Os homossexuais devem ou não poder assumir-se (e talvez esta palavra seja exageradamente forte) sem qualquer receio. Pegando numa expressão que não tem maldade nenhuma e que é utilizada um pouco em todo o lado: “os gays devem sair do armário?” Ou, por outro lado, será que devem esconder aquilo que são, vivendo em muitos casos uma mentira dolorosa que se reflecte numa vida de infelicidade?
Matt Damon trouxe este tema para debate ao defender que os actores gays não se devem assumir publicamente. “Acho que deve ser muito difícil para os actores assumirem-se publicamente. Acho que quanto menos as pessoas souberem de ti, melhor actor és. E a sexualidade é uma grande parte disso. Quer sejas heterossexual ou gay, as pessoas não deviam saber nada sobre a tua sexualidade, porque esse é um dos mistérios que deves preservar”, disse.
Estas palavras causaram polémica e são mais do que suficientes para um alargado debate sobre o tema. Para começar, defendo que um homossexual não tem que dizer que o é. Tal como um heterossexual não anda por aí a dizer que o é. A questão é outra e passa pela possibilidade de um gay poder viver livremente a sua sexualidade tal como acontece com um heterossexual. Os julgamentos deveriam ser os mesmos, independentemente dos gostos sexuais de cada um.
Associado a isto está o “sair do armário”. Ou seja, o assumir publicamente e sem qualquer receio que se é gay. E aqui refiro-me às pessoas que têm um maior impacto, como é o caso de qualquer uma celebridade internacional. Devem ou não dar esse passo? Matt Damon defende que não. Concordo com Matt Damon. Ainda que a teoria aponte para o lado oposto. Ou seja, teoricamente vivemos numa época em que as pessoas já deveriam ter a possibilidade de viver a sua sexualidade livremente. Sem julgamentos que têm por base apenas esse aspecto. Sem que sejam colocados de parte apenas porque alguém entende que são “diferentes” ou que são uma “aberração da natureza”. Actualmente deveria ser tão natural alguém dizer que é gay como revelar que é hetero. A reacção das pessoas deveria ser igual.
Mas a prática está longe, muito longe, da teoria. Porque aqueles que não têm problemas em revelar a sua sexualidade ainda são olhados de lado. Todos aplaudem a liberdade sexual. Todos acham que não faz mal que este ou aquele diga que é gay. Desde que o “paneleiro não venha para perto de mim”. Até porque muitas pessoas ainda olham para a homossexualidade como uma doença contagiosa. Pensam que podem passar a ser homossexuais apenas por ter um no grupo de amigos ou no local de trabalho. E por mais liberdade que se apregoe é capaz de ser melhor não ter um homossexual por perto. Liberdade sim mas ao longe, perto dos outros.
Felizmente existem histórias de sucesso de pessoas conhecidas que tiveram a coragem (porque acredito que é necessário ter muita coragem no mundo em que vivemos) de dizer que são homossexuais, como é o caso de Manuel Luís Goucha e mais recentemente de Diogo Infante. É certo que são pessoas como estes dois nomes que ajudam a mudar mentalidades. Mas, infelizmente, o caminho a percorrer ainda é longo. Porque se me lembro destes dois casos, recordo-me também do jogador de futebol americano que assumiu a sua homossexualidade e que no ano seguinte não foi contratado por nenhuma equipa de futebol. Ou histórias de outros atletas (e de tantas pessoas) que acabaram por colocar um ponto final na sua vida.
E lembro-me também de algumas celebridades portuguesas que enaltecem a atitude de Manuel Luís Goucha e Diogo Infante mas que não dão o mesmo passo. É certo que podem - e certamente existem - existir muitos factores para não se dar esse passo. Mas acredito que todos acabam por estar ligados à forma como as pessoas ainda olham para os homossexuais. E esse olhar é quase sempre marcado pelo desprezo, diferença e uma suposta superioridade. Por isso, não consigo criticar as palavras de Matt Damon (que algumas pessoas deturparam). Porque poucos são aqueles que conseguem “sair do armário” vivendo muito melhor do que viviam dentro dele. A maioria acaba por sofrer ainda mais do que nos tempos em que viviam um dolorosa mentira.
Creio que há profissões, onde Ser Gay ou assumir-se como tal é mais fácil do que outras. Pegando em actores, não acho correcto, cada um sabe de si e Deus de todos. Quem quiser o fazer, pois está à vontade de o fazer. Porque não?!
ResponderEliminarMas, vendo bem a coisa e pegando em casos portugueses, para além desses dois que mencionas. Quantos gays em Portugal fazem o papel de hetero em telenovelas e filmes e os Heteros de Gays?!
Creio que os Homofóbicos são todos sem execepção gays ou gostam de a ver (pilinha do outro) de tempos em tempos...
Um hetero lá quer saber se um gay assume-se ou não. Ele não lhe faz concorrência nenhuma, ele pode é ganhar mais uns buracos se houver alcóol a mais lololololololololololololololol
Acho que depende mais das sociedades do que das profissões. Falas da representação. Ao assumir o actor pode ter problemas com pessoas homofóbicas da área e perder muitos trabalhos.
EliminarBrincadeiras à parte, acho que o pensamento deveria ser esse: não tem problema e que sejam felizes.
Olá :)
ResponderEliminarA orientação sexual deve ser vivida da forma mais natural possível. Eu, enquanto mulher heterossexual, nunca me senti na obrigação de dar uma conferência de imprensa, lançar um press release, ou anunciar publicamente de qualquer outra forma a minha orientação sexual. Acho que sair do armário é importante, e o que entendo desta expressão é aceitar-se e viver de acordo com o que se é. Ponto. Com naturalidade, sem espalhafato, com normalidade.
A parte mais negativa de se não assumir a orientação sexual é o dano a si próprio e a terceiros. Também vivo neste planeta e compreendo que ainda possam existir motivos para se ter receio de se assumir publicamente. Mas, por outro lado, acredito ser de uma falta de nobreza e de carácter, ser-se homossexual e entrar-se numa relação, num casamento, whatever, para se esconder sem que o parceiro/a saiba. Por isso, assumir sempre.
Infelizmente é uma mentira em que muitos entram. E os motivos para isso devem ser os mais variados e complexos possível.
EliminarVerdade, e além de tudo isto ser ridículo, a verdade é que muito acabam por ser vítimas da restante sociedade, preferindo então manter-se no anonimato.
ResponderEliminarAlém disso, ainda há a questão de que muitos não aguentam a pressão e acabam por pôr fim à vida, e isso é assustador.
É mesmo assustador.
EliminarDigo isto desde que tomei consciência desta coisa da sexualidade: Um gay não tem que assumir nada porque eu também não ando para aí a dizer que gosto de homens (de um, que sou uma mulher séria ;) ) mas, por outro lado (ou pelo mesmo) também não tinham que ser criticados/ julgados/ discriminados se andassem na rua de mão dada com o seu companheiro tal como eu não sou...
ResponderEliminarNesta coisa dos gays a única coisa que me faz confusao são as paradas de "orgulho gay"... Orgulho de quê? Nasceu com eles, se é algo inato não temos mérito nisso, logo não há motivos para orgulho. Eu, por acaso, sou heterossexual. Se tenho orgulho nisso? Nem por isso.... É uma característica minha como ter olhos castanhos e pés um bocado tortos....
Faz sentido?
Lia
Percebo o que dizes e faz sentido. E num mundo normal deveria ser assim, sem bandeiras nem festas, fosse para quem fosse.
EliminarA conversa daria pano para mangas. Eu também acho que o Matt Damon tem razão. Não vejo necessidade de exposição e como a homofobia é ainda muita, provavelmente só vai perder trabalhos. Nos EUA só se safarâ se jâ tiver uma carreira consagrada.
ResponderEliminarA menos que seja já muito notório e venha apenas confirmar o que toda a gente sabe( tipo Goucha e Diogo Infante).
Tenho outros exemplos que toda a gente sabe mas nunca precisaram de o dizer literalmente: Herman, o Marco Paulo, Vitor de Sousa.
Eu conheço muito bem a comunidade gay. Sou amiga de muitos. A questão é que hâ homossexuais, bichas, trichas e afins lol E não se dão bem entre eles.
Por um lado acho que os bichas (casos afeminados) dão má fama aos homessuais porque fazem as pessoas pensar que todos querem ser mulheres e vestir roupas delas. Não é verdade. São homens normalissimos.
Mas por outro lado, a sociedade precisa desses bichas para mostrar que os homossexuais existem e que não devem esconder-se.
As paradas gays fazem sentido para lembrar que existem. O orgulho gay é mais o facto de conseguirem ultrapassar medos e receios( que não são poucos). Uma comentadora dizia que não era preciso orgulho como não se tem de nascer de olhos castanhos.
Mas aqui é mais o orgulho como quando alguém vence uma doença que o consumia e mostra orgulhosamente as cicatrizes. Faço-me entender?
Só quem está na pele é que sabe. Faz o seguinte exercicio. Durante um dia, uma semana, um mês não demonstres públicamente o teu amor à tua esposa. Não podes dar a mão, a abraçar ou dar um olhar mais ternurento. É muito mais difícil do que parece. Imagina então viver assim toda a vida....
E não sou gay lol Sou casada e muito bem casada ; )
Mata Hari