10.9.15

ninguém quer o desconhecido?

Num destes dias falava, na clínica onde faço fisioterapia, com uma fisioterapeuta com quem me tinha cruzado muitos anos antes num colégio. Na altura deveria ter mais ou menos dez anos. “Eras um reguila”, disse-me. Depois perguntou que idade tenho. Respondi que fiz os 34 este ano. A minha fisioterapeuta teve aquela reacção típica. “Ninguém tem 34 anos”, a que acrescentou “quem me dera ter 34 anos e saber o que sei hoje”, disse.

Disse que é uma resposta comum porque todas as pessoas, ou pelo menos quase todas, reagem assim. Quase todas as pessoas gostavam de voltar atrás no tempo mas com o conhecimento que os anos de vida permitiram adquirir. Ou seja, as pessoas acreditam que a vida seria muito melhor se pudessem recuar no tempo para voltar a viver algo de maneira diferente. Basicamente, sem as desilusões e os momentos de dor que motivaram o conhecimento adquirido.

Mas a vida assim não seria uma seca? Qual a piada de viver sem o desconhecido? A vida não passaria a ser uma linha recta sem qualquer emoção e sem sal? Qual a piada de não hesitar num momento de dúvida? Qual a piada de não dar um ou dois trambolhões? Qual a piada de não sentir dor e mágoa num determinado momento? Não será isso que torna a vida apaixonante? Qual a piada de retirar a imprevisibilidade de algo?

Porque será que ninguém diz que gostaria de voltar a ter determinada idade com o total desconhecimento dessa idade? Será medo do desconhecido? Será medo do erro? Da dor? Talvez. Mas não serão esses momentos que fazem com que se valorizem os que estão na extremidade oposta? Se eu não souber que errei, se não lamentar o erro, como é que poderei valorizar o que é bom? Se não existem erros e passos mal dados passa a ser tudo igual. E isso é bem pior do que lamentar um erro.

4 comentários:

  1. O encanto da vida estâ exatamente em não saber o que vai acontecer. A qualquer momento a vida pode mudar para melhor ou pior. Por isso se deve viver cada momento e aproveitar. Eu não acho que se voltasse atras faria muita coisa diferente. Sempre vivi à moda do Frank Sinatra (my way) e por isso os "regrets" são poucos. Viva a vida e os seus mistérios ;)
    Mata Hari

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  2. Concordo e discordo, há coisas que sem dúvida preferia saber e há outras que não, depende.

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    1. Acho que saber retira o prazer a descoberta e a valorização do que é bom.

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