra escola como comparação. Por isso, digo que ir buscar uma criança à escola é um drama. E a culpa é dos pais ou dos familiares que as vão lá buscar. E aquilo que aqui vou retratar não é mais do que um comportamento habitual em situações semelhantes.

Ir buscar uma criança à escola significa (para 90% das pessoas que o fazem) para o carro o mais perto possível da criança. Se a escola autorizar, é levar o carro até à porta da sala. Se não autorizar, é parar junto ao portão até à criança aparecer. E os carros que estão atrás, a fazer fila, porque não conseguem passar? Esses esperam pela vez deles. Se isto não resultar, é estacionar mal o carro. De modo a que uma pessoa tenha de demorar cinco minutos a fazer uma manobra de cinco segundos. E se tiver que acontecer um acidente (toque entre carros) que assim seja. Só não podemos perder o lugar em frente ao portão.

Isto que acabei de descrever acontece sempre que vou buscar a minha sobrinha à escola. Aliás, aconteceu tudo hoje. Menos o acidente, que foi evitado por meros milímetros. E quando digo que isto não é mais do que um comportamento habitual é porque a maioria das pessoas comporta-se assim com os carros. É no estacionamento perto de casa, é nos centros comerciais e em todos os lados. Vale tudo para o carro ficar o mais perto possível do destino.

Continuo a adorar ir buscar a minha sobrinha. E continuo a ficar fascinado com os comportamentos que observo. Como a mãe que para o carro em frente ao portão e sai do carro para fumar um cigarro junto às crianças da escola. E nem quando o filho chega é capaz de apagar o cigarro. É verdade que nada disto me diz respeito, mas não é por isso que deixa de me fazer confusão. Simplesmente porque não percebo este tipo de comportamentos.

21.6.18

mães que amamentam, isto é uma vergonha!

Já dediquei pelo menos um texto a mães que amamentam em locais públicos, na presença de outras pessoas. E gosto de acreditar que sou uma pessoa de mente aberta e que tolera muitas coisas. Mas existem coisas que não posso aceitar. E que dizem respeito às mães que amamentam. Aquilo que a mãe desta fotografia está a fazer é inaceitável. Vai muito além do que é tolerável. Até porque se quer fazer isto, que o faça em casa. Onde ninguém a está a ver e onde ninguém tem de levar com um comportamento destes. Onde é que já se viu isto? Colocar os chinelos em cima da mesa! Isso é que não!

18.6.18

aquilo que dizemos aos filhos dos outros

É rara a pessoa que não gosta de se meter com crianças. Especialmente quando estamos em lojas pois os funcionários adoram meter-se com crianças. O que não significa que saibam sempre o que dizer. Aliás, há quem diga mesmo grandes asneiras.

Num destes dias estava numa loja e à minha frente estava um homem com dois filhos. E um deles tinha aquilo a que se costuma chamar "cara de traquina". E acho que foi nisto em que a funcionária reparou quando decidiu meter-se com a criança.

"Tu tens cara de quem pegava fogo a isto tudo se o teu pai não estivesse a olhar", disse. Sendo que a partir daqui foi sempre a descer. Notava-se que tentava ser simpática, mas os comentários eram sempre um tiro ao lado.

Por acaso aquele pai não se chateou. Mas acredito que muitos pais não achassem piada à forma como tentou ter piada e ser simpática. Por outro lado, a verdade é que muitas pessoas tentam ser simpáticas acabando por dizer grandes asneiras. Mas com crianças tudo ganha uma dimensão maior.