Existem algumas pessoas que são muito fortes no marketing pessoal. São pessoas que se vendem como ninguém. Ao longo da minha carreira já trabalhei com algumas pessoas assim. E quando digo que se vendem muito bem refiro-me a pessoas que conseguem convencer muitas outras de que são os melhores profissionais que a sua profissão já conheceu. No meu caso essas pessoas nunca foram as melhores profissionais com que trabalhei. A grande maioria acabou por ser uma desilusão quando se começa a perceber que o rótulo não combina com o conteúdo. Mas o que é certo é que estas pessoas nunca estão mal. São aquelas que conseguem ir saltando de emprego em emprego, de cargo e cargo e, em muitos casos, com melhores condições monetárias.
Provavelmente fico a perder (tal como ficam todas as pessoas que façam o mesmo) mas não gosto desta maneira de enfrentar o mundo profissional nem a vida. Não tenho jeito nem paciência para prometer o que não cumpro nem para me vender como o melhor em que quer que seja. E isto para mim tem as suas vantagens. Cumpro aquilo que prometo. E não me cobram muitas coisas que não alcanço. Mas cada vez mais me convenço de que o mercado profissional está para os "espertos" e para aqueles que são fortes no marketing pessoal.
Vou tentar transformar isto que acabo de referir num caso real e recente. E estou a referir-me a Jorge Jesus. Neste caso tenho de fazer a ressalva de considerar que é um treinador com muitas qualidades. Fica a perder noutros domínios mas enquanto treinador é muito forte e isso não pode ser colocado em causa. Já tinha dito a diversos amigos sportinguistas que existem algumas coisas que são recorrentes em Jorge Jesus. Uma delas é a altura da época em que as suas equipas costumam vacilar e perder pontos. A outra é a forma como se vende.
No final da primeira época no Benfica surgiram boatos de que Jorge Jesus estava de saída para o Porto. O que aconteceu? Poderes reforçados no Benfica e um ordenado de príncipe. Algo que voltou a acontecer em mais uma renovação de contrato com o Benfica. Agora, no Sporting, volta a surgir o "trunfo" Porto. Notícias que está de saída e um dia depois das mesmas a renovação por mais um ano com o Sporting. Poderes reforçados e mais um milhão de euros por ano (passa de cinco para seis). Como referi, neste caso, existe competência profissional na pessoa. É certo que a nível de troféus foi praticamente nulo mas a qualidade está lá. Mas tudo isto serve para mostrar a importância do marketing pessoal nos dias que correm.
Trocando os milhões de Jorge Jesus pelos tostões da realidade do mercado profissional nacional, o marketing pessoal consegue fazer maravilhas. A pessoa não tem de ser realmente boa. Não tem de ter grandes qualidades. Basta apenas que consiga fazer com que os outros acreditem ser o melhor profissional que alguma vez conheceram e a solução para todos os problemas de uma empresa. No momento em que as pessoas perceberem que isso não bate certo a pessoa já estará de saída para outra empresa onde se apresenta como ainda melhor do que aquela onde estava.
Há pessoas que vivem bem com o bluff. Eu também não consigo. Acho que tudo se revela mais cedo ou mais tarde, o mérito ou o contrário.
ResponderEliminarPenso como tu mas o que é certo é que estas pessoas vão enganando tudo e todos e vão saltando de local sempre como estrelas.
EliminarE não faltam tótós a cair na lábia ; )
ResponderEliminarAs pessoas são ou muito burras ou muito naifs...e nem sei qual é pior.
Existem pessoas que acreditam ser mesmo a salvação de que necessitam.
EliminarUm belo texto e muito verdadeiro, Bruno. Para nós que não somos assim, fica o sentimento de consciência tranquila e de que não estamos aqui para enganar ninguém. E repara também que este tipo de pessoas também não tem amigos mas apenas conhecidos, porque ninguém os suporta. Um abraço.
ResponderEliminarCélia
Se há coisa que prezo e sempre prezei é ter a consciência tranquila. Nada paga isso.
EliminarAbraço