a extraordinária uber e a raça maldita dos taxistas

Não sou, até ao momento, o maior fã da Uber. Acho que presta um serviço interessante e diferente dos existentes no mercado mas até ao momento a única experiência do género é pedir boleia a alguém num caso específico em que não tenho carro. Por outro lado não nutro qualquer ódio à generalidade dos taxistas. Até porque a larga maioria das minhas experiências correu de forma positiva. Aliás, até quero agradecer ao taxista que fez o milagre de me levar do aeroporto aos barcos em pouco tempo garantindo que não perdia o último barco para a margem sul.

Transformar o diferendo Uber/taxistas (que não é um exclusivo nacional) somente numa guerra de ódios analisando apenas quem presta o melhor serviço é fugir aquilo que é mais importante na questão. É óbvio que, em condições normais, todas as pessoas preferem um serviço igual ao prestado pela Uber. Porque é quase uma viagem pessoal. A pessoa até se esquece, tendo em conta o serviço, que está num táxi. Além de outros pontos que agradam aos clientes.

Nada tenho contra a Uber mas não sou adepto de concorrência desleal, seja em que área for. E acho que o tema que deve ser debatido é esse. A Uber está sujeita às mesmas condições dos taxistas? Se estiver, óptimo. Se não estiver, algo está errado. E transporto isto para outra área, como a minha. Enquanto jornalista profissional, que paga e bem para ter carteira profissional, não me agrada que existam pessoas a trabalhar enquanto jornalistas sem que tenham formação na área. Tal como sem possuírem carteira profissional. E isto aplica-se a qualquer área. Porque acredito que nenhuma pessoa gosta de concorrência desleal. Até porque em nada favorece o mercado.

A partir do momento em que a Uber siga as mesmas regras do que os taxistas, todas as pessoas ficam a ganhar. Em especial os clientes. Que vão ter um serviço melhor. Porque a existência da Uber, que se destaca por uma experiência de transporte completamente diferente, irá obrigar os taxistas a melhorarem os seus serviços. E neste caso quem ganha é quem precisa de um táxi ou de outro carro para se deslocar. Existindo concorrência leal, ganha sempre o cliente. Sou a favor da Uber mas acho justo que tenham as mesmas regras do que um taxista.

E também acho injusto que se olhe para a “meia dúzia” de taxistas que boicotam os colegas que preferem trabalhar em vez de fazer greve como sendo a imagem da classe. É a mesma coisa que dizer que nunca mais ando de avião porque lidei com uma má hospedeira de bordo num voo. Ou nunca mais andar de autocarro porque o motorista era louco. Infelizmente existem pessoas assim em todas as áreas. Felizmente são sempre a parte e nunca o todo.