No último fim-de-semana fui passear com a minha sobrinha por Lisboa e antes do almoço parámos um pouco no parque infantil do Jardim do Príncipe Real. E fiz aquilo que costumo fazer. Deixo a minha sobrinha estar à vontade no parque e afasto-me. Estou a olhar para ela mas sem que ela tenha a sensação que estou mesmo em cima, a controlar tudo o que faz. Prefiro ver de longe e caso tenha algum comportamento com o qual não concorde acabo por intervir. Tirando isso, só me aproximo dela caso o parque esteja mais vazio ou para brincar com ela. De resto, se tiver companhia de outras crianças, perfeito.
E uma coisa que já reparei nos parques é que existem pais que estão sempre em cima dos filhos. Não lhes dão margem para nada. Algo que compreendo quando a criança é pequena mas que acho exagerado quando já é um pouco mais velha. Naquele dia um homem acabou por ficar ao meu lado. Era estrangeiro, tinha um carrinho de bebé vazio e tal como eu, preferia observar os filhos a brincar de longe. Dentro do parque estava a sua mulher, grávida e já com uma barriga enorme, e os seus dois filhos, um menino que deveria ter uns três/quatro anos e uma menina ainda mais nova.
Vi pais portugueses muito junto dos filhos. E via aquela mulher dentro do parque mas nem sempre em cima dos filhos que brincavam livremente. Aquelas duas crianças brincavam à vontade. Recordo-me de numa altura ver a menina, muito pequena, a trepar aquelas "paredes" de corda aos quadrados que alguns parque têm. Quando a mãe a foi buscar a menina já estava quase no topo e eu pensava que em caso de queda seria um grande drama. O miúdo também brincava à vontade. Ambos caíram diversas vezes, acabando por se levantar sozinhos e sem lágrimas.
Até que começo a ouvir a rapaz a chorar. Não percebi se caiu ao descer o escorrega ou se caiu e bateu com a boca no escorrega. O que deu para ver é que sangrava da boca. A ideia que dava era que teria mordido a língua no momento da queda. A mãe foi buscar o menino, passou-o para o pai que limpou o (pouco) sangue e ficou com o menino ao colo. Pouco tempo depois as lágrimas tinham acabado. Por sua vez, a menina continuava nas brincadeiras.
Não sou pai. Sou tio. Mas quando vejo estas coisas fico a pensar em quem é que está bem. Os pais exageradamente protectores que têm medo de tudo e que tentam evitar tudo ao máximo ou os pais exageradamente descontraídos que resolvem tudo de forma tranquila e sem dramas. Ou será que o ideal é um meio termo entre ambos. Não sei. Acredito no meio termo. Mas não deixo de achar piada à descontracção dos pais estrangeiros e ao facto de que as crianças deles aparentemente choram muito menos do que as nossas.
ResponderEliminarComo diz o velho ditado, no meio está a virtude. Seria fantástico se todos tivéssemos a capacidade de nos sabermos comportar de forma protectora e descontraída na medida certa e no momento oportuno. Não se sabe, o que é uma grande chatice. Se pendemos demasiado para um dos lados, haverá sempre o lamento dos filhos por não existir um pouco mais do outro tipo de comportamento. Só a partir de uma certa idade é que chegamos à conclusão, salvo algumas excepções, que os pais erram mas esforçaram-se por dar o melhor de si.
Eu acho que anda por aí porque nem os protectores impedem tudo nem os outros preparam os filhos para tudo. E acredito que os pais que não largam os filhos não o fazem por mal.
EliminarEu sou adepta do "levante se cais"! os meus pimpolhos têem 2 anos, e sou uma mãe "descontraída". Sou apologista que as quedas, arranhões, ensinam os meninos a viver e a perceber que daquela forma não irão conseguir, portanto terão de experimentar novas aptidões para conseguirem o que querem.
ResponderEliminarClaro está que não os deixo "ao Deus dará", mas de longe vejo as quedas, os trambolhões, consola-se as lágrimas e da-mos beijos mágicos para os doí-doís, mas mais que tudo vejo, as novas atitudes tomadas, para chegar onde eles queriam e isso vale cada joelho esfolado :P
Gosto muito dessa postura. Mesmo muito ;p
EliminarO meio termo parece-me bem...
ResponderEliminarAcho que se deve dar margem para aprenderem que tudo tem o seu risco associado, e saberem desenrascar-se...
Não quero que quando cheguem à universidade e tenham que chamar a mãezinha porque caíram e fizeram dói-dói no joelho... mas cada um como cada qual...
Cada um sabe de si e dos seus... Assim é como me identifico...
Até porque estar sempre "em cima" não impede que as coisas aconteçam.
EliminarÀs vezes parece que ainda acontece mais rápido...
EliminarPois é!
EliminarO meio termo é o ideal, creio eu. O pior é encontrar esse meio termo.
ResponderEliminarHá pais que protegem demais, que fervem a chucha cada vez que cai ao chão: Conheço uma mãe que chorou quando a filha caiu pela primeira vez (já com 4 anos). Conheço outros que é tudo prá frente, mesmo com muito descaso e seja o que Deus quiser.
Tentei sempre andar no meio termo, mas muitas vezes me questionei, "Estou a proteger demais? Estou a ser despreocupada demais???
Acho que tendo consciência desta questão, o avaliarmos as nossas acções ajuda a encontrarmos um equilíbrio, digo eu. Mas claro, erramos muitas vezes e acredito que acertamos muitas mais.
Que sejam as crianças felizes, é o mais importantes.
Beijinhos Bruno, continuo a gostar muito de ler os teus textos.
Acredito que quem visse aqueles pais estrangeiros de que falo iria pensar que eram desleixados. Mas será que são?
EliminarComo dizes é complicado encontrar o meio termo. E acredito que muitos pais pensam que erram quando o filho cai ou algo do género. Mas isso faz parte da vida.
Obrigado pelas simpáticas palavras :)
beijos
Acho que ambos estão certos, no entanto, tudo o que é exagerado normalmente não é bom, e por isso espero que um dia, se for mãe, não ser nem 100% descontraída nem 100% super protetora, espero conseguir ser mesmo o meio termo.
ResponderEliminarAcho que todos pensamos assim mas nem todos o conseguimos fazer quando somos pais :)
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