Estou a rever a série Foi Assim que Aconteceu, uma das mais divertidas que vi ao longo dos últimos anos. Num dos últimos episódios que revi, Ted está muito contente com a nova namorada. Mas nenhum dos amigos gosta dela. E todos reparam naquilo que consideram um tique (ou defeito) irritante: fala muito.
Mas nenhum deles quer contar este pormenor a Ted porque quando o fizerem ele irá aperceber-se e irá perder o encanto pela rapariga. Algo que acaba por acontecer. Levando também a que os amigos cinco amigos comecem a partilhar os defeitos uns dos outros. E que passaram despercebidos a algumas pessoas. E isto é do mais real que existe.
Recordo-me de um professor da universidade que tinha um tique. No qual nunca tinha reparado. Até que numa aula fui alertado para esse tique que deixava os meus amigos a rir. Assim que me apercebi do mesmo fui incapaz de parar de rir sempre que esse tique era evidenciado pelo professor. Porque quando somos alertados para algo acabamos por ser incapazes de desligar dessa característica.
E isto, tal como foi revelado na série, acontece muito nos romances. Especialmente na fase inicial, o chamado momento cor-de-rosa da relação. Nesta fase só existem qualidades. Ninguém encontra um defeito nas outras pessoas. É tudo maravilhoso. O radar dos defeitos não capta nada. As coisas são perfeitas. A única forma de perceber algo é quando somos alertados por outras pessoas. E aí tudo muda...
Só existe uma excepção que resiste a este alerta. E isso diz respeito às pessoas de quem realmente gostamos. Nesses casos somos capazes de reparar nos tais tiques – e TODOS temos os nossos, mesmo as pessoas que dizem não ter nenhum – mas desvalorizamos os mesmos. E isto acontece com amigos mais próximos ou com pessoas com quem dividimos vida. Mas tem a sua piada a forma como encaramos um tique a partir do momento em que reparamos nele. Parece que domina a nossa atenção, mesmo contra a nossa vontade.
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