"Sou só eu a achar que os Jogos Paralímpicos são um espectáculo grotesco, um número de circo para gáudio dos que não possuem deficiência, apenas para preencher a agenda do politicamente correto?". Gostava de dizer que isto é uma piada. Gostava de dizer que é apenas um mau apontamento de humor. Mas não é. É uma opinião pública de uma pessoa cujo nome não merece ser mencionado mas que até ocupa algumas posições de relevo.
Tenho vergonha de viver no mesmo País de pessoas que pensam desta forma. Tenho pena, o pior sentimento possível em relação a alguém, de quem acredita nisto. E de quem apregoa isto como quem diz outra banalidade qualquer. Espero que esta pessoa nunca tenha de lidar, diariamente, com alguma pessoa que infelizmente possui uma deficiência e passa o dia a protagonizar espectáculos grotescos aos quais os familiares e amigos assistem apenas porque são politicamente correctos.
Espero que este pessoa nunca tenha de ajudar alguém, como me aconteceu recentemente num parque de estacionamento em que me pediram para retirar (e montar) uma cadeira de rodas que estava na bagageira do carro, que possua uma deficiência. É que provavelmente irá dizer-lhe: "acaba lá com esse espectáculo grotesco que não estou para ser politicamente correcto nem para te ir buscar a cadeira de rodas".
Acho que a solução é arranjar um pedaço de terreno e mandar para lá todas as pessoas que possuem uma deficiência e que passam a vida a protagonizar espectáculos grotescos para gáudio de todos aqueles que não têm deficiências. Sim, porque aqueles que possuem deficiências não têm direito a praticar desporto, nem a marcar presença num evento tão marcante como os Jogos Paralímpicos. Tudo porque são deficientes. Malditos deficientes.
Pensando bem, talvez fosse melhor aproveitar esse terreno vazio para meter lá o senhor que proferiu estas palavras. E todos aqueles que pensam da mesma forma. Assim ficava por lá, sem ligação ao mundo exterior, sem a necessidade de ter de observar um espectáculo grotesco que passa pela atitude digna de uma pessoa que infelizmente tem uma deficiência e que luta diariamente contra o preconceito de pessoas como este senhor.
Ainda ontem via o resumo à noite na RTP1 e ficava admirado com as capacidades de pessoas invisuais a fazer salto em comprimento que eu não conseguiria, fut 7 com pessoas quase cegas e jogavam bem à bola e natação, vi alguns 5 ou 6 recordes do mundo a serem batidos, alguns com pessoas com um braço só, enfim cada olha e vê o mundo à sua maneira.
ResponderEliminarÉ incrível como existem pessoas que ainda pensam desta forma. Em vez de elogiar a superação.
EliminarAinda existem uns quantos infelizes
ResponderEliminarcomo este a dizer brutalidades pela boca fora.
Gentalha que não faz a mínima ideia das dificuldades
que os tais deficientes passam no dia a dia.
Namoro com uma pessoa com deficiência e não
o trocava por nada nem ninguém neste mundo.
Gosto de pessoas humanas, sensíveis , que apesar
das dificuldades não conhecem a palavra DESISTIR.
Sandra
É incrível que ainda se digam coisas destas.
EliminarUma declaração estúpida e desumana...enfim...
ResponderEliminarNa minha opinião, no entanto, os Jogos Paralímpicos deviam acabar sim. Deviam existir apenas Jogos Olímpicos onde competissem todos os atletas, com e sem deficiência, nas categorias respectivas adequadas às suas aptidões. Decorriam no mesmo período de tempo, com as mesmas cerimónias de abertura e encerramento, com a mesma oportunidade de estádio cheio e transmissão televisiva. Cada país teria todos os seus atletas, sem e com deficiência, a desfilar em conjunto. Agora da maneira como são organizados actualmente, pouco se muda em relação a mentalidades como a do senhor que proferiu essa declaração...
Cátia Mendes
Uma ideia muito interessante.
EliminarOntem, vi o resumo na RTP.
ResponderEliminarÉ impressionante o esforço destas pessoas que provam que têm tantas capacidades quanto as "pessoas normais".
Só lamento que não se faça a divulgação necessária como foi feito para os Jogos Olímpicos.
Eu nem me apercebi.
E explicar essa primeira ideia ao homem...
Eliminar