e que tal acabar com a partilha de imagens e vídeos de mortos

O futebol pode não servir de exemplo para muita coisa mas, mesmo assim, consegue ter momentos em que é um exemplo para muitas pessoas e para muitas situações. Acredito que existam pessoas que nem se apercebam do que vou contar. Mas durante um jogo de futebol não se mostram as pessoas que invadem o relvado. E se por acaso aparece de forma que seja impossível não mostrar algo, a imagem muda e não existem repetições. E o objectivo disto é muito simples: não alimentar o ego de quem o faz e não incentivar outras pessoas a fazer o mesmo.

Hoje fala-se muito de terrorismo. Partilham-se, a uma velocidade assustadora e impressionante, imagens e vídeos de pessoas mortas. É sangue, nudez, olhos abertos e muito terror. São pessoas que foram vítimas de mais um atentado. E que aparecem em todo o lado sem que alguém pare para pensar no poder daquela imagem. Será que alguém pensa que os familiares daquelas vítima podem ainda não saber nada sobre a pessoa. E isto é apenas um exemplo.

Isto para dizer que esta partilha alimenta os terroristas. Alimenta que sonha fazer algo semelhante. E uma das formas de combater o terrorismo é não divulgando o resultado de um ataque bárbaro, cruel e cobarde. Os terroristas querem tempo de antena. Querem atentados em directo, aos olhos do mundo (exemplo mais visível disto é o 11 de Setembro). Porque sabem que assim semeiam medo e ódio. O medo passa a dominar e todos começam a desconfiar de todos. E num efeito bola de neve existem muitos problemas.

Isto deveria ser alterado. Deveria ser proibido, tal como faz o futebol, dar tempo de antena a quem o faz. E as pessoas deviam parar de partilhar vídeos e imagens. Porque isto não serve para nada. Partilhar uma imagem de uma pessoa morta, vítima de um atentado terrorista, não é homenagear aquela pessoa. As redes sociais, que censuram tantas imagens, deveriam imediatamente apagar estes conteúdos. Só que isto leva a outra discussão devido à quantidade de partilhas e o que isso representa.

Aplaudi quando o futebol passou a fazer isto. Gostava que assim fosse em época de incêndios. E que o mesmo acontecesse com o terrorismo e com todas as pessoas que semeiam o mal, seja ele qual for. Dar tempo de antena a quem o faz é alimentar os que se seguem. Já era altura de as pessoas perceberem que a tão famosa “curiosidade mórbida” que têm é também ela um problema. E não uma solução ou desculpa.