Acredito que todos temos um sabor que marca a nossa a vida. E estou a referir-me à comida. Todos temos um prato que só o seu nome escrito numa ementa de um qualquer restaurante remete-nos imediatamente para uma viagem temporal que provavelmente terá como destino a casa onde se viveu (ou vive) com os pais e os cozinhados da mãe, do pai, dos avós ou de outra pessoal qualquer. É aquela comida que necessita apenas de uma garfada para que diversas memórias ganhem vida, saindo do baú onde estão guardadas. E é um prato que faz com que todos os outros (iguais) fiquem sempre num patamar inferior. "A minha mãe faz isto como ninguém", é o desabafo que algumas pessoas, tal como eu, fazem.
Sendo uma excelente cozinheira a minha mãe tem diversos pratos que são de comer e chorar por mais. Não é por ser minha mãe mas a verdade é que não sabe cozinhar mal. Mas se tiver que eleger um prato e um sabor que marca a minha vida tenho de escolher as suas lulas recheadas acompanhadas com arroz de tomate. Não existe nenhuma pessoa no mundo que consiga estar no mesmo patamar da minha mãe no que às lulas recheadas diz respeito. É todo um processo que faz com que seja um prato especial. Desde a compra e a escolha, algo que não faz em qualquer lugar, até ao processo de limpeza e de recheio. "Dá muito trabalho", diz. "Mas é tão bom", acrescento. Sem ignorar o amor, o melhor dos ingredientes de qualquer prato.
Tanto tenho chateado a minha mãe que hoje acabou por fazer o prato de que tanto gosto. Assim que soube que ia fazer a minha reacção imediata foi "faz mais para levar para casa". E como referi, este é aquele prato que marca a minha vida. É o sabor que me remete para a infância e para a alegria que tinha quando via a minha mãe no seu demorado processo de limpar e rechear as lulas. Era um momento de alegria pois sabia que o almoço seria do meu agrado. Hoje bastou provar um bocado de uma lula e comer um pouco de arroz para que o sabor fosse da minha infância.
É um daqueles pratos que é muito mais do que isso. É um sabor que me faz sorrir. Que me faz viajar no tempo. Que me recorda muitos momentos passados em casa dos meus pais. E que ainda hoje me deixa a salivar só de saber que vou comer lulas recheadas, acompanhadas com arroz de tomate, confeccionadas pela minha mãe. E acredito que a sensação que tenho com este prato específico é comum a todas as pessoas. Só resta saber... qual o sabor que marca a tua vida?
Ovos com tomate feitos pela minha avó, o meu homem já tentou fazer ao ver receita na net mas nada se compara ao jeitinho da minha falecida avó e a farinha 33 que a minha mãe me deu quando tive hepatite.
ResponderEliminarAs receitas que mais nos marcam acabam por ser impossíveis de ser bem feitas por outros. Por tudo o que o sabor significa.
EliminarA minha mãe era uma cozinheira maravilhosa! E não é por ser minha mãe pois toda a gente dizia o mesmo. Acredito que tal não se deve apenas ao jeito mas que em grande parte se deve ao amor e gosto com que o fazia.
ResponderEliminarFrango de caril, arroz doce e rancho são 'aqueles' pratos que me fazem voltar no tempo, sendo que rancho eu não faço nem voltei a comer desde que a minha mãe morreu e já lá vão 8 anos. Só porque sim...
Beijos/ A Mãe
Falas num aspecto importante, o amor e gosto com que se faz. Isto faz toda a diferença.
EliminarA minha mãe também é uma excelente cozinheira, aquele arroz de tomate... nunca consegui comer melhor... e a sopa de espargos, aqueles apanhados no campo.... Bem, mas já saí de casa dos meus pais há muitos anos. Depois de reflectir um pouco, há um que sobressai, é a açorda à alentejana, seja em casa ou no Alentejo. Aquele cheirinho a alho, bacalhau e coentros e na companhia de um tinto, nunca me desiludiu :)
ResponderEliminarFiquei a salivar ;)
EliminarEu tenho muitos. Feijoada e pão da mãe, o bolo da tia e os gelados do primos... Não consigo escolher o melhor.
ResponderEliminarEu tenho as azevias de batata doce feitas pelo meu falecido avô. São as melhores do mundo.
EliminarAs receitas feitas pelos "nossos" serão sempre as melhores
EliminarAcho que sim e para todas as pessoas :)
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ResponderEliminarE é giro este prato tão delicioso levar-te para os bons momentos da tua infância, São mesmo estas pequenas coisas que ficam gravadas para sempre.
E dão muito trabalho, sim. Cheguei a fazer este prato (há anos que não faço!) e o que mais tempo leva é preparar o recheio. São dois processos minuciosos: preparar o recheio, encher o corpo da lula e pô-la a refogar.
A minha mãe fazia-as muito bem, também.
A minha mãe era uma excelente cozinheira e tudo o que fazia era bom, quer fosse uma carne estufada, um filetes de pescada espectaculares, um bacalhau com batatas e hortaliça que depois ia ao forno (um dia destes hei de fazer), enfim, acredita, qualquer prato dela era bom.
Mas o melhor que ela fazia e que ninguém na família (e todos cozinhamos bem, mas atenção, falo na gastronomia portuguesa), era o arroz à valenciana.
E o que cozinhava para 8 (número de pessoas cá em casa, na altura) cozinhava para 20 ou mais.
Falamos tantas vezes neste arroz!
Beijinho
A minha também fazia um arroz à valenciana extraordinário mas adaptado porque era mais novo não comia determinadas coisas. Também é um dos sabores que me marca mas as lulas são mesmo do outro mundo. E a minha mãe diz mesmo que aquilo dá muito trabalho.
EliminarBeijos
Quem ficou a salivar fui eu, isso não se faz!:(
ResponderEliminarPartilho desse teu gosto, quando bem feitas as lulas recheadas são um verdadeiro manjar dos deuses, só que poucos as sabem cozinhar bem. A tua mãe pertence a esse restrito grupo, o que significa que és um sortudo.
O meu prato, aquele que faz a diferença? Pronto, eu digo. Uns deliciosos pastéis de massa tenra acompanhados de um bela salada de maionese. A salada qualquer um faz, já os pastelinhos, enfim, aí já "fia mais fino".
Continuação de bom proveito, guloso!:)
Abraço.
Agora fiquei eu a salivar com os teus detalhes ;)
EliminarAbraço
Bacalhau com natas da minha mãe...
ResponderEliminarCaril de lagosta da Carolina...
E Bombocas compradas em frente à escola primária, daquelas da caixa de cartão!!!!
Adorei a última frase. É daquelas que remetem para tantas coisas :)
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