Um gordo será sempre um gordo. Nunca poderá ser outra coisa. É uma espécie de bandeira que se agita no ar quando a temática é a gordura que é formosura. E se um gordo (e escolho esta palavra com a representação social da mesma) decide deixar de o ser passa a ser um traidor, uma persona non grata no planeta dos gordos. E isto é do mais absurdo que pode existir.
Ashley Graham ficou conhecida por ser uma modelo plus size (veste o 44) que teve o mérito de ser a primeira a aparecer na capa da famosa edição de biquínis da Sports Illustrated. Primeiro foram os aplausos. Uma mulher gorda a ocupar um lugar até então ocupado por manequins acusadas de vender uma imagem irreal. As tais mulheres que não o são porque são magras. São aquelas que não passam de um monte de ossos, isto de acordo com o que se vai partilhando.
Até que Ashley Graham partilha uma imagem onde parece estar mais magra. E digo parece porque a mesma já referiu que sabe escolher a melhor forma de ser fotografada. E uma imagem foi o que bastou para que fosse acusada de "traidora". Há quem diga "eu sabia. Tu perdeste muito peso. Já não sou tua fã, tu traíste muita gente" ou "gorda falsa", havendo também quem acuse todos os gordos de ambicionarem ser magros a partir do momento em que alcançam a fama.
Não sei se Ashley está mais magra ou não. Aquilo que não compreendo é esta quase obrigação de um gordo ter de ser sempre gordo apenas porque ficou conhecido por ser gordo. Qual o mal que vem ao mundo caso Ashley decida ser magra? Passa a ser falsa por isso? Deixe de ser a primeira modelo plus size a aparecer numa publicação como a Sports Illustrated? Deixa de ser um exemplo para tantas pessoas? Creio que não...
Parece que existe obrigação de ver alguém igual ou pior do que nós em local de destaque para que a nossa situação não seja tão má. "Tenho excesso de peso, o médico mandou-me fazer exercício e diz que a minha saúde está em risco mas estou a marimbar-me para isso porque existe uma pessoa que tem mais peso do que eu e é famosa por isso", parece ser a linha de raciocínio. "Aquele(a) tipo(a) ficou conhecido(a) como gordo(a) mas agora perdeu peso. Já não gosto dele(a) porque é falso(a)", é outra das ideias.
E a melhor resposta a tudo isto foi dada pela própria. "As pessoas vêm à minha página e humilham-me porque sou muito grande, porque sou muito pequena, porque não sou boa o suficiente para os padrões deles. Mas no final do dia, eu sou boa o suficiente para mim". E é só isto que realmente importa. Só que as pessoas perdem tempo a definir padrões para os outros mas esquecem que devem primeiro organizar os seus. Vivem a vida dos outros, criticam os outros mas no final do dia nada fazem por si. E isto é que é triste.
PS - São as críticas e a ofensa que acabam por ter maior destaque mas enalteço a quantidade de pessoas que, em vez da ofensa, optaram por perguntar qual a alimentação da modelo e o seu plano de exercícios.
este mundo nunca irá mudar --
ResponderEliminarAcho que não...
EliminarAssino por baixo. Penso o mesmo :)
ResponderEliminarObrigado :)
EliminarMuita gente só está ben com o mal dos outros...infelizmente...
ResponderEliminarIsto de ficar contente com o bem dos outros não é para todos.
Infelizmente é assim.
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