Neste momento Donald Trump está para o mundo como Maha Vajiralongkorn está para os tailandeses. Ou seja, é mal amado e dificilmente haverá volta a dar. Muito dificilmente o novo rei tailandês irá conquistar o povo e nem Tom Cruise, numa mirabolante missão impossível, conseguirá fazer com que o mundo, pelo menos boa parte dele, venha a sentir empatia em relação a Donald Trump.
Mas não é preciso amar ou odiar alguém para perceber certas coisas. Muitas pessoas ficaram indignadas com as declarações que Donald Trump proferiu em 2005 em que fala, numa conversa privada, de forma pouco simpática em relação às mulheres. As palavras não são simpáticas. São na realidade muito tristes. É um facto. E o responsável é quem as profere. Nada a apontar em relação a isto.
Agora foi Melania, a mulher do candidato, a quem poucas pessoas atribuem inteligência que desvalorizou as palavras do marido. E salienta algo que considero fazer toda a diferença: “era conversa de homens”, diz. Antes de avançar no texto deixo claro que não gosto de Trump. Acho que será um péssimo presidente caso seja eleito. E este texto não tem como objectivo fazer de advogado do diabo. É apenas a constatação de factos.
E o primeiro é que é muito feio, seja em que circunstância for, partilhar uma conversa privada. Se é privada é assim que deverá manter-se. Seja entre dois amigos que ninguém conhece de lado nenhum ou entre personalidades influentes. Acho que neste ponto ninguém discorda. Acredito que todas as pessoas, mesmo odiando os protagonistas de uma qualquer conversa, consideram que existem diferenças entre privado e público. Algo que deixa de existir, para algumas pessoas, no momento de ganhar uma eleição. Aliás, e pegando neste caso específico, acredito que existam pessoas cuja missão passa apenas por descobrir o maior número de podres em relação ao outro candidato. Tendo em conta que se trata de Donald Trump... é uma tarefa bastante fácil.
O segundo facto é destacado por Melania. As suas palavras não desculpam a atitude do marido. Mas são verdadeiras. Porque é um pequeno exemplo de uma conversa de homens. E qualquer homem pode comprovar isso. Porque muitos homens falam de forma pouca simpática em relação a algumas mulheres ou, em casos extremos, em relação a todas. Este domínio chega a ser tão surreal que muitos homens exageram naquilo que dizem apenas para ficar bem numa conversa de homens. “Fiz isto e aquilo aquela gaja”, “elas fazem-me isto e aquilo” e por aí fora. Quando tudo não passa de uma fábula inventada que garante apenas mais um carimbo na caderneta da suposta masculinidade que se mede por palavras como as de Donald Trump. Fingir que esta realidade não existe ou que é exclusiva de Trump é ser ingénuo e acreditar numa realidade inexistente.
Se é algo parvo? É! Se os homens fazem? Sim! Se é algo que tem paralelo no universo feminino? Não sei. Só as mulheres é que podem confirmar ou desmentir essa realidade, sendo que acredito que também existem momentos destes em conversas femininas, sempre dependendo de quem tem a conversa e das circunstâncias da mesma. Aquilo que faz uma grande diferença no caso de Donald Trump é que existe um grande ódio em torno do homem que muitos temem que venha a sentar-se numa das cadeiras mais importantes do mundo.