5.1.16

oito meses (só falta perder o medo)

Faz hoje oito meses que fui operado à ruptura total do tendão de Aquiles da perna direita. Ao longo dos meses de recuperação nunca quis apressar nada. Quando tinha a tala gessada não vivia com a ânsia de a tirar. Tal como nunca tive pressa em abandonar as muletas. Nem sequer quis ver-me livre da bota walker antes do tempo. Sempre lidei bem com o tempo que me era dito.

Ao longo deste tempo a minha preocupação foi sempre recuperar bem. Deixar o tendão (são sempre complicados de recuperar porque é um processo muito lento) regenerar com calma. Sem saltar etapas que aparentando ser um passo em frente poderiam vir a revelar-se muitos passos na direcção errada. O foco foi recuperar o músculo perdido. Ganhar a força perdida. Tudo a seu tempo.

Há muito que não tenho um prazo para nada. A última conversa sobre prazos, quando terminei a fisioterapia, tinha a ver com corrida. A fisioterapeuta incentivou-me a correr. Algo que fiz uma vez, por poucos metros, para experimentar a reacção da perna e numa altura em que a fisioterapia ainda era uma realidade diária. Depois falei com o médico que me operou. Numa perspectiva mais conservadora disse-me para deixar as corridas para os sete, oito meses. Data que assinalo hoje.

A vontade de correr é muita. Mas o medo não é inferior. Continuo com a sensação de que tudo correrá mal no primeiro momento em que comece a correr, isto apesar de já ter derrotados outros medos. Quem já passou por esta lesão ou por uma semelhante na gravidade, como são as operações aos joelhos, saberá o que sinto neste momento. E não escondo isto de ninguém. “Queres jogar futebol?”, perguntam-me com frequência. “Quero mas tenho medo”, respondo. E quem já passou por isto também saberá que só existe uma forma de perder este medo. Por exemplo, correndo ou jogando futebol, sendo que o futebol apresenta um risco maior pelos movimentos bruscos.






Existem, ou existiam, aqueles pacotes de açúcar que diziam qualquer coisa como ser dia disto ou daquilo e que era o dia de isso acontecer. Pois bem, se este dia fosse marcado num pacote desses seria algo do género. “Qualquer dia perdes o medo. Hoje é o dia”. Está na hora de derrotar o medo.

12 comentários:

  1. É verdade. Um dia terá que perder o medo. O melhor é fixar-se em que para trás fez tudo bem, logo não há razão para que alguma coisa corra mal agora. E depois ir em frente. Com algum medo, alguma cautela, e muita confiança. Tenho uma sobrinha com esclerose múltipla desde os 20 anos e está com 48. Há 3 anos, como tem muita dificuldade em andar e grande desequilíbrio, caiu fracturou a cabeça do fémur e a bacia. Foi operada e ficou com próteses. Toda a gente dizia que nunca mais andava, dada a doença e o pouco que já andava anteriormente. E sabe de uma coisa? Embora com o mesmo desequilíbrio, caminha melhor agora do que antes.
    Um abraço

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    1. Muito obrigado pelo emocionante testemunho. Espero que tudo lhe corra bem.

      Abraço

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    2. Perante o testemunho acima vais ter mesmo que perder o medo. Força!

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  2. Não deve ser fácil, mas força nisso.

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  3. Força Bruno!!! Com algum cuidado, vai voltar a fazer algo que gosta. Beijinho

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