Uma mulher, nos Estados Unidos da América, encontrou um pai e uma filha que estavam a fazer compras num qualquer supermercado. A menina ia presa, pelos cabelos, ao carrinho de compras do pai. E implorava ao progenitor para não a puxar pelos cabelos, prometendo que não repetia o que tinha feito e que tinha levado o pai a fazer o que estava a fazer. A mulher abordou o homem que lhe disse para se meter na sua vida. Um polícia presente no local referiu que o homem tem o direito de educar a filha à sua maneira, acabando também por nada fazer.
Recuando no tempo, quando fui agredido no Porto, na companhia de um amigo, por um grupo de cerca de sete jovens, existiam algumas pessoas que estavam relativamente perto de nós e que nada fizeram. E o caso deste pai e desta menina fizeram com que recordasse a noite em que fui agredido por um grupo de jovens que supostamente nos queria roubar mas que rapidamente partiu para a violência, roubando apenas o meu telemóvel profissional que deveria valer, assim na loucura, 9,99 euros.
E penso em ambas as situações no sentido de perceber se quem assiste a algo deste género deve interferir ou não. Não tenho dúvidas que de considero que as pessoas devem interferir. Moralmente é o mais correcto. É aquilo que todas as pessoas deveriam fazer em situações que não fazem grande sentido, como é o caso de um pai arrastar uma filha pelos cabelos num espaço público ou de um grupo de pessoas que assiste a um cobarde acto de violência. Mas, por outro lado, não condeno quem opta por não interferir, ao jeito daqueles profissionais que fazem aqueles extraordinários programas de vida selvagem e que têm como primeira regra não interferir com a realidade que observam e que, em muitos casos, chega a ser injusta.
E digo isto porque a nobreza de querer ser justo com determinada realidade pode acabar por ser um grande problema para essa pessoa. Conheço pessoas que já quiseram ajudar outras e acabaram, por exemplo, agredidas. E é por isso que não critico quem não tem problemas em assumir, salvo raras excepções, que não interfere em determinadas situações. E no exemplo desta menina, nem o polícia se quis meter. Só a divulgação (viral) das imagens da menina presa ao carrinho pelos cabelos é que levaram a Polícia a investigar o que se terá passado.
Se for feito um questionário, acredito que a esmagadora maioria das pessoas dirá que não tem problemas em interferir numa situação que considere injusta e que ocorra em público. Por outro lado, quando o questionário passa a vida real, a maioria das pessoas fecha os olhos a determinadas situações que ocorrem e que consideram injustas. E muito sinceramente, apesar de não concordar com esta postura, sou incapaz de apontar o dedo a quem o faz. É o mundo que temos... e neste mundo os heróis são muito poucos.
Infelizmente é verdade. Muitas vezes defender alguém acaba por resultar em sermos atacados.
ResponderEliminarQuando era miuda era a grande defensora dos pobres e oprimidos (vulgo, defensora das vitimas dos bullers). Á conta disso, acabava sempre por tb levar e depois era um problema explicar em casa o que tinha acontecido e porquê.
Hoje em dia ainda mantenho um pouco esse bom / mau habito. Já ouvi algumas palavras desagradaveis por causa deste habito mas felizmente não cheguei a vias de facto. A injustiça é algo que me afeta especialmente, principalmente quando as vitimas são crianças ou pessoas de idade.
Tu estás bem. Todas as pessoas deveriam ser assim. Mas infelizmente, em muitos casos, o resultado é aquele que descreves.
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