5.10.15

a culpa é da política ou das pessoas?

Como não podia deixar de ser hoje só se tem falado de política. Quer seja na televisão, nas notícias online ou mesmo nas mais diversas redes sociais. Passos Coelho, Paulo Portas, António Costa, Catarina Martins e as gémeas Mortágua, Jerónimo de Sousa e o até então desconhecido André Silva são protagonistas e tema de conversa. A estes junta-se o esquecido e agora recordado António José Seguro. E nada disto é de estranhar. Afinal ontem foi um dia importante para Portugal e para o futuro imediato do País.

Por isso não estranho as conversas sobre a política. Não me espanta que algumas pessoas aplaudam aqueles que venceram. Não fico surpreendido com teorias e estratégias políticas para que as coisas pudessem ter sido diferentes para os derrotados. É tudo normal, até as brincadeiras e picardias saudáveis. Aquilo que estranho é a quantidade de pessoas que revela já ter presenciado troca de ofensas por causa da política. Ou pessoas que foram alvo de ofensas apenas porque revelaram contentamento pelo resultado. De tudo aquilo que fui lendo ao longo do dia destaco este texto da Ana Garcia Martins que resume muito bem aquilo que tem acontecido um pouco pelas redes sociais.

Também não me espanta que exista uma comparação ao futebol. Até porque os debates sobre aquele que é considerado o desporto rei costumam ser muito acalorados. Basta ver qualquer um dos muitos debates televisivos dedicados ao tema para perceber que quase todos gritam mais alto do que o vizinho do lado. As ofensas não são muito comuns mas também existem. Há até quem se levante e abandone o programa em directo. Como os debates em torno do futebol são mais acalorados, sempre que existe uma discussão mais acesa em torno de algo existe a natural comparação com as conversas sobre futebol.

Mais do que uma comparação, levanto uma questão. A culpa é dos temas ou é das pessoas? O futebol, a política e outros temas como a religião, por exemplo, mexem muito com as pessoas ou revelam aquilo que as pessoas verdadeiramente são? Porque é que as pessoas ficam tão irritadas quando alguém defende um partido que não o seu? Tal como facilmente ofendem quem é de um clube de futebol opositor do seu. A culpa é dos temas? Das pessoas?

Cada vez mais existe uma menor tolerância para as opiniões dos outros. E isto não é exclusivo do futebol nem da religião nem de temas mais polémicos. É quase regra geral para tudo. Se digo que gosto de vermelho sou um atrasado mental porque o amarelo é que é e porque os defensores do amarelo não suportam o vermelho. E isto pode aplicar-se a quase tudo na vida. Por isso é que acho que o problema não está nos temas mas nas pessoas. E na forma como lidam com as coisas da sua vida. E ainda com o modo através do qual segmentam aquilo que consideram ter importância na sua vida.

É lamentável que mais facilmente se ofenda alguém que recorre a uma rede social para partilhar uma opinião do que se ousa falar com alguém que tem uma influência directa na vida de cada um. Por exemplo, mais depressa se ofende quem tem a opinião x do que se tem coragem para falar com alguém que trata essa pessoa abaixo de cão no local de trabalho. Mais facilmente se descarrega tudo e mais alguma coisa em alguém que não tem influência directa na nossa vida do que se confronta alguém que realmente está a prejudicar a nossa vida.

É certo que partilhar uma opinião numa rede social irá quase sempre motivar reacções. E quem tem redes sociais está sujeito a lidar com opiniões contrárias à sua. Mas uma coisa é partilhar/defender uma opinião diferente. Outra completamente diferente é dizer que fulano ou sicrano é estúpido por pensar assim. Que não tem cérebro por isto ou por aquilo. É quase o mesmo, com o extra da ofensa, que aquelas pessoas que argumentam as suas opiniões com esclarecedores "porque sim" ou "porque não".

Para concluir que o texto já vai longo e voltando à política. Depois de tudo o que já li e ouvi ao longo do dia posso dizer que não tenho dúvidas de que Portugal seria um País muito melhor se as pessoas gastassem tanta energia e dessem tanta importância às eleições no momento de escolher como gastam e dão no dia seguinte às eleições.

2 comentários:

  1. Concordo totalmente contigo, os assuntos até podem suscitar discussão, mas não é preciso este exagero todo.

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