Ontem falava com uma amiga acerca do vídeo, que se tornou viral, da adepta do Sporting que critica, dizendo as maiores barbaridades, Cristiano Ronaldo, na sequência da derrota contra o Real Madrid. Entre outras coisas, a adepta disse que o jogador português “cuspiu na mão que lhe deu sopa”, “tem sido um impostor do início ao fim”, “um pesetero”, “a partir de hoje passei a ser adepta do Messi” e “ele que se dedique à pesca”. Entende também que Ronaldo, sendo profissional, não podia marcar um livre tão bem (foi golo) contra o Sporting.
A minha amiga defendia que por causa de gente desta cada vez gosta menos do futebol de clubes. Partilhei a minha opinião separando adeptos (deste género ou de outro) do futebol de clubes. Porque defendo que pessoas que dizem este tipo de coisas (e que existem em todos os clubes) são a excepção. Felizmente ainda não são (e espero que nunca sejam) a regra. Mas a culpa não morre solteira do lado de quem verbaliza estas coisas.
Pegando ainda no exemplo do futebol. Certamente que, sempre que acaba um jogo, haverá um (vasto) grupo de adeptos que sabe opinar sobre futebol. Sabe, na vitória ou na derrota, articular uma ideia bem montada que revela o seu ponto de vista. A diferença está no tempo de antena que é dado a estas pessoas. Se um adepto tiver uma opinião acertada sobre um jogo, a sua visão dificilmente será partilhada até se tornar viral. Isso está destinado apenas para pessoas como esta adepta, que num momento de frustração (derrota em coisa de cinco minutos) verbaliza diversas ideias sem qualquer lógica.
E este destaque dado aqueles que as pessoas definem, na sua generalidade, como “estúpidos” acontece em todo o lado. É no desporto, na política, na música, no cinema e em tudo e mais alguma coisa. Acontece na vida real tal como acontece na vida virtual, ou seja, nas mais diferenciadas redes sociais. Onde os “estúpidos” também conseguem, em muitos casos, ter um tempo de antena superior aqueles que, concordando ou não com uma ideia, sabem partilhar o seu ponto de vista sem recorrer a um chorrilho de barbaridades que mais parecem diarreia verbal.
E este tempo de antena/mediatização dos “estúpidos”, que acabam quase sempre no papel de gozados (sendo que alguns ficam felizes com isso porque conseguiram ter destaque, algo que era um objectivo) faz com que se olhe, em muitos casos, para estas excepções como se fossem a regra. Felizmente, e espero que assim seja durante muito tempo, continuam a ser a excepção.
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