2.3.17

filhos vs sobrinhos. qual será o melhor dos dois mundos?

Ontem uma pessoa perguntou-me se pensava ter filhos. Respondi que sim. Que até ao momento tinha uma sobrinha mas que pensava ter filhos. A pessoa respondeu-me que também tinha uma sobrinha. E que também tinha pensado em ter filhos. Mas que agora estava feliz com a sobrinha e que já não pensava ter filhos. "Ter sobrinhos é o melhor dos dois mundos", brincou.

Depois fez aquela piada típica de quem defende esta ideia. Ou seja, tem o amor que poderá dar e receber de um filho mas sem as partes menos positivas. Quando a criança chora, vai para os pais. Quando faz birras, vai para os pais. Resumindo, aproveita tudo aquilo que é positivo numa relação com uma criança e elimina da equação aqueles momentos que também fazem parte de uma relação do género mas que, deste modo, são vividos apenas pelos pais.

A pessoa estava a brincar com o que dizia mas mantendo uma certa verdade na sua opinião. "As pessoas dizem que vale a pena ter filhos. Mas será que vale mesmo?", perguntava. Não é a primeira pessoa que ouço com esta opinião. Conheço diversas pessoas que ficam felizes e realizadas com um sobrinho. Porque não perdem a sua independência, não têm ninguém a depender de si, mantêm o estilo de vida que desejam e ao mesmo tempo têm alguém para amar como se fosse um filho.

Não censuro nem critico quem pensa deste modo. Creio que são pessoas que têm receio de ter um filho mesmo que o desejem. E enquanto hesitam ficam felizes com este cenário. Ou então são pessoas que não querem mesmo ter filhos, independentemente de gostarem de crianças. Por outro lado, fico feliz com pessoas que pensam neste cenário. Ou seja, que não olham para o nascimento de uma criança como a aquisição de uma t-shirt em saldos que depois se arruma para o lado quando se percebe que afinal não fazia falta nenhuma ou que não era bem aquele modelo que se pretendia. E infelizmente é algo que se vê muito nos dias que correm. Pessoas que parecem ser pais por capricho e que depois não têm paciência para os filhos.

8 comentários:

  1. Olá :)
    Sabes, gosto muito da forma como te expressas em relação a este tema. Nós não temos crianças por opção, (esmiuçar o tema daria um livro, no mínimo). Gosto do teu "independentemente de gostarem de crianças". É que depois de quinze anos, mais coisa menos coisa, a ser massacrada com questões sobre filhos, e a ter que educar de certa forma imensas pessoas sobre tanta coisa, inclusive sobre o facto que alguém que não quer embarcar na parentalidade pode gostar de crianças, é refrescante ler alguém que nem sequer coloca isso em causa.
    Acredito que todos temos em nós um reservatório de amor maternal, quer hajam filhos ou não. Eu direciono o meu para o meu cão, as minhas sobrinhas, os filhos de amigos e isso satisfaz-me plenamente, tal como a pessoa tua amiga que se sente preenchida com a existência de uma sobrinha. Antes apontava-se mais o dedo a quem não queria filhos. Acho que essa atenção deve ser direcionada para quem os quer, da forma mais positiva possível e para o bem das crianças, porque embora toda a gente nasça com as ferramentas para fazer filhos, é um compromisso para toda a vida, que requer muitos sacrifícios e imensa consciência e dedicação. Não se deve decidir ter filhos somente porque a família insiste, nem porque já temos determinada idade, ou porque toda a gente os tem, ou por capricho.

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    1. Olá :)

      Obrigado!

      Acho que é um tema simples que as pessoas gostam de complicar e que analisam sempre com base naquilo que entendem como justo. Querer ter filhos é tão normal como não querer. E é isto!

      De resto, é como dizes, qualquer mulher e qualquer homem conseguem (com maior ou menor dificuldade) ter uma relação sexual e gerar um filho. Mas ser mãe e pai vai muito além disso.

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  2. O Bruno sabe que estou uma ou quase duas gerações acima do amigo. Na minha geração, havia um ditado que era assim. "A quem Deus não dá filhos, dá o diabo sobrinhos" Bom, não sei bem a origem dele, mas talvez o povo na altura, não tivesse grande apreço os sobrinhos. Eu sou estéril. Tenho duas sobrinhas que adoro, uma com 50, e outra com 45 anos. Que eu criei, até irem para a creche, na altura não trabalhava, e a mãe delas sim. Por doença de uma e razões que desconheço da outra, nem uma nem outra têm filhos. Hoje levo um ano sem as ver. Depois de 11 anos de luta e desenganada, adotamos um bebé. Meu filho tem hoje 37 anos. E já nos deu uma neta que é uma gracinha e que fez 8 anos o mês passado.
    Vejo-os todas as semanas, e a neta que esteve comigo até aos três anos, é rara a noite que não me telefona. Fiquei espantada, quando um dia a fui buscar à pré, tinha uns 5 anos, e a educadora me disse que ela lhe disse, que ninguém fazia sopa tão boa como eu. É a menina dos meus olhos. A minha irmã, adora-a e quase a adotou como neta. As pessoas envelhecem. E os sentimentos mudam. Penso muitas vezes na tristeza que seria a minha vida se não tivesse tomado a resolução que tomei.
    Um abraço

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    1. Obrigado por este testemunho tão honesto e tão bom. E basicamente está muito do que defendo nas tuas palavras. E gosto desse modo de pensar dos pensamentos associados a fases da vida. E fico muito feliz com a decisão que tomaste.

      Abraço

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  3. Eu faço o exercício ao contrário: tenho dois filhos e não tenho sobrinhos. E sempre me senti "incompleta" pelo facto de não ter sobrinhos. Daí achar que uns não substituem os outros. De modo algum.
    Mas, acima de tudo, respeito todas as opções, independentemente dos preconceitos da sociedade. Excepto as que passam por ter filhos para compor a fotografia da família perfeita... Essas enervam-me!

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    1. Ninguém substitui ninguém. Mas acredito que muitas pessoas ficam felizes com uma forma de amar que outros não compreendem.

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  4. Eu posso afirmar que não compreendo pessoas que se "contentam" com sobrinhos, cães, gatos, seja o que for. Digo contentar devido ao exemplo que usaste sobre não ter filhos porque já se tem sobrinhos. Porque acho, francamente, que não há coisa melhor do que ter um filho. Vale sem dúvida alguma termos que condicionar os nossos horários, a nossa vida, as nossas responsabilidades, as nossas finanças, os nossos planos e a nossa liberdade. Eu sei que parece muito sacrifício, mas garanto que não o sinto como tal. Um simples sorriso do meu filho, um abraço, um beijinho, um mimo enche-me o coração. Ajuda-me a superar tudo! E creio que não há amor como esse. Por muito que se ame um sobrinho ou seja quem for. Não me parece comparável ao amor de/por um filho. Por isso é que digo que não compreendo, mas respeito, atenção! Porque a verdade é que ninguém tem que pensar como eu. E a forma como decidem a sua vida em nada afecta as minhas escolhas. Também acho muito bem que escolham não ter filhos se não se sentirem capazes para tal. Não é uma decisão a tomar de ânimo leve :)

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    1. A magia deste mundo é a diversidade de pessoas e de opiniões. E uma das magias do amor é que ninguém o consegue explicar na perfeição. Uns amam de uma maneira, outros de outra. :)

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