Sou do tempo em que as profissões eram chamadas pelos seus nomes verdadeiros. Ou seja, um vendedor era um vendedor. Um varredor era um varredor. E por aí fora seguindo um longo caminho onde cabem todas as profissões possíveis e imagináveis. E, por exemplo, quando uma empresa queria contratar um vendedor colocava um anúncio a pedir isso mesmo... um vendedor. Não existiam grandes máscaras nem maquilhagens que transformavam uma profissão naquilo que não é. As coisas eram simples e directas.
Em poucos anos tudo mudou. Hoje, um vendedor é um assessor de marketing e comunicação. Pelo menos no anúncio de emprego. Porque na realidade é um vendedor. Quando me deparo com anúncios de emprego sinto que não me enquadro em nenhum. Ou em muitos poucos. Basta ler o cargo desejado para imaginar que estão a pedir uma licenciatura em Oxford, uma pós-graduação em Princeton e um mestrado em Harvard. E fico também com a ideia de que a falta de uma destes três coisas é factor eliminatório para os candidatos.
Mesmo assim dou-me ao trabalho de ler alguns anúncios. E começo a perceber que para alguns do cargos com nomes pomposos são pedidas pessoas que praticamente precisam apenas de saber falar. Pouco mais do que isto basta para que se possa vir a ser o assessor de marketing e comunicação que uma qualquer empresa necessita. E fico sem perceber o objectivo de dar nomes pomposos a funções tão simples e dignas que existem há muito. O objectivo será atrair mais pessoas? Pessoas com outras qualificações que possivelmente não estariam interessadas num anúncio mais simples? Não sei. O que sei é que em determinado momento vão ter de dizer ao candidato que a sua função será a de vendedor.
E quando começo a ver anúncios percebo também que ainda sou do tempo em que os trabalhadores eram pagos consoantes a experiência e formação académica. Não eram pagos à tabela ao estilo de 700 euros por mês para qualquer cargo de qualquer área sempre acompanhado da muleta "o mercado está complicado mas estamos a apostar em ti". Mas isto é tema para outro texto. Quem o diz é um especialista em comunicação direccionada para as redes digitais, ou, trocando isto por miúdos, o autor de um blogue.
Infelizmente na minha profissão isso nunca foi verdade. Há anos que vemos as nossas carreiras congeladas e nem reconhecimento do nome temos. Passam a vida a chamar-nos de Enfermeiros quando nem sequer temos coisas em comum. Os técnicos de Análises Clínicas e Saúde Pública (Analistas clínicos) existem e não somos nem médicos nem enfermeiros como as pessoas a quem tiramos sangue nos chamam. Vamos lá a dar um pouco mais de reconhecimento, sff.
ResponderEliminarEra bem merecido.
EliminarNem mais.....
ResponderEliminarÉ pena!
EliminarSim... e além disso deve-se falar pelo menos 3 línguas, ser recém licenciado mas com 5 anos de experiencia e ganhar o salario minimo ao abrigo de um qualquer programa do iefp...
ResponderEliminarBom fim de semana!
Nem mais!!!
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