As redes sociais têm mais poder do que as pessoas julgam. Um exemplo disto é o impacto das mesmas, apenas para dar um exemplo, na primeira eleição de Barack Obama. E as redes sociais são mais perigosas do que algumas pessoas julgam. E existem diversas notícias que dão conta disso mesmo com diversos casos de aliciamento de pessoas, apenas para dar um exemplo. E as redes sociais têm regras. Que a esmagadora maioria das pessoas ignora no momento do registo. Para quê ler aquilo tudo quando posso carregar rapidamente no "aceito" para começar a navegar?
Regras à parte, com as quais muitos concordam e outros criticam, a verdade é que as redes sociais têm muito poder. E são cada vez mais utilizadas por políticos, dirigentes desportivos, figuras públicas, actores e até cidadãos anónimos para dizer aquilo que lhes vai na alma. As verdades inconvenientes que muitos não querem ouvir. As palavras que não têm direito a tempo de antena numa publicação de papel ou num telejornal. As palavras que, de outra forma, dificilmente chegavam ao destinatário pretendido. Com os perigos que isto acarreta, vejo este lado das redes sociais como um sinal da liberdade de expressão que faz falta a todos. Sendo que, infelizmente, existe o lado da censura. Quase sempre apoiado nas tais letras que ninguém se dá ao trabalho de ler. E a censura é também um sinal da força das redes sociais.
E o caso de Aylan Kurdi (o menino sírio que passou a ser notícia em todo o mundo quando foi fotografado morto numa praia) não escapa a este duelo entre a força e a censura nas redes sociais. Esta foto que aqui partilho foi censurada, em diversas ocasiões, na rede social Instagram. E a única explicação que encontro é que representa, na perfeição e com a crueldade do momento, a verdade à qual muitos preferem fechar os olhos. Esta é a única explicação que encontro para a censura desta imagem. Sinceramente, não sei quais as regras que estão a ser quebradas naquela rede social. Mas sei que esta imagem faz parte do grupo daquelas que muitas pessoas preferem esconder. Daquelas que preferem varrer para debaixo do tapete como se fosse uma pequena sujidade que qualquer vassoura limpa. E censurar esta imagem revela o poder da mesma. E o seu forte significado. Caso contrário ninguém ligava nenhuma à imagem em questão.
Aproveito ainda este texto para partilhar algumas das homenagens, umas bastante fortes, que estão a ser feitas ao pequeno Aylan Kurdi e que representam não só o seu drama como o de tantas outras pessoas, como é o caso do seu irmão mais velho e da sua mãe, que morreram na esperança de chegar a um destino que mudaria as suas vidas.
Vou ser muito directa e fazer-lhe uma pergunta para a qual agradecia que conseguisse responder de forma directa também.
ResponderEliminarSe fosse um filho seu não se importaria de o ver assim exposto ao mundo? Desprotegido.
Olá Maria! Prefiro que me trates por tu, pode ser?
EliminarVou ser muito sincero, não me importava. E explico porquê, dando outra perspectiva ao assunto.
Esta família meteu-se num barco para fugir da guerra. O barco virou porque as pessoas decidiram levantar-se. Aquele pai, segundo palavras do próprio, viu os filhos escorregarem-lhe das mãos, conseguindo apenas agarrar a mãe. Infelizmente, morreu a mãe e morreram os dois filhos. Ou seja, só sobrou ele.
Infelizmente, nada nem ninguém lhe pode devolver a mulher nem os dois filhos que morreram. Nada muda isso. Infelizmente, morreram já muitas pessoas. Muitas crianças, homens e mulheres.
Mas, pode ser que a imagem desta criança (que é muito chocante) possa vir a mudar muitas coisas. Possa vir a fazer com que outras crianças não tenham um final trágico igual ao seu. E neste sentido, acho que aquele pai, que perdeu tudo, não se importe de ver o filho transformar-se num símbolo mundial que poderá vir a mudar algo.
Não sei se fui claro.
Fugiu à pergunta. Eu percebo. Acredite que percebo.
EliminarFugi?
Eliminar"Vou ser muito sincero, não me importava". Está aqui a resposta.
O motivo da minha resposta é que está enquadrado neste cenário.
Eliminarefetivamente é a que retrata o que se passa...
ResponderEliminar:(
Também acho que sim :(
EliminarConcordo com tudo o que disse, acho um absurdo gozarem com esta situação já que em parte nós somos um fator que ajuda a desenvolver guerras.
ResponderEliminarSe pudesse visitar o meu blogue agradecia.
Cumprimentos My Little Space
http://curio-so.blogspot.pt/?m=1
Prefiro ser tratado por tu, pode ser?
EliminarÉ lamentável tudo o que se passa.
Irei espreitar.
Muito triste,mas quem sabe com essas imagens,com esse fato que ocorreu,é que podia ser evitado.. as coisas agora mudem :( !!
ResponderEliminarÉ a esperança que vejo na partilha destas imagens :(
EliminarQuando vi a imagem do menino naquela praia pela 1ª vez não consegui conter as lágrimas. Sempre que a vejo, é impossível não sentir aquele aperto forte no peito. A minha primeira reacção foi questionar o porquê da publicação das fotografias mas, de imediato percebi que, infelizmente, parece ser a única forma de acordar as pessoas para o pesadelo que se está a viver. Ainda bem que conseguiste publicar esta imagem apesar da censura do Instagram. De facto, representa muito bem o que se passa. Para muita gente, é muito melhor publicar fotos do sunset num terraço qualquer...
ResponderEliminarParabéns.
É uma imagem muito forte. Exageradamente forte. Olhando para isto de uma forma muito fria, a fotógrafa (julgo ter sido uma mulher) fez o seu trabalho. É o que está a cobrir e aquela é A foto. Depois entrega a foto à agência para a qual trabalha (julgo ser a Reuters) que a disponibiliza para os clientes. A decisão de publicar depende desses clientes. Posso dizer que no meu trabalho tenho acesso à Reuters e diariamente existem fotos complicadas de digerir. Não com a brutalidade desta. Fotos que, em alguns casos, não são publicadas em lado nenhum.
EliminarNeste caso, acho que a publicação e divulgação da foto faz sentido porque infelizmente só assim se acorda para o problema. Infelizmente é com a tragédia que se olha para alguns temas com o verdadeiro sentido de análise.
E espero mesmo, porque não há outra esperança, que a morte deste menino sirva para mudar mentalidades e que ajude a evitar outras mortes nos mesmos moldes.
Para ser sincero eu ando sempre a tentar fugir desta imagem. Não a quero ver, não consigo. Adoro crianças, quando estou perto delas consigo ser ainda mais criança do que elas!
ResponderEliminarEu quero acreditar que esta criança esteja num mundo melhor que este, agora que partiu de uma forma tão trágica. Que este anjo esteja num mundo onde não haja guerras, conflitos, fome, ganância, poder!!
Quero acreditar nisto, quero muito. Porque de outra forma é difícil...
www.pensamentoseepalavras.blogspot.pt
É uma imagem muito dura. Tal como a realidade que mostra. Quero acreditar que a morte desta criança vai alterar, pelo menos, algumas coisas.
EliminarJá tinha visto estas imagens, e realmente arrepiam e têm muita verdade inerente.
ResponderEliminarTêm muita verdade e levantam diversas questões.
EliminarPrezado Homem Sem Blogue, concordo plenamente contigo em sua análise da questão do "divulgar ou não divulgar" algumas imagens,colocadas no texto acima. E aquela "primeira" do Menino Aylan Kurdi é uma que entrou para a história, na dor e no amor que evocam. Multiplicada por muitos outros artistas ao redor do mundo como tributo ao pequenino, reflexão sobre a causa dos refugiados e denunciando a política intolerante de alguns governos da União Europeia, a imagem "original" para mim foi a última gota que faltava para que muitos bebessem numa taça de hipocrisia... e milhões de outros tomassem conta de uma situação de injustiça tremenda, de profunda desumanidade. Estou desenvolvendo tese de doutorado onde também abordo a questão da "imagem que temos da criança/infância"e da "imagem que as crianças têm delas mesmas". Sou professor de crianças, e esse é um tema que de alguma forma também deve ser abordado com a meninada, uma vez que a criançada assiste TV, navega pela Internet,circula pelas diversas redes sociais. Em meu perfil de Facebook juntei dezenas de imagens referentes ao "caso", que com certeza me co-moveu enormemente. Suas palavras me ajudam a refletir. Agradeço e compartilharei seu texto, dando a necessária referência. Leopoldo
ResponderEliminarMuito obrigado pelo comentário e foi bom ter sido útil. Espero que tudo corra bem e obrigado pela partilha.
EliminarAbraço
Triste é as pessoas somente se emocionarem perante imagens. Como diria o Vasco, Aylans há muitos. Este deu à costa, mas muitos mais se perdem longe das câmaras. Mas esses não merecem lágrimas.
ResponderEliminarIrrita também que, nesta sociedade da "informação" ainda haja quem ache que este é um fenómeno recente, e que o Ocidente nada fez para que tal acontecesse. Não sabem há quantos anos a Síria está em guerra, quem armou a resistência, que este êxodo nada é quando comparado com os campos do Líbano e Jordânia, que a Europa lucra com venda de armas e que defende os offshores que facilitam financiamento de terrorismo.
Solidariedade de Pacotilha, metam-na... Olha, no facebook.
Quantas coisas (más) existem no mundo das quais não te lembras até ao momento em que são notícia? Até ao momento em que existe uma fotografia, por exemplo? Isto é normal.
EliminarNão ao extremo que vais da solidariedade de pacotilha. Porque isso podia ser aplicado a muitas outras coisas. Neste caso existe um problema que muitos preferem ignorar. E esta situação levanta muitas questões como por exemplo o desejo de ajudar os outros quando ignoramos os nossos. E esta é uma questão à qual não devemos fugir. A maior ajuda que poderia ser dada era acabar com a guerra. Porque eles não querem sair de lá, eles querem é paz.