Acredito que a curiosidade faz parte da natureza de qualquer pessoa. Pelo menos da grande maioria. Só isso explica o enorme sucesso que têm as aplicações que garantem dar a conhecer as pessoas que andam a bisbilhotar as redes sociais de terceiros. Só isso explica que até notícias sobre estas aplicações consigam estar no top das mais vistas em diversos sites.
Assumo ser curioso. Mas neste domínio passo bem sem estas aplicações. Não vou a correr instalar a aplicação para eventualmente descobrir quem anda a querer saber algo sobre mim. Até porque não perco tempo a pensar nisso. Aquilo que me ocupa tempo, em determinado momento, é certificar-me de que a minha rede social está minimamente protegida de determinadas pessoas. De resto, pouco me importa quem vê ou tenta ver.
Mas imagino muitas pessoas a querer saber se o ex-namorado(a) tem visto o perfil. Imagino a satisfação de algo como “sabia que ele não vivia sem mim” ou “tinha a certeza de que não me esqueceu”. E também coisas como “é com aquela gaja que ele anda agora” ou “sou muito mais giro do que o namorado que ela tem neste momento”. Imagino ainda cenários de desilusão. “Não acredito que não anda a cuscar o meu perfil”, para dar apenas um exemplo.
E quando penso nestes cenários fico sempre com a ideia de que são essas pessoas que não esqueceram nem ultrapassaram (ou não vivem sem) aquelas pessoas que acreditam passar a vida a bisbilhotar as suas redes sociais. Por outro lado, a existência destas aplicações eventualmente conseguirá afastar alguns curiosos que passam a temer ser descobertos por alguém. “Será que aquilo funciona mesmo e vou ser descoberto(a)?”
Ui! Tudo isto tem um ar cada vez mais doentio, obsessivo, que cria uma dependência séria, diria mesmo, perigosa em termos de sanidade mental. A maioria das pessoas vive, literalmente, de e para o mundo virtual.
ResponderEliminarA conversa salutar tem os dias contados, olhar o mundo é algo que caiu em desuso.
Assustador, no mínimo.
Nesse sentido, realmente é um perigo.
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