6.8.19

“se acham que sou bom, esperem até ver fábio paim”, cristiano ronaldo

É verdade que temos um País pequeno na sua dimensão. Ainda assim, não é preciso sair de Portugal para encontrar várias histórias de jogadores de futebol caídos em desgraça. E estou a referir-me a homens que tiveram a possibilidade de ter tudo. Para uma geração antiga o melhor exemplo será Vítor Baptista, ex-jogador do Benfica. Para esta, Fábio Paim, aquele que diziam ser o melhor jogador de sempre a ser formado no Sporting e que acaba de ser detido por tráfico de droga.

“Se acham que sou bom, esperem até ver Fábio Paim”. Estas palavras são de Cristiano Ronaldo e foram ditas numa altura em que muito se falava do jovem jogador, hoje com 31 anos. Toda a gente sabe o que aconteceu a Cristiano e aquilo que construiu. Quanto a Fábio, para a história ficam apenas 7 jogos disputados no principal campeonato de futebol português. “Tinha mais qualidade do que Ronaldo, mas não tinha o que ele tem: vontade de ganhar”, disse Paim na altura em que assinou contrato pelos brasileiros do Paraíba do Sul, aquele que era, à época, o 19º clube da carreira.

A desgraça de Fábio Paim (que não é de agora) trouxe à baila a questão da forma como a indústria do futebol se alimenta de jogadores. Mas creio que não podemos pegar nesse exemplo quando o protagonista da história é a eterna promessa nunca confirmada. Estamos a falar de um jovem que, aos 17 anos, ganhava mais dinheiro por mês do que a maioria dos portugueses irá ganhar em qualquer emprego. Oficialmente, eram 20 mil contos por mês. Sendo que assumiu que ganhava muito mais e que este era apenas o salário avançado publicamente.

Assim que começou a ganhar dinheiro, comprou um carro de luxo. Ainda não tinha carta e já andava a conduzir. Em pouco tempo comprou 10 carros de luxo. Estes são os primeiros sinais de que a mentalidade de Fábio Paim não seria a melhor. Ainda assim, dou o desconto. Um rapaz humilde que se vê com muito dinheiro e rodeado de notícias que dizem que será um dos melhores jogadores de todos os tempos. Assume que ganhou mais de 2 milhões de euros e que também ajudou muita gente. E ainda que lhe devem dinheiro.

Mas considero que o tema nem é o dinheiro ou a gestão que fez. O problema de Fábio Paim foi não apostar tanto em si como todos defendiam. E esta falha tem um culpado: o jogador. “Isto pode parecer uma maluquice, mas na verdade eu na minha vida não mudava nada. Fiz as coisas que tinha de fazer e não me arrependo disso. Talvez me arrependa apenas de não ter sido mais profissional, de não ter dado continuidade à minha carreira”, disse à Sábado.

Muitos têm criticado a indústria do futebol, mas Fábio Paim teve muitas ajudas. Teve oportunidades em grandes clubes. Foi apoiado até á exaustão por pessoas como o empresário Jorge Mendes. E é por isto que, neste caso, não posso criticar a indústria do futebol. Tenho de apontar muito mais, e com muita pena, o dedo ao jogador. Que desperdiçou a dádiva com que nasceu para o futebol.

Espero ainda que esta história sirva de exemplo para os pais que querem fazer dos filhos o próximo Cristiano Ronaldo. E que ignoram tudo a pensar apenas no futebol. Não ignorem os estudos nem deixem que os filhos vivam apenas focados no desejo cego de ser um craque do futebol. E usem histórias como a do Fábio Paim como exemplo.

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