Correr está cada vez mais na moda. E ainda bem. É uma daquelas modas que nunca são um exagero pois tudo o que leve alguém a praticar desporto, mesmo que seja porque os outros também o fazem, é sempre positivo. Outra questão completamente diferente é correr (ou praticar qualquer actividade desportiva) apenas porque sim, sem perceber se é o mais adequado para o corpo, para o actual estado físico e para o objectivo desejado. Ou querer correr imediatamente uma maratona apenas porque os outros também correm.
E outro tema distinto é a competitividade que as pessoas transportam para algumas actividades físicas. E isto aplica-se ao ginásio onde todos têm de levantar mais um quilo do que a pessoa do lado, ao futebol onde todos têm de marcar mais um golo do que os colegas de equipa, ou mesmo à corrida onde todos têm de correr uma maratona mais depressa do que todos os outros. E a competitividade exagerada misturada com provas físicas para as quais as pessoas não estão preparadas nas melhores condições pode resultar em algo menos positivo e perigoso.
Numa altura em que a corrida é moda, não só por cá mas em todo o mundo, e numa época em que todas as pessoas acreditam ser o melhor atleta alguma vez criado é bom encontrar uma publicidade que põe um travão nesta euforia sem que isso desmotive ninguém. Aliás, é uma publicidade perfeita onde todos vão perceber que não são os melhores e que ficar em último não tem de ser mau nem desmotivante.
E esta mensagem é transmitida de forma brilhante pela Nike na sua mais recente publicidade dedicada aqueles que correm mas que não são "runners", ou seja, atletas que participam em provas – neste caso maratonas – num registo mais sério. No anúncio é recordado que a primeira pessoa a correr os 42,195 quilómetros morreu. Pessoa essa que era um runner. Depois, num comentário que pode soar a negativo, é salientado que quem está a ver a publicidade e que se identifica com o que vê não é um atleta. Muito menos um corredor de maratonas. Mas no final todos podem vir a ser corredores de maratonas.
Para quem gostar, a música é Every Little Bit Hurts, de Aretha Franklin
Não passa de um anúncio. Mas está muito bem pensado. E as pessoas que estão (e ainda bem que assim é) a ser conquistadas pela febre das corridas podem ver este vídeo. Porque ficar em último não tem que ser uma coisa necessariamente má. Porque não se passa do zero para o mil sem esforço nem trabalho. E porque o mais importante é não desistir quando se percebe que nem tudo se faz de um dia para o outro.
Muito bem pensado e conseguido.
ResponderEliminarDo melhor que vi nos últimos tempos.
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