Nos últimos tempos multiplica-se a ideia de que os alunos do ensino privado são todos burros (se fossem inteligentes estavam numa escola pública). Como se não bastasse a falta de inteligência, são também ricos (se fossem de famílias humildes estavam no ensino público). Resumindo, estas são as duas principais ideias que estão a ser avançadas por muitas pessoas devido à polémica instalada em relação ao ensino privado.
Não pretendo discutir apoios. Pretendo antes revelar um pouco de alguma realidade que também existe no ensino privado e que muitas pessoas preferem ignorar. E dou o meu caso. Estudei, em diversos momentos mas numa fase já mais adulta, no ensino privado. Inicialmente paguei tudo do meu bolso. Ou seja, não passava a vida a "coçar a micose" na faculdade nem passava a vida em festas. Trabalhava para pagar os estudos. Na faculdade contei também com o importante apoio dos meus pais. Que infelizmente não são ricos.
Trabalhar e estudar no ensino privado obrigou-me a ter aulas, ao longo do curso, de manhã, de tarde e também de noite. Nunca estive na mesma turma por causa dos meus empregos. Também não fui o melhor aluno que podia ser porque o tempo para estudar não era muito. Mesmo assim é com orgulho que posso dizer que fui a exame apenas duas vezes. Não sou exemplo para nada. Não sou melhor do que ninguém. Nem considero estar melhor formado do que os alunos de universidades públicas. Aquilo que sei é que me saiu do pelo (e dos meus pais) estudar no ensino privado.
E porque não fui para o público? Porque quis tentar um curso mas já não fui a tempo das provas físicas. A opção era ficar parado um ano ou entrar noutro curso. Assim fiz, e acabei em jornalismo. E sei de histórias de colegas meus que passaram por algo semelhante. Se existia quem tivesse apoio? Claro que existia. Mas isto não chega para dizer que as pessoas são todas burras e ricas. Porque não são. Um dos nossos grandes males é julgar o todo com base numa (mais ou menos) pequena parte.
Os apoios de que falamos não são aos estudantes, são sim às entidades. E não estamos a falar de ensino superior, falamos de básico e secundário.
ResponderEliminarNesses graus de ensino, ao contrário do exemplo que indica, não existem esperas por não ter vaga, médias de acesso ou provas físicas. É uma questão de escolha, pura e simples.
Por estes motivos indicados, não me parece que usar dinheiros públicos para este fim seja uma boa forma de o gastar.
O problema é que muitas pessoas nem percebem qual o problema em causa nem o que se passa. Como tal rapidamente dizem que os alunos do ensino privado são burros, ricos e mimados.
EliminarEu acho que isso nem se põe em causa. Se querem ir para o ensino privado, tudo muito bem desde que paguem e que têm dinheiro para tal. Ninguém está a proibir os filhos de terem um certo tipo de educação.
ResponderEliminarO que está aqui em "jogo" é haver escolas públicas a cair de podre, enquanto que o ensino privado beneficiava-se de dinheiro do contribuinte.
É engraçado porque quando o antigo governo cortou verbas à educação especial, as pessoas (e a comunicação social) não fizeram este alarido todo.
As pessoas com deficiência têm direito a ter uma boa educação.
Acho que os assuntos devem ser todos debatidos. Só acho que os portugueses têm o péssimo hábito de julgar o todo pela parte.
EliminarHa boas escolas privadas como tambem as ha mas, assim como publicas ha boas e mas. Eu andei nas duas, fiz a primaria e ensino basico num colegio e na secundaria fui para uma publica. E os meus pais nao sao ricos, mas quiseram investir na educacao dos filhos, tal como alguns colegas que vinham de familias bastante modestas e que estavam a fazer bastantes sacrificios para ter os filhos naquele colegio, sem ajudas ou apoios de ninguem. So mudei quando comecei a ficar farta de andar sempre na mesma escola.
ResponderEliminarApesar da escola publica onde andei ser boa, a verdade e' que eu ia muito mais preparada, vinda de um colegio privado, do que os meus colegas que eram daquela escola ou de outras publicas. A exigencia do colegio era bem maior que na secundaria, mas em compensacao tive professores na secundaria realmente bons. Aquando das admissoes a faculdade, fui a unica a entrar numa universidade publica, com media de 18 - todos os meus colegas ou ficaram a fazer melhoria ou foram para privadas. Acho que o erro e' mesmo generalizar e por tudo no mesmo saco. Ha escolas boas e mas, quer privadas como publicas.
O erro é mesmo esse. Mas é uma espécie de cartão de visita dos portugueses. Neste assunto e em todos.
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