Ontem, enquanto passeava pelo facebook, deparei-me com o desabafo de um amigo que faz todo o sentido para mim e que serve para ilustrar na perfeição um dos mais populares modos de agir nos dias que correm. "Eu quando afirmo que não gosto de alguém, que acho que a pessoa não tem carácter, não vou no dia seguinte elogiá-la ou beber um copo com a mesma, mas isso sou eu, vale o que vale!", foi o que li na página de facebook de Pedro Crispim (e identifico a pessoa porque é uma figura pública).
Sou amigo do Pedro mas confesso que não faço ideia do que motivou aquele desabafo. Nem isso importa para o caso. Porque aquelas linhas definem na perfeição o modus operandi de boa parte das pessoas nos dias que correm. O desabafo gerou dezenas de comentários e entre eles falava-se de coerência, carácter e personalidade. Ou melhor, da falta de tudo isto. E acho que é mesmo a falta de tudo isto que está em causa.
Revi-me nas palavras do Pedro Crispim porque também me surpreende a quantidade de pessoas que hoje falam mal deste e daquele, que dizem cobras e lagartos sobre essa pessoa, que passam a vida a falar mal dessa pessoa a terceiros e que depois vão ao beija-mão, elogiar a pessoa que tanto criticam e de quem tanto falam mal. Pessoas que falam mal pelas costas e que mostram o mais bonito, quer dizer, falso sorriso pela frente.
Coerência, carácter e personalidade fazem lembrar aquelas peças de moda que caíram em desuso e que se arrumam para um canto da casa onde ficam a apanhar pó. São aquelas peças que ninguém usa porque estão fora de moda. E tal como acontece com tantas outras peças, acabam por existir algumas pessoas que não querem abdicar dessas peças apenas porque os outros o fizeram. Como tal continuam a usar as peças de que não abdicam. E acabam por ser olhados de lado.
Pois... Já não há muitos a usar esses trapos... Felizmente são poucos, mas bons...
ResponderEliminarQue esses bons não desapareçam!!!
EliminarEu acho a coerência muito difícil de existir seja no que for pelo simples motivo que existem tantas mas tantas situações que a vida se transforma num oceano cheio de marés e correntes e sem coerência...
ResponderEliminarCompreendo aquilo que dizes mas acho que é como nos jogos olímpicos. Ou seja, existem mínimo que dão direito a participar neles ;)
EliminarJamais conseguiria entrar .:(
ResponderEliminarClaro que consegues.
EliminarHá quinze anos mudei de emprego e passado umas semanas uma colega, disse-me (com ar levemente irritada) : "Porra, tu não dizes mal de ninguem" .
ResponderEliminarPensei muito, e ainda penso, nessa frase e questionei-me se seria "anormal".
O certo é que eu quando não gosto não como, ou seja, quando não gosto de alguem evito ao maximo o convivio com ela. Não acho é, que por não gostar de alguem tenha de andar a criticar.
Opto por não conviver, faz-me confusão pessoas que passam a vida a falar dos outros e continuam a conviver bem com as mesmas. Não compreendo muito bem.
"Deus que é Deus não agradou a toda a gente"
O teu comportamento deveria ser regra geral. Deveria ser do mais simples e tal como tu não compreendo que faz aquilo que relatas e as pessoas que falam mal pelas costas e que são só sorrisos pela frente.
EliminarFalta de coerência e de carácter são o "prato do dia" dos tempos actuais e as redes sociais potenciam a coisa. Eu não tenho idade nem paciência para "umbiguismos", não alimento egos nem pratico adulações. Depois dizem que eu tenho mau feitio e que sou anti-social. Pois... não tenho 1000 amigos no FB, tenho meia dúzia mas são reais e chegam!
ResponderEliminarE não é tão bom ser assim?
EliminarMas existe alguém que tenha mil amigos no facebook e que os conheça a todos e que diga que realmente são amigos?
Pois, não sei... é que eu nem sequer tenho página pessoal no FB! :-) Lá está... eu sou anti-social. Mas sou, sobretudo, anti-carneirada, eu faço o que acho que devo fazer e não o que os outros acham que eu devo fazer.
EliminarE fazes tu muito bem ;)
EliminarMuito bem dito, meu caro... Aparentemente, é a forma de estar na vida da maioria. Tornou-se normal.
ResponderEliminarEnfim...
O Pai,
http://soupaieagorablog.blogspot.pt
Infelizmente é a norma e não a excepção.
EliminarE já agora, parabéns ao O Pai :)
Abraço
Há bem pouco tempo falava disto mesmo com um amigo e dizia-lhe que era incapaz de fazer o que se retrata neste post. E perguntava-lhe como conseguia ele fazê-lo, já que há pessoas que eu sei que ele detesta, mas para quem consegue ser todo sorrisos e tal... Resposta: Inteligência emocional, tens que saber gerir as tuas emoções...
ResponderEliminarEu disse-lhe que essa capacidade podia ter muitos nomes, mas que para mim inteligência emocional não seria um deles...
Mas às tantas acabo por ficar na dúvida quem é que tem mais razão, porque como refere no final do post, os que mantêm a coerência é que acabam por ser olhados de lado e até "mal vistos".
Acho que a convivência não obriga nem exige uma simpatia que não se tem. Exige cordialidade, respeito e não mais do que isso. Isto do meu ponto de vista.
EliminarPerguntaste se havia alguem que conhecia todos os amigos do facebook.
ResponderEliminarEu tive uma grande amiga que, digo eu, é viciada no face.
De há tempos para cá so comunica através da rede e diz mesmo, que quem não tem face é porque não é amigo dela.
Acabou por só manter as amizades da rede e quem não tem face deixou de convidar e de contactar. Porque, na openião dela, são pessoas que vivem à margem da sociedade e ficaram parados no tempo.
Claro que como eu não tenho face acabei fora da lista dela, para grande pena minha.
O pior é que cada vez se vê mais comportamentos desses.
Agora, não sei se ela é que tem razão e eu, ao preferir os contactos pessoais e por telefone, estão realmente fora de moda.
Quando perguntava isso era em relação às pessoas que tem mais de mil amigos numa rede social. Serão amigos de todas essas pessoas? Duvido.
EliminarA tua amiga não é caso único. Infelizmente há cada vez mais pessoas assim. Acho que quem vive apenas no mundo virtual não poderá estar certo.