1.9.15

um exemplo a seguir

O futebol é um desporto que consegue ser amado por uns e odiado por outros. No lado do ódio destacam-se os altos salários e o dinheiro movimentado pelas transferências de jogadores. "É de loucos", defendem algumas pessoas. Apesar de ficar surpreendido com alguns dos valores praticados entendo que são o reflexo do mercado. E isto aplica-se a todos os desportos pois a maioria dos desportistas mais bem pagos do mundo nem sequer são futebolistas. No nosso mercado nem sequer praticamos valores muitos altos. E isso percebe-se facilmente quando um jogador troca um bom clube português por outro de uma divisão inferior noutro país. Se vai para lá é porque irá ganhar mais.

Mas o futebol em si não é o motivo deste texto. Apenas um pequeno aspecto dele. O motivo deste texto é Jorge Mendes, o português que é considerado o melhor agente desportivo do mundo. Li hoje que Jorge Mendes movimentou 400 milhões de euros (os números estão certos) desde o final da época passada até ontem à hora do fecho do mercado português (ainda pode fazer mais negócios hoje). Segundo sei o empresário costuma receber uma percentagem de 10% dos negócios que faz. Ou seja, em poucos meses Jorge Mendes ganhou qualquer coisa como 40 milhões de euros. Um valor que a maioria das pessoas do mundo não recebe numa vida de trabalho.

Uma reacção rápida e fácil passaria por criticar o futebol e o dinheiro que movimenta. Poderia questionar os 80 milhões pagos por um jogador francês que nem sequer vou escrever o nome porque a maioria das pessoas não o conhece. Poderia questionar os 63 milhões pagos por Di Maria. Ou mesmo os 45 milhões pagos por Otamendi. Este era o caminho fácil. Era culpar a indústria desportiva. Falar mal das regras do jogo. Mas não o faço. Neste sentido critico apenas que muitos agentes acabam por ser maus conselheiros dos seus jogadores.

Prefiro olhar para Jorge Mendes de uma outra perspectiva. Prefiro recordar o homem que certo dia, numa discoteca, decidiu abordar Nuno Espírito Santo, na altura guarda-redes do Vitória de Guimarães, tornando-se no seu empresário. Esta foi a abordagem escolhida por Jorge Mendes. O segundo passo foi chatear, no bom sentido, o presidente do Deportivo La Corunha, até conseguir marcar uma reunião. Jorge Mendes não desistiu enquanto não teve a reunião. E não desistiu enquanto não transferiu o jogador para Espanha. Este foi o primeiro negócio do empresário, em 1997 se a memória não me falha, que nunca mais parou. O resto da história é conhecida por todos e envolve jogadores como Cristiano Ronaldo, que foi vendido por 94 milhões de euros, só para dar um exemplo.

Jorge Mendes poderia ter continuado na discoteca de copo na mão. Mas tomou a iniciativa. Lutou pelo que quis. Trabalhou para isso. Hoje passa a vida de um lado para o outro a torrar baterias de telemóvel como quem bebe copos de água. Sempre de mala às costas, de avião em avião, para levar este para aqui e aquele para ali. Sempre em busca do melhor negócio. E o reflexo de tudo isto são os milhões que as pessoas criticam. As pessoas olham para aqueles números como se tivessem aparecido ali apenas porque sim. Eu vejo as negociações, as cedências, as exigências e muito trabalho que vai além do período do mercado de transferências.

Olho para Jorge Mendes como exemplo a seguir. Exemplo de que se deve lutar por algo. Exemplo de que é possível chegar longe mesmo sem ter nascido num berço de ouro. E como um exemplo de que ficar de copo na mão à espera de que alguém se aproxime e pergunte se queremos ganhar dinheiro e ser bem sucedidos é algo que nunca irá acontecer. É preciso trabalho, horas sem dormir, sacrifícios pessoais e familiares mas a recompensa será sempre superior a tudo isso.

6 comentários:

  1. Exemplo de que trabalhar e lutar compensa sempre! Um exemplo português a quem deve ser dado o devido valor!

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  2. Eu lembro-me de um texto que li de alguêm que estava numa plateia e perguntou ao público quantos queriam ser ricos. Todos disseram que sim. Aí perguntou-lhes quantos estavam dispostos a trabalhar 16 horas por dia durante 5 anos. Pois....quase ninguém...
    As pessoas esquecem-se que a regra é trabalhar para ser rico. A excepção são os golpes de sorte.
    Se trabalhou,merece. Quantos aos salários,preços é só uma questão básica de economia.: procura/oferta. ; )
    Mata Hari

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    1. As pessoas querem o destino mas não querem fazer a viagem :)

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  3. Tudo isso é verdade, mas é bom não esquecer que lutam, que trabalham no duro, que nunca baixam os braços mas que, mesmo assim, nunca passam da mediania. Os números astronómicos movimentados no futebol causam-me algum mau estar. Por muito bons que sejam os jogadores será justo ganharem somas daquela grandeza?
    Não vou fazer demagogia, nem sequer gosto de o fazer, mas não podemos esquecer cientistas, Homens que lutam para descobrir algo que venha a ajudar milhares de pessoas com doenças raras - isto é apenas um exemplo - e recebem valores dessa ordem de grandeza?
    Em jeito de síntese: acho obsceno os montantes que se pagam, por mais valor e mérito que os homens tenham. Esse é um mundo estranho, onde entram, penso, muitas variáveis, nem todas louváveis.
    Beijinho

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    1. As pessoas ficam chocadas com o futebol mas não se revoltam com o lutador de boxe e com o valor que recebe num combate. Nem com os jogadores de golf, de basquetebol, de basebol nem com os pilotos de f1. São mercados que existem e são ordenados que são pagos porque existe a possibilidade de o fazer.

      Aquilo que referes é muito justo. Mas que culpa têm os atletas disso? Nenhuma. Não lhes pagam a eles para não pagarem aos outros. A questão é outra.

      Beijos

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